A Guerra dos Farrapos foi a mais longa
guerra civil brasileira. Foi uma revolta dos estancieiros, criadores de gado
gaúchos, classe dominante no sul do Brasil. Região de fronteira com o Uruguai e a
Argentina, o Rio Grande do Sul recebia influência do regime republicano de seus
vizinhos. A elite rural gaúcha pertencia à ala exaltada do Partido Brasileiro,
grupo favorável à república. O principal produto da região era o charque, o que
tornava a economia gaúcha mais voltada para o mercado interno, para o
abastecimento das outras regiões. Em 1835, o governo central taxou de forma elevada
esse produto e facilitou a concorrência do charque platino, privilegiado por
baixas taxas alfandegárias no Brasil. Em1838, o principal chefe farroupilha (nome
do partido exaltado, no sul), Bento Gonçalves, manifestou sua indignação com a
situação. Pretendendo impor seus objetivos, os estancieiros rebelaram-se. O
presidente da província fugiu, refugiando-se na Vila do Rio Grande.
Em setembro de 1835, os rebeldes dominaram
Porto Alegre e, logo depois, proclamaram a República de Piratini. Bento
Gonçalves tornou-se o primeiro presidente, mas foi preso num combate travado
com as forças regenciais. Foi conduzido à Bahia, de onde fugiu em 1837.
Retornando ao Rio Grande do Sul, reassumiu o comando das forças republicanas. Dois
anos mais tarde, o italiano Garibaldi, e Davi Canabarro chefiaram expedições
militares que resultariam na conquista de Santa Catarina, onde foi proclamada a
República Juliana. O auge da Revolução Farroupilha coincidiu com a percepção de
que a separação do resto do Brasil significaria a perda do mercado principal de
charque. Em 1840, dom Pedro II assumiu o trono. Com intenção de estabilizar
politicamente o país, o Imperador ofereceu anistia a todos os revoltosos.
Mas os farrapos não desistiram da luta. Em
1842, o então barão de Caxias, Luís Alves de Lima e Silva, foi designado para
dominar a rebelião. Sua primeira medida foi cortar as formas de comunicação do
Rio Grande do Sul com o Uruguai. Além da luta armada, Caxias procurou negociar
com os rebeldes. Caxias entrou em acordo com Canabarro, em 1845. As concessões
oficiais satisfizeram os revoltosos. Aplicou-se uma anistia geral, os soldados
e oficiais farroupilhas foram incorporados ao exército imperial e as terras
confiscadas foram devolvidas. O governo central se comprometia a elevar os
impostos sobre o charque platino e os fazendeiros gaúchos poderiam indicar, daí
em diante, o presidente da província. Ficava assim superada a longa revolta da
história brasileira.
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