A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO EGITO
A evolução histórica da civilização egípcia não se processou de forma linear. Pelo contrário, os três milênios que se desenrolam desde o início da centralização política até a dominação persa, em 525a.C., foram marcados por uma descontinuidade estrutural, em que se alternam períodos de paz, grandes realizações e prosperidade, com fases de invasões, anarquia, crise e decadência.
No plano interno, períodos de estabilidade, centralização e desenvolvimento alternam-se com fases de regressão feudal, descentralização política, instabilidade, crise ou estagnação econômica e cultural. O isolamento que marcou o primeiro milênio da sua história foi substituído, depois, por contatos cada vez mais intensos com outras civilizações. Externamente, o Egito foi constantemente pressionado por povos nômades pastoris, especialmente na fase inicial da sua história. Mais tarde, foi atacado por povos belicosos, como os hicsos, ou pelos impérios que se sucederam na região Mesopotâmica.
O militarismo do império egípcio era inicialmente voltado para a autodefesa e obtenção de materiais ou escravos nas regiões mais ao sul. Depois que absorveu dos hicsos suas técnicas militares, o Egito desenvolveu uma tendência expansionista e conquistadora que se voltou em direção às regiões da Palestina, Fenícia e Mesopotâmia. Passou a sofrer, em contrapartida, a pressão dos povos guerreiros dos desertos e planaltos próximos ao seu império.
O PERÍODO PRÉ-DINÁSTICO
Essa fase caracterizou-se pela inexistência do Estado e, portanto, de um governo centralizado. As populações que foram, gradativamente, se fixando às margens do Nilo acabaram se agrupando em unidades políticas locais, os nomos, que cultuavam a figura de um totem e eram chefiados por um nomarca. A partir do V milênio a.C. teve início um lento processo de centralização do poder que culminou, por volta de 3.500 a.C. na formação dos reinos. O reino do Alto Egito, situado ao Sul, tinha sua capital em Hieracômpolis e o reino do Baixo Egito localizado ao norte, na região do delta, tinha capital em Buto.
Em 3.200 a.C., Menés unificou os reinos do norte e do sul, fundindo as duas coroas e transformando-se no primeiro faraó do Egito unificado. Tinha início, assim, a I dinastia e o chamado Antigo Império. A formação de um poderoso Estado com um governo e uma administração centralizados resultou da necessidade de integrar e coordenar as forças necessárias para a execução de obras públicas como barragens, diques e canais de irrigação. O excedente econômico, que era gerado pelo desenvolvimento dessa agricultura de regadio, por sua vez, acentuava a divisão e a especialização do trabalho e fortalecia ainda mais o poder do Estado.
O ANTIGO IMPÉRIO (3.200-2.300 a.C.)
No governo da I e II dinastias, a capital foi Tínis, situada mais ao sul. Buscando integrar melhor a administração das regiões do delta e do vale, a III dinastia transferiu a capital para Mênfis, situada mais ao norte e durante os governos da IV e V dinastias o Antigo Império atingiu seu momento de apogeu. Nessa fase, o império egípcio é essencialmente pacifista e o Estado está voltado para as obras de drenagem e irrigação. Foi nesse período de paz e prosperidade que os faraós da IV dinastia – Qéops, Quefrem e Miquerinos - construíram as pirâmides de Gizé, nas proximidades de Mênfis.
A partir da VI dinastia teve início uma lenta decadência do Antigo Império. Durante vários séculos, a nobreza e o clero, que eram os setores dominantes da sociedade, receberam do poder imperial terras, cargos administrativos, isenção de impostos e outros privilégios. Foram aumentando assim, gradativamente, seu poder e suas prerrogativas, ganhando cada vez mais autonomia. Disso resultou, naturalmente, um lento enfraquecimento da autoridade dos faraós e uma tendência à descentralização política, com o aumento do poder dos nomarcas e dos sacerdotes representantes das divindades de cada região.
Seguiu-se um período de feudalização e anarquia, marcada também por revoltas camponesas. O enfraquecimento do poder central, provavelmente, limitou bastante as grandes obras de irrigação e a organização econômica em nível estatal, que permitia armazenar excedentes para épocas de escassez. Além disso, deve ter debilitado também a capacidade de defesa, pois essa crise culminou com a invasão do Egito por tribos vindas da Núbia e da Ásia. Essa fase de decadência estende-se até a X dinastia e é chamada de Primeiro Período Intermediário. O império fragmentou-se em quatro regiões, com centros decisórios no Delta, em Mênfis, em Heracleópolis e em Tebas, respectivamente.
