CIVILIZAÇÃO HEBRAICA (2)

   No século XVIII a.C., o avanço dos hicsos ou as secas prolongadas em Canaã devem ter forçado a migração das tribos israelitas para o Egito. Protegidos, inicialmente, por José, um dos filhos de Jacó que fora vendido pelos irmãos e era agora ministro do faraó, os hebreus acabaram, posteriormente, sendo escravizados. Depois de séculos, se deu a fuga do Egito, que teria sido liderada por Moisés, em cerca de 1.250 a.C. Depois de cruzar o Mar Vermelho, os hebreus vagaram por 40 anos no deserto e, no monte Sinai, Iavé, (aquele que é) teria entregue a Moisés as Tábuas da Lei com os 10 mandamentos. Josué, que sucedeu Moisés, iniciou a reconquista da Terra Prometida, que os israelitas tiveram que disputar, por dois séculos, com os caneneus e filisteus. A luta contra esses povos contribuiu para a concentração de poderes nas mãos dos chefes militares, que ficaram conhecidos como Juízes. Entre eles, destacam-se Jefté, Sansão, e Gedeão. O último dos juízes, Samuel, escolheu Saul para ser o rei de Israel, em 1025 a.C.



    Saul suicidou-se, depois de uma derrota contra os filisteus, e foi sucedido por Davi, que se tornou célebre por ter derrotado o gigante Golias. Em seguida, tomou Jerusalém dos cananeus e a transformou na capital do Reino de Israel. Quando ocorreu a morte de Davi, os israelitas já contavam com um exército, uma administração e um poder centralizados. Salomão, o filho de Davi, assumiu o poder em 966 a.C e o seu reinado assinala o momento de apogeu da civilização dos hebreus na Antiguidade. Jerusalém tornou-se, nessa época, um próspero entreposto do comércio que ligava o Egito à Mesopotâmia. Salomão, célebre por governar com sabedoria e justiça, estreitou relações com os fenícios, modernizou o exército e realizou grandes obras. Data da sua época a construção do Templo de Jerusalém, onde se guardava a Arca da Aliança. Para custear tantas realizações e sua corte com mais de mil esposas e concubinas, adotou uma política tributária que gerou forte descontentamento.

   Depois da morte de Salomão, ocorreu um cisma e as tribos de Israel fundaram dois reinos. As dez tribos do norte, que era mais urbanizado e mercantil, se recusaram a aceitar Roboão, o legítimo sucessor e se separaram, fundando o Reino de Israel, com capital em Samaria. As duas tribos que viviam no sul, mais agrário e tradicional, fundaram o Reino de Judá, com capital em Jerusalém. Em 721 a.C. os assírios conquistaram o Reino de Israel e em 578 a.C. os caldeus destruíram o Reino de Judá e deportaram os judeus para a Babilônia. Com o domínio persa, que ocorreu pouco depois, os hebreus foram libertados para regressar à sua terra. Por volta de 330 a.C., a região caiu sob o domínio de Alexandre, o Grande. Foi herdada por um dos seus generais e se tornou parte de um reino helenístico até o início da dominação romana, no século I a.C. Foi devido às revoltas contra a dominação romana, em 70 e 136 da nossa era, que os hebreus foram expulsos da Palestina, na chamada “Diáspora”.

   O grande legado do povo hebreu foi sua religião monoteísta. O judaísmo exerceu influência, posteriormente, na formação das outras religiões monoteístas: o cristianismo e o islamismo. A aliança com Iavé, seu único deus, tornava o povo hebreu um “povo eleito” que, em troca de proteção, comprometia-se a respeitar os Dez Mandamentos. A religião assumia, assim, um conteúdo ético, com o qual seus seguidores precisavam se comprometer. Além do Torah (Lei), formado pelo Pentateuco, a Bíblia judaica incluía o Nevim (textos proféticos) e os Escritos, que incluem Salmos, Provérbios, Lamentações, Cânticos, etc. A crença na vinda de um messias que viria libertar o povo hebreu manteve acesa a crença judaica.

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