A CIVILIZAÇÃO INCA

   Os incas, estabelecidos inicialmente no Altiplano Andino, se deslocaram para a região de Cuzco, no século XII. À época da chegada dos espanhóis, seu domínio estendia-se pelos atuais Peru, Bolívia e Equador. No império inca teriam vivido mais de 10 milhões de indivíduos. Da mesma forma que as civilizações asteca e maia, os incas constituíram um império teocrático de regadio, onde o poder político e religioso estava concentrado nas mãos do Inca, imperador sagrado. O Estado, representado pelo Inca, organizava os grandes canais de irrigação, utilizados na agricultura intensiva. De todas as civilizações pré-coloniais, foi a que apresentou o sistema político, social e religioso mais estruturado e coerente. A fortaleza dos incas abrigava uma comunidade capaz, graças às suas culturas em terraço, de viver sem contato com o exterior. Nas ruínas de Machu-Picchu foi identificado o palácio da aristocracia e localizados os bairros dos artesão e do povo, o que prova a existência da divisão em castas sociais rigidamente estruturadas.

   A casta dominante era a nobreza hereditária formada pelas velhas linhagens incas e pelos chefes dos povos dominados. A função desta casta era exercer os papeis sociais de sacerdotes, altos funcionários administrativos e chefes guerreiros. Numa posição hierárquica inferior vinha a baixa nobreza, cuja função não era hereditária, formada de militares, sacerdotes menores, burocratas do Estado e chefes de aldeias (os curacas). Abaixo desta, estava situada uma casta composta de trabalhadores urbanos (artesãos, médicos, comerciantes e funcionários) e, por fim, os camponeses, que vivam nos Ayllus, comunidades aldeãs locais, que tinham por base o grupo de parentesco. As terras dos ayllus pertenciam, nominalmente, ao Inca (Estado) mas eram utilizadas pelas comunidades. Elas eram divididas em três partes: a do Inca, a da Igreja e a do ayllu.


   As terras do Estado eram cultivadas pelos camponeses, em regime de trabalho compulsório. A produção dessa terra visava alimentar a nobreza, os trabalhadores urbanos, o exército e os que não tivessem condições de subsistência. As terras da Igreja sustentavam o clero e as terras dos ayllus, os camponeses. O Estado inca era altamente centralizado e sua função era captar o excedente econômico e organizar a construção das grandes obras públicas, como estradas e canais de irrigação necessários à agricultura de regadio. Além da tecelagem e da cerâmica, o império inca havia desenvolvido a arquitetura e escultura em pedra, mas ignorava a escrita e a roda. Assim, continua sendo um mistério a construção, com blocos de pedra bem talhados, da cidade de Machu-Picchu, a mais de 2.000m de altura.

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