A PRÉ-HISTÓRIA

Durante o longo período denominado Paleolítico (600.000-10.000 aC.), também conhecido como estágio da selvageria, os antepassados do homem sobreviveram graças a uma economia coletora. Viviam em bandos ou hordas que praticavam o nomadismo, usando cavernas como abrigo e se alimentando da coleta de frutos e raízes, da caça e da pesca. Os homens primitivos utilizavam instrumentos rudimentares de pedra lascada e aprenderam a usar o fogo encontrado na natureza. Ambos tiveram enorme importância na sua evolução biológica, além de complexas implicações no plano psicológico e no processo de socialização.

Na fase final do Paleolítico, além de já existirem alguns instrumentos mais sofisticados (como arco e flecha) aparecem também manifestações de uma incipiente vida espiritual. Ritos funerários parecem indicar o surgimento de uma crença na vida pós-morte e monumentos megalíticos sugerem, para muitos, o que seriam os primeiros templos. Outras importantes manifestações do Paleolítico Superior, que atestam uma significativa capacidade de abstração, são a magia simpática, prenúncio de um sentimento religioso, e a pintura rupestre, que anunciava o surgimento da arte. Pinturas feitas nessa época ainda são encontradas em cavernas localizadas em diversas partes do mundo.

No período conhecido como Neolítico (10.000-4.000 a.C.) começou a se estabelecer um gradativo domínio do homem sobre o meio ambiente. A descoberta da agricultura e a domesticação de animais promoveram a passagem para uma economia produtora. A partir das mudanças que Gordon Childe denominou “revolução neolítica”, o homem passou a produzir, através do trabalho, as condições materiais de sua existência e um conhecimento cada vez maior da natureza.

O desenvolvimento da agricultura se deu primeiramente no Egito, na Mesopotâmia, na Índia e na China. Nessas regiões, populações foram se fixando em terras férteis próximas aos grandes rios e teve início um processo de sedentarização dos grupos humanos. Nas comunidades neolíticas, normalmente as mulheres, que antes eram coletoras, passaram a cultivar a terra, enquanto os homens, que antes caçavam, foram se dedicando ao pastoreio.

Esse estágio cultural, conhecido como fase da barbárie, também foi marcado pela invenção da cerâmica e das técnicas de fiação e tecelagem. Os instrumentos de pedra lascada foram sendo substituídos por instrumentos e armas de pedra polida, que eram mais diversificados e eficientes. A invenção da roda, por sua vez, revolucionou o transporte terrestre enquanto a construção de canoas, jangadas e barcos permitiu a navegação fluvial e marítima.

O desenvolvimento de uma economia produtora, a partir da “revolução agrícola” e do desenvolvimento da pecuária e do artesanato, permitiu a normalização e a organização regular das condições de reprodução da vida humana e o primeiro “salto” de crescimento demográfico experimentado pela humanidade. Além disso, tornou possível a produção, pela primeira vez, de um excedente econômico que favoreceu uma maior divisão e uma verdadeira especialização do trabalho.

A capacidade de produzir excedentes alimentares, aliada à gradual especialização do artesanato, teve também outro desdobramento importante: o desenvolvimento das trocas que prenunciaram o comércio. Ainda no neolítico, já existiam rotas mais ou menos regulares que ligavam regiões próximas ou mesmo mais distantes, o que contribuía para difundir, também, técnicas, conhecimentos, crenças e idéias.

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