O MÉDIO IMPÉRIO (2050-1750 a.C.)
Provável fundador da XI dinastia, Mentuhotep I, conseguiu restabelecer a unidade e a centralização do poder, em torno de Tebas. Teve início o chamado Médio Império, que na dinastia seguinte atingiria seu apogeu. O maior representante da XII dinastia foi o faraó Amenemat III, que mandou construir a grande represa de Faium. Nessa época, o Egito estabeleceu relações comerciais com a Fenícia, a Síria e a ilha de Creta. Outro faraó importante dessa fase, Sesóstris III, conquistou a Núbia, região situada ao sul, onde os egípcios obtinham ouro, marfim e também escravos.
Em seguida, começou um novo período de decadência que se estendeu até a XV dinastia, quando ocorreu a invasão dos hicsos. A derrota dos egípcios frente aos novos invasores se deu não só pela fraqueza do poder imperial, mas também pela superioridade bélica dos hicsos, que usavam armas de bronze e ferro (desconhecidos pelos egípcios), além de cavalos e carros de combate. Com o domínio estrangeiro e o término do Médio Império, tinha início o Segundo Período Intermediário da história do Egito.
O NOVO IMPÉRIO (1580-1080 a.C.)
O faraó Amósis I foi responsável pela expulsão definitiva dos invasores hicsos, povo que dominou por cerca de dois séculos o delta e a região norte do Egito. Com Amósis foi inaugurada a XVIII dinastia e teve início o chamado Novo Império, período que se estendeu até a XX dinastia e correspondeu à fase de apogeu da civilização egípcia. Esse foi o momento de maior esplendor da civilização do Nilo e, também, a etapa da sua história em que se intensificaram os contatos com outros povos e culturas.
Nesse período, o Estado egípcio assumiu um caráter essencialmente militarista e burocrático. A antiga postura pacifista e isolacionista cedeu lugar a uma política nacionalista e expansionista, que marcou toda essa fase. O imperialismo e o belicismo egípcios entraram em choque com os impérios vizinhos daquela época e conduziram a um lento, mas constante, esgotamento dos recursos econômicos e humanos do país. Como resultado, não será capaz de resistir a uma nova onda de invasões ao final desse período.
Destacaram-se, nessa fase da história da civilização egípcia, os faraós: Tutmés III, Amenófis IV e Ramsés II.
Tutmés III – Costuma ser citado como o verdadeiro fundador do Novo Império. Durante seu governo, ele empreendeu quase vinte campanhas militares que anexaram a Núbia, a Etiópia, a Palestina, a Síria e a Fenícia. Estendeu, com suas conquistas, as fronteiras do Império da quarta catarata do Nilo até o Eufrates. As façanhas desse grande faraó guerreiro foram imortalizadas nos baixos-relevos esculpidos nas paredes do templo dedicado a Amon, em Carnac.
Amenófis IV – é um dos faraós mais conhecidos e o mais controverso da história do Egito. Seu casamento com Nefertiti, uma princesa de origem mitani, indica a preocupação do Império em articular alianças com os reinos e impérios vizinhos, com os quais começava a ter conflitos ou interesses comuns. Aquenaton, como passou a se chamar, é célebre por ter realizado uma reforma religiosa de caráter monoteísta, substituindo o tradicional politeísmo do povo egípcio pelo culto ao deus Aton, representado pelo disco solar. Por isso, também mandou construir uma nova cidade – Aquetaton – para onde transferiu a capital do Império. A reforma atoniana, além dos seus aspectos de cunho exclusivamente religioso, tinha também um caráter marcantemente político. Significava, por um lado, uma tentativa de afirmar a supremacia da autoridade do faraó, que sempre foi rivalizada pelo poder, riqueza e influência dos sacerdotes tebanos; por outro lado, representava um esforço no sentido de criar uma religião de caráter universalista para justificar o domínio sobre os povos que haviam sido subjugados pelos egípcios. A nova religião buscava por meio do culto ao Sol, que era uma divindade comum a todos os povos do Oriente Médio, integrar os povos conquistados, legitimando sua dominação. Após a morte de Aquenaton, que foi sucedido por Tutankamon, o clero tebano promoveu uma reação que culminou com a proibição do culto a Aton, e restabeleceu a preponderância de Amon.
