No início do III milênio a.C., mais ou menos
na mesma época em que floresciam as civilizações do Crescente Fértil, surgiram
no Extremo Oriente importantes culturas desenvolvidas pelos povos da China, do
Japão e da Índia. O contato entre esses dois centros civilizatórios foi
relativamente escasso, em função das enormes distâncias e das limitações dos
transportes e das comunicações daquela época. Isso não impediu, ao longo dos
tempos, alguma influência recíproca entre elas, especialmente pelas relações de
comércio. A rota da seda, por exemplo, liga a China à região do Oriente Médio
desde o fim do II milênio a.C. Tal como ocorreu no Oriente Próximo, a história
dos povos do Extremo Oriente também é marcada, ao longo de quase três milênios,
por períodos de prosperidade e expansão que se alternam com fases de
decadência, invasões e anarquia.
Em traços muito gerais, as civilizações do
Extremo Oriente estavam organizadas de acordo com o modelo do Modo de Produção
Asiático. Isso significa que foi a partir do excedente econômico gerado pela
agricultura irrigada que se deu uma gradual separação entre o trabalho
produtivo direto e funções militares e administrativas, que originou uma elite
dirigente. Esse poder centralizado se sobrepunha às comunidades aldeãs
camponesas que detinham a posse efetiva da terra, mas que eram obrigadas a
entregar boa parte da produção sob a forma de tributos. A necessidade de
organizar grandes contingentes para realizar as obras para irrigação, tal como
ocorreu no Egito, estaria na raiz da formação do Estado tanto na China como na
Índia. O poder político, de caráter despótico e teocrático, nas mãos de
soberanos que governavam em nome dos deuses ou tinham “mandato celestial”
completa esse quadro, que se manteve essencialmente inalterado até a penetração
ocidental capitalista, a partir da segunda metade século XIX.
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