Brasil Colônia: O engenho e a sociedade da região açucareira

O ENGENHO COLONIAL

O Engenho era a unidade de produção típica da economia do Brasil colonial. Inicialmente, o termo se referia exclusivamente ao maquinário utilizado na obtenção do açúcar, mas com o tempo passou a designar, também, todo o complexo das terras cultivadas, dos currais, do conjunto das instalações destinadas ao seu preparo e, ainda, as habitações e os outros prédios necessários à vida de toda a população ligada direta ou indiretamente à sua produção.

O processo de produção do açúcar envolvia várias etapas, que começavam pelo corte e limpeza da cana. Depois, vinha a moagem da qual resultava o caldo (a garapa) que era fervido e transformado em melaço. Este, por sua vez, era depositado em formas de cerâmica e levado para a casa de purgar, onde ele evaporava e ia, aos poucos, endurecendo. Depois, era feito o branqueamento do produto, através de sucessivas lavagens e, finalmente, as pedras de açúcar eram trituradas e depois acondicionadas em caixas para o transporte.


Normalmente, os engenhos maiores eram instalados perto de algum rio, para utilizar a água como força motriz. Uma boa reserva de mata também era importante, na medida em que as fornalhas para aquecer as caldeiras consumiam muita lenha. Quase toda área cultivada era tomada pelo canavial e apenas uma pequena extensão de terra era utilizada para uma roça de subsistência. A parte edificada incluía a moenda e algumas oficinas, a casa-grande, onde vivia o senhor com sua família e agregados, as habitações destinadas aos feitores e aos poucos homens livres e suas famílias e a senzala, que servia para abrigar os escravos. Por fim, a capela, local de culto e de encontro para as diversas festividades religiosas, completava a paisagem de um engenho típico da era colonial.


A SOCIEDADE AÇUCAREIRA

A sociedade colonial da zona açucareira se caracterizava por ser essencialmente rural, conservadora e patriarcal. Era uma sociedade marcada, também, pela forte polarização e pela rígida estratificação. No topo da pirâmide social se encontrava a figura do senhor de engenho, o grande proprietário que era um dos “homens bons” da região. Tinha total autoridade, não só sobre a sua família, mas também sobre todos aqueles que viviam em suas terras e que dele dependiam. Além disso, existia toda uma clientela de pequenos e de médios lavradores que dependia da sua moenda ou de seus favores e, assim, lhe prestava obediência ou reverência.


Os escravos formavam a maioria da população e viviam em condições de extrema exploração, submetidos pela violência. Aqueles que trabalhavam e viviam na casa-grande tinham um tratamento, naturalmente, diferenciado dos outros escravos. Existia, também, um contingente de trabalhadores livres ou de assalariados, como pedreiros, carpinteiros ou caldereiros. A população móvel contava com clérigos e funcionários da Coroa, mascates e traficantes de escravos, mestiços, negros forros, mendigos, prostititutas, etc.

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