Brasil Colônia - Entradas e Bandeiras

   As Entradas e as Bandeiras foram expedições que, desde o início da colonização, penetravam nas regiões do interior em busca de riquezas. As Entradas eram expedições que tinham caráter oficial, organizadas e financiadas pelas autoridades da coroa, que partiam de vários pontos do litoral, procurando por metais preciosos e fazendo a exploração geográfica da colônia. Entre as várias Entradas que percorreram o sertão brasileiro, destacam-se as que foram comandas por Brás Cubas, que partiu de Santos (1560), por Antônio Dias Adorno, que partiu de Salvador (1572), por Marcos de Azeredo, que partiu de Vitória (1596) e, também, as várias expedições conduzidas por Belchior Dias Moréia, no final do século XVI. De maneira geral, as entradas nunca tiveram sucesso na sua busca por diamantes, ouro ou prata, mas abriram caminho para a exploração gradual das regiões interioranos do Brasil.



   As bandeiras foram expedições particulares, que partiam de São Vicente e São Paulo em busca de ouro e prata ou de índios para escravizar. O fracasso da produção açucareira, devido à distância da metrópole e à dificuldade de obter escravos, não deixou alternativa econômica para os descendentes daqueles que tinham chegado com Martim Afonso de Souza, no início da colonização. As bandeiras foram crescendo em importância e, em meados do século XVII, as grandes expedições contavam com milhares de participantes, entre os bandeirantes paulistas, os mestiços e os índios que lhes serviam como guias. Venciam a Serra do Mar e, a partir daí, seguiam os cursos dos rios para penetrar no sertão. Em outros trechos, avançavam em marcha, até encontrarem local adequado para acampar. A dificuldade para levar alimento suficiente para um grupo tão numeroso era compensada com a caça e com frutos e raízes. Expedições mais longas podiam até cultivar pequenas roças de mandioca e esperar seu crescimento, antes de continuar o avanço.

  O movimento desenvolveu-se em ciclos, na medida em que foram mudando seus objetivos prioritários. O primeiro ciclo foi o do “ouro de aluvião” ou “de lavagem”. Eram expedições que percorriam, inicialmente, regiões próximas da costa e não se distanciavam muito de São Vicente. Foram importantes no povoamento do litoral do Paraná e de Santa Catarina, onde foram fundadas as vilas de Paranaguá, São Francisco do Sul, Desterro e Laguna. A partir do século XVII, foram organizadas expedições para outras regiões mais interioranas. Destacaram-se, nessa fase, bandeirantes com Fernão Dias Paes. No início desse século, a escassez de mão-de-obra na lavoura paulista e nos engenhos da Bahia, estimulou a procura por índios para escravizar e uma nova etapa do movimento bandeirante, que ficou conhecida como “ciclo de caça ao índio” ou “ciclo de apresamento”. Essas expedições atacavam, principalmente, as missões que os jesuítas haviam instalado em Itaim (MS), Guaíra (PR) e Tape (RS), onde os índios estavam concentrados e aculturados. Um dos bandeirantes que se destacou nesse novo ciclo foi Antonio Raposo Tavares.



   A gradativa interiorização das bandeiras abriu caminho para a descoberta, no fim do século XVII, das minas de ouro em Minas Gerais (Antônio Rodrigues Arzão e Manuel Borba Gato) e, no início do século XVIII, em Mato Grosso (Pascoal Moreira Cabral) e Goiás (Bartolomeu Bueno da Silva). Começava o ciclo do ouro e do diamante na colônia. Outro tipo de bandeira, de caráter estritamente militar, foi o “sertanismo de contrato”. O objetivo dessas expedições era combater tribos indígenas que haviam se levantado contra os colonos ou destruir quilombos e recuperar escravos foragidos. O bandeirante mais famoso foi Domingos Jorge Velho que, em 1695, destruiu o quilombo de Palmares. Por fim, cabe lembrar as monções, expedições cujo objetivo era abastecer os povoados distantes de mineradores e núcleos que tinham se fixado em regiões interioranas.

Comentários