Ramsés II – Foi o último dos grandes faraós do Novo Império. Retomou a política expansionista do tempo de Tutmés III e acabou entrando em choque com o Império dos hititas, povo da Ásia Menor. Em 1278 a.C. a guerra chegou ao fim com a assinatura de um tratado de paz, citado como o primeiro de que se tem notícia, que estabelecia uma fronteira comum e um condomínio dos dois impérios na região. Depois do reinado de Ramsés, o Egito foi, gradualmente, perdendo seus domínios na região.
Com a XX dinastia começou um novo período de decadência da civilização egípcia. O Novo Império terminava exaurido e esgotado economicamente pelas longas campanhas militares. Enfraquecido, o Império passou a ser atacado por sucessivas levas invasoras por parte dos “povos do mar” e também dos líbios, núbios e etíopes. Cada vez mais debilitado, o Egito foi finalmente conquistado pelos assírios em 662 a.C. Essa fase final é denominada Baixo Império.
O RENASCIMENTO SAÍTA E O FIM
O Egito viveu um último momento de autonomia e desenvolvimento a partir da XXVI dinastia. Psamético I, seu fundador, expulsou os assírios e instalou a capital na cidade de Saís. Nesse período, também conhecido como Baixo Império, a civilização egípcia recuperou, momentaneamente, seu antigo brilho e esplendor. A obra restauradora iniciada por Psamético teve prosseguimento com seu sucessor, o faraó Necau, que mandou construir o canal que ligava o Nilo ao Mar Vermelho. Nessa época, os egípcios tiveram contato intenso com os gregos que, além do comércio, muitas vezes lutaram como mercenários a serviço dos faraós.
Em 525 a.C., no reinado de Psamético III, os egípcios foram derrotados por Cambises, o imperador dos persas, na Batalha de Pelusa. Depois do domínio persa, o Egito foi incorporado pelos gregos e macedônios, em333 a.C. Depois da morte de Alexandre, tornou-se um reino helenístico herdado por um dos seus generais. A dinastia ptolomaica governou até a época de Cleópatra, quando o Egito passou para o domínio romano. A região ficou sob controle bizantino depois da queda de Roma e, no início da Idade Média, o país foi islamizado pelos árabes. Em 1517, o Egito foi transformado numa província do Império Turco-Otomano.
A evolução histórica da civilização egípcia não se processou de forma linear. Pelo contrário, os três milênios que se desenrolam desde o início da centralização política até a dominação persa, em 525a.C., foram marcados por uma descontinuidade estrutural, em que se alternam períodos de paz, grandes realizações e prosperidade, com fases de invasões, anarquia, crise e decadência.
No plano interno, períodos de estabilidade, centralização e desenvolvimento alternam-se com fases de regressão feudal, descentralização política, instabilidade, crise ou estagnação econômica e cultural. O isolamento que marcou o primeiro milênio da sua história foi substituído, depois, por contatos cada vez mais intensos com outras civilizações. Externamente, o Egito foi constantemente pressionado por povos nômades pastoris, especialmente na fase inicial da sua história. Mais tarde, foi atacado por povos belicosos, como os hicsos, ou pelos impérios que se sucederam na região Mesopotâmica.
O militarismo do império egípcio era inicialmente voltado para a autodefesa e obtenção de materiais ou escravos nas regiões mais ao sul. Depois que absorveu dos hicsos suas técnicas militares, o Egito desenvolveu uma tendência expansionista e conquistadora que se voltou em direção às regiões da Palestina, Fenícia e Mesopotâmia. Passou a sofrer, em contrapartida, a pressão dos povos guerreiros dos desertos e planaltos próximos ao seu império.
O PERÍODO PRÉ-DINÁSTICO
Essa fase caracterizou-se pela inexistência do Estado e, portanto, de um governo centralizado. As populações que foram, gradativamente, se fixando às margens do Nilo acabaram se agrupando em unidades políticas locais, os nomos, que cultuavam a figura de um totem e eram chefiados por um nomarca. A partir do V milênio a.C. teve início um lento processo de centralização do poder que culminou, por volta de 3.500 a.C. na formação dos reinos. O reino do Alto Egito, situado ao Sul, tinha sua capital em Hieracômpolis e o reino do Baixo Egito localizado ao norte, na região do delta, tinha capital em Buto.
