A CIVILIZAÇÃO HINDU

   No início do III milênio a.C., os dravidianos, povo primitivo que habitava o norte da Índia, já cultivavam uma espécie de arroz domesticado às margens do rio Indo. Por volta de 2.000 a.C., florescia na região uma civilização bem adiantada, cujos principais centros eram Mohenjo-Daro e Harappa. A partir do século XVI a.C., povos arianos, vindos do norte, de pele mais clara que os nativos, invadiram a Índia, em levas sucessivas, e subjugaram as populações locais. Eram bons guerreiros, que usavam cavalos e utilizavam armas de ferro. Do confronto, mas também do amalgamento, de elementos das duas culturas (dravidiana e ariana) surgiu, nos séculos posteriores, a brilhante Civilização Hindu. Sua história, relatada entre lendas e mitos, está registrada nas diversas variedades do sânscrito, a língua dos hindus. Dois grandes livros contêm essas narrativas: o Mahabharata e o Ramayana. Os principados e reinos que se formaram, a partir dessa época, travaram uma longa luta entre si até o século III a.C., quando foram unificados pelo rei Asoka.

   Além da agricultura irrigada, principalmente ao longo do rio Indo e do rio Ganges, os hindus criavam rebanhos de diversos animais, embora existissem restrições ao consumo de alguns deles por serem considerados sagrados ou impuros. Tanto o comércio quanto o artesanato especializado tiveram enorme desenvolvimento na Índia da Antiguidade. Além de armas e ferramentas, produziam jóias, tecidos, incenso e outros artigos de luxo que eram exportados através das caravanas que ligavam o norte da Índia com a China e as regiões do Oriente Médio. A sociedade hindu era rigidamente estratificada e as castas e suas subdivisões eram rigorosamente separadas. Elas possuíam sinais de distinção que não permitiam qualquer possibilidade de mudança social. De acordo com os textos sagrados do vedismo, religião hindu primitiva, cada indivíduo nasce predestinado a pertencer a uma das seguintes castas:

·         Brâmanes, sacerdotes cujos ancestrais teriam nascido da boca do deus Brama.
·         Xátrias, guerreiros que, acreditava-se, teriam saído dos braços de Brama.
·         Vaicias, camponeses, artesãos e mercadores que seriam oriundos das pernas da divindade.
·         Sudras, servos e etnias dominadas que eram utilizados no trabalho mais degradante, descendiam dos pés de Brama.
·          Párias, fora de qualquer classe e privados de qualquer direito, inclusive religioso, eram impuros e intocáveis.


   A cultura hinduísta, de caráter conservador e tradicionalista, foi profundamente marcada pelo misticismo e pela religião. O período védico, com sua pureza primitiva, cedeu lugar, depois, ao politeísmo do período bramânico. O dogma principal do bramanismo é conformista, pois se refere à transmigração da alma, que passaria por sucessivas purificações de acordo com a conduta neste mundo. Além dos rituais e longas meditações, o culto exige, como primeira obrigação moral, o amor a todos os seres vivos. Por volta do século VI a.C., ocorreu uma mudança radical com o início do período búdico. O budismo representou uma forte reação contra a teocracia dos brâmanes que, inicialmente, reprimiram os seus seguidores. Sidarta Gautama, um príncipe que se transformou em monge, passou a pregar aos hindus o desprendimento das coisas materiais, a caridade e a prática da meditação. Buda, o Iluminado, prometia, como recompensa, a paz espiritual no Nirvana. O budismo defendia a igualdade de todos os homens e condenava as castas. A nova religião difundiu-se para o Tibet, a China, a Indochina e o Japão. 

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