AS GUERRAS MÉDICAS (490-448 a.C.)

   Durante o século VI a.C. o Império Persa expandiu suas fronteiras por todo o Oriente Médio, do Egito até a índia, do Índico até o Mediterrâneo. As colônias gregas da Jônia foram tributadas pelos persas que passaram a controlar o comércio no Mar Negro e no Mar Egeu. Em 492 a.C. um levante liderado por Mileto rebelou as cidades gregas contra o domínio persa. A revolta contou com o apoio das cidades gregas, especialmente com Atenas, cujos interesses comerciais estavam seriamente afetados pelo expansionismo do império aquemênida.  Depois de sufocar a rebelião e arrasar as cidades-estado da Jônia, o imperador persa, Dario I, enviou um exército para conquistar a Grécia, submeter os gregos e incorporar a Península Balcãnica aos seus domínios. O exército invasor tentou desembarcar, em 490 a.C., no litoral da Ática, na planície de Maratona, distante cerca de quarenta quilômetros de Atenas. Dez mil atenienses, liderados por Milcíades, bateram os invasores persas na praia e impuseram uma humilhante derrota para o poderoso império oriental.


  Em 480 a.C., teve início a Segunda Guerra Médica, quando Xerxes, o sucessor de Dario, invadiu a Grécia com um exército de cerca de trezentos mil soldados, que era acompanhado por uma poderosa esquadra, composta por mil e duzentos navios, para abastecê-lo. Além de vingar a derrota do pai, o imperador Xerxes queria dobrar, de vez, a resistência dos gregos, péssimo exemplo para os povos dominados pelos persas. Sabendo dos preparativos da invasão, as cidades gregas, ameaçadas, tinham se reunido em Corinto, um ano antes, quando firmaram uma aliança defensiva. Esparta foi escolhida para chefiar as forças terrestres, enquanto Atenas assumiu o comando da esquadra e das forças navais. As tropas persas avançaram pelo norte e, apesar da heróica resistência do rei Leônidas e seus trezentos guerreiros espartanos, nas Termópilas, os gregos não lograram detê-los. Os persas ocuparam a Ática, incendiaram Atenas e destruíram a Acrópole.


   No mar, entretanto, Xerxes sofreu um sério revés. A frota helênica, capitaneada por Temístocles, conseguiu atrair os barcos inimigos para um local de águas pouco profundas, onde eles encalharam ou não conseguiram manobrar. A frota persa foi completamente arrasada pelos gregos na batalha naval de Salamina. Sem poder abastecer seus soldados e sem cobertura naval, Xerxes precisou recuar para a Beócia, enquanto pedia reforços do oriente. Um exército comandado pelo espartano Pausânias, com guerreiros vindos de várias cidades, conseguiu derrotar, definitivamente, os persas na batalha de Platéia, em 479 a.C. Enquanto isso, a esquadra grega, novamente liderada por Atenas, impôs nova derrota ao inimigo, destruindo a frota persa na batalha naval de Micale. Assim, foi possível libertar as colônias gregas do litoral da Jônia e eliminar, por completo, a presença dos persas na Ásia Menor.
0


   Em 478 a.C., sob a liderança de Atenas, as cidades gregas se agruparam numa aliança naval conhecida como Confederação de Delos, a ilha que servia como sede para as reuniões da liga. As cidades que participavam da confederação comprometiam-se a contribuir, anualmente, com uma quota de guerreiros e de navios, ou então uma importância equivalente em dinheiro. O tesouro da Liga deveria ser utilizado para sustentar o custo da guerra contra o “grande rei”, como os gregos denominavam o imperador persa. Atenas assumiu, naturalmente, o comando da Confederação pelo papel que cumprira na defesa da Grécia e pelo poderio da sua esquadra. A vitória sobre os persas iniciou um período de enorme prosperidade para as póleis gregas, em especial para Atenas, graças ao desenvolvimento do comércio e do artesanato. Uma intensa atividade mercantil era possível graças ao constante patrulhamento que a frota da Liga exercia nas águas do Egeu e do Mar Negro. Uma paz definitiva com os persas, entretanto, só foi firmada com a assinatura do Tratado de Susa, em 448 a.C.

Comentários