Em 3.200 a.C., Menés unificou os reinos do norte e do sul, fundindo as duas coroas e transformando-se no primeiro faraó do Egito unificado. Tinha início, assim, a I dinastia e o chamado Antigo Império. A formação de um poderoso Estado com um governo e uma administração centralizados resultou da necessidade de integrar e coordenar as forças necessárias para a execução de obras públicas como barragens, diques e canais de irrigação. O excedente econômico, que era gerado pelo desenvolvimento dessa agricultura de regadio, por sua vez, acentuava a divisão e a especialização do trabalho e fortalecia ainda mais o poder do Estado.
O ANTIGO IMPÉRIO (3.200-2.300 a.C.)
No governo da I e II dinastias, a capital foi Tínis, situada mais ao sul. Buscando integrar melhor a administração das regiões do delta e do vale, a III dinastia transferiu a capital para Mênfis, situada mais ao norte e durante os governos da IV e V dinastias o Antigo Império atingiu seu momento de apogeu. Nessa fase, o império egípcio é essencialmente pacifista e o Estado está voltado para as obras de drenagem e irrigação. Foi nesse período de paz e prosperidade que os faraós da IV dinastia – Qéops, Quefrem e Miquerinos - construíram as pirâmides de Gizé, nas proximidades de Mênfis.
A partir da VI dinastia teve início uma lenta decadência do Antigo Império. Durante vários séculos, a nobreza e o clero, que eram os setores dominantes da sociedade, receberam do poder imperial terras, cargos administrativos, isenção de impostos e outros privilégios. Foram aumentando assim, gradativamente, seu poder e suas prerrogativas, ganhando cada vez mais autonomia. Disso resultou, naturalmente, um lento enfraquecimento da autoridade dos faraós e uma tendência à descentralização política, com o aumento do poder dos nomarcas e dos sacerdotes representantes das divindades de cada região.
Seguiu-se um período de feudalização e anarquia, marcada também por revoltas camponesas. O enfraquecimento do poder central, provavelmente, limitou bastante as grandes obras de irrigação e a organização econômica em nível estatal, que permitia armazenar excedentes para épocas de escassez. Além disso, deve ter debilitado também a capacidade de defesa, pois essa crise culminou com a invasão do Egito por tribos vindas da Núbia e da Ásia. Essa fase de decadência estende-se até a X dinastia e é chamada de Primeiro Período Intermediário. O império fragmentou-se em quatro regiões, com centros decisórios no Delta, em Mênfis, em Heracleópolis e em Tebas, respectivamente.
O MÉDIO IMPÉRIO (2050-1750 a.C.)
Provável fundador da XI dinastia, Mentuhotep I, conseguiu restabelecer a unidade e a centralização do poder, em torno de Tebas. Teve início o chamado Médio Império, que na dinastia seguinte atingiria seu apogeu. O maior representante da XII dinastia foi o faraó Amenemat III, que mandou construir a grande represa de Faium. Nessa época, o Egito estabeleceu relações comerciais com a Fenícia, a Síria e a ilha de Creta. Outro faraó importante dessa fase, Sesóstris III, conquistou a Núbia, região situada ao sul, onde os egípcios obtinham ouro, marfim e também escravos.
Em seguida, começou um novo período de decadência que se estendeu até a XV dinastia, quando ocorreu a invasão dos hicsos. A derrota dos egípcios frente aos novos invasores se deu não só pela fraqueza do poder imperial, mas também pela superioridade bélica dos hicsos, que usavam armas de bronze e ferro (desconhecidos pelos egípcios), além de cavalos e carros de combate. Com o domínio estrangeiro e o término do Médio Império, tinha início o Segundo Período Intermediário da história do Egito.
O NOVO IMPÉRIO (1580-1080 a.C.)
O faraó Amósis I foi responsável pela expulsão definitiva dos invasores hicsos, povo que dominou por cerca de dois séculos o delta e a região norte do Egito. Com Amósis foi inaugurada a XVIII dinastia e teve início o chamado Novo Império, período que se estendeu até a XX dinastia e correspondeu à fase de apogeu da civilização egípcia. Esse foi o momento de maior esplendor da civilização do Nilo e, também, a etapa da sua história em que se intensificaram os contatos com outros povos e culturas.
Nesse período, o Estado egípcio assumiu um caráter essencialmente militarista e burocrático. A antiga postura pacifista e isolacionista cedeu lugar a uma política nacionalista e expansionista, que marcou toda essa fase. O imperialismo e o belicismo egípcios entraram em choque com os impérios vizinhos daquela época e conduziram a um lento, mas constante, esgotamento dos recursos econômicos e humanos do país. Como resultado, não será capaz de resistir a uma nova onda de invasões ao final desse período.
