HISTÓRIA DO RS: A Revolução Farroupilha (1835-45)

   A Guerra dos Farrapos foi a mais longa guerra civil brasileira. Foi uma revolta dos estancieiros, criadores de gado gaúchos, classe dominante no sul do Brasil. Região de fronteira com o Uruguai e a Argentina, o Rio Grande do Sul recebia influência do regime republicano de seus vizinhos. A elite rural gaúcha pertencia à ala exaltada do Partido Brasileiro, grupo favorável à república. O principal produto da região era o charque, o que tornava a economia gaúcha mais voltada para o mercado interno, para o abastecimento das outras regiões. Em 1835, o governo central taxou de forma elevada esse produto e facilitou a concorrência do charque platino, privilegiado por baixas taxas alfandegárias no Brasil. Em1838, o principal chefe farroupilha (nome do partido exaltado, no sul), Bento Gonçalves, manifestou sua indignação com a situação. Pretendendo impor seus objetivos, os estancieiros rebelaram-se. O presidente da província fugiu, refugiando-se na Vila do Rio Grande.


   Em setembro de 1835, os rebeldes dominaram Porto Alegre e, logo depois, proclamaram a República de Piratini. Bento Gonçalves tornou-se o primeiro presidente, mas foi preso num combate travado com as forças regenciais. Foi conduzido à Bahia, de onde fugiu em 1837. Retornando ao Rio Grande do Sul, reassumiu o comando das forças republicanas. Dois anos mais tarde, o italiano Garibaldi, e Davi Canabarro chefiaram expedições militares que resultariam na conquista de Santa Catarina, onde foi proclamada a República Juliana. O auge da Revolução Farroupilha coincidiu com a percepção de que a separação do resto do Brasil significaria a perda do mercado principal de charque. Em 1840, dom Pedro II assumiu o trono. Com intenção de estabilizar politicamente o país, o Imperador ofereceu anistia a todos os revoltosos.


   Mas os farrapos não desistiram da luta. Em 1842, o então barão de Caxias, Luís Alves de Lima e Silva, foi designado para dominar a rebelião. Sua primeira medida foi cortar as formas de comunicação do Rio Grande do Sul com o Uruguai. Além da luta armada, Caxias procurou negociar com os rebeldes. Caxias entrou em acordo com Canabarro, em 1845. As concessões oficiais satisfizeram os revoltosos. Aplicou-se uma anistia geral, os soldados e oficiais farroupilhas foram incorporados ao exército imperial e as terras confiscadas foram devolvidas. O governo central se comprometia a elevar os impostos sobre o charque platino e os fazendeiros gaúchos poderiam indicar, daí em diante, o presidente da província. Ficava assim superada a longa revolta da história brasileira.

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