Destacaram-se, nessa fase da história da civilização egípcia, os faraós: Tutmés III, Amenófis IV e Ramsés II.
Tutmés III – Costuma ser citado como o verdadeiro fundador do Novo Império. Durante seu governo, ele empreendeu quase vinte campanhas militares que anexaram a Núbia, a Etiópia, a Palestina, a Síria e a Fenícia. Estendeu, com suas conquistas, as fronteiras do Império da quarta catarata do Nilo até o Eufrates. As façanhas desse grande faraó guerreiro foram imortalizadas nos baixos-relevos esculpidos nas paredes do templo dedicado a Amon, em Carnac.
Amenófis IV – é um dos faraós mais conhecidos e o mais controverso da história do Egito. Seu casamento com Nefertiti, uma princesa de origem mitani, indica a preocupação do Império em articular alianças com os reinos e impérios vizinhos, com os quais começava a ter conflitos ou interesses comuns. Aquenaton, como passou a se chamar, é célebre por ter realizado uma reforma religiosa de caráter monoteísta, substituindo o tradicional politeísmo do povo egípcio pelo culto ao deus Aton, representado pelo disco solar. Por isso, também mandou construir uma nova cidade – Aquetaton – para onde transferiu a capital do Império. A reforma atoniana, além dos seus aspectos de cunho exclusivamente religioso, tinha também um caráter marcantemente político. Significava, por um lado, uma tentativa de afirmar a supremacia da autoridade do faraó, que sempre foi rivalizada pelo poder, riqueza e influência dos sacerdotes tebanos; por outro lado, representava um esforço no sentido de criar uma religião de caráter universalista para justificar o domínio sobre os povos que haviam sido subjugados pelos egípcios. A nova religião buscava por meio do culto ao Sol, que era uma divindade comum a todos os povos do Oriente Médio, integrar os povos conquistados, legitimando sua dominação. Após a morte de Aquenaton, que foi sucedido por Tutankamon, o clero tebano promoveu uma reação que culminou com a proibição do culto a Aton, e restabeleceu a preponderância de Amon.
Ramsés II – Foi o último dos grandes faraós do Novo Império. Retomou a política expansionista do tempo de Tutmés III e acabou entrando em choque com o Império dos hititas, povo da Ásia Menor. Em 1278 a.C. a guerra chegou ao fim com a assinatura de um tratado de paz, citado como o primeiro de que se tem notícia, que estabelecia uma fronteira comum e um condomínio dos dois impérios na região. Depois do reinado de Ramsés, o Egito foi, gradualmente, perdendo seus domínios na região.
Com a XX dinastia começou um novo período de decadência da civilização egípcia. O Novo Império terminava exaurido e esgotado economicamente pelas longas campanhas militares. Enfraquecido, o Império passou a ser atacado por sucessivas levas invasoras por parte dos “povos do mar” e também dos líbios, núbios e etíopes. Cada vez mais debilitado, o Egito foi finalmente conquistado pelos assírios em 662 a.C. Essa fase final é denominada Baixo Império.
O RENASCIMENTO SAÍTA E O FIM
O Egito viveu um último momento de autonomia e desenvolvimento a partir da XXVI dinastia. Psamético I, seu fundador, expulsou os assírios e instalou a capital na cidade de Saís. Nesse período, também conhecido como Baixo Império, a civilização egípcia recuperou, momentaneamente, seu antigo brilho e esplendor. A obra restauradora iniciada por Psamético teve prosseguimento com seu sucessor, o faraó Necau, que mandou construir o canal que ligava o Nilo ao Mar Vermelho. Nessa época, os egípcios tiveram contato intenso com os gregos que, além do comércio, muitas vezes lutaram como mercenários a serviço dos faraós.
Em 525 a.C., no reinado de Psamético III, os egípcios foram derrotados por Cambises, o imperador dos persas, na Batalha de Pelusa. Depois do domínio persa, o Egito foi incorporado pelos gregos e macedônios, em333 a.C. Depois da morte de Alexandre, tornou-se um reino helenístico herdado por um dos seus generais. A dinastia ptolomaica governou até a época de Cleópatra, quando o Egito passou para o domínio romano. A região ficou sob controle bizantino depois da queda de Roma e, no início da Idade Média, o país foi islamizado pelos árabes. Em 1517, o Egito foi transformado numa província do Império Turco-Otomano.
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