AS LUTAS DO POVO BRASILEIRO: A Revolta da Chibata (1910)


   A Revolta da Chibata foi um movimento que ocorreu logo no início da presidência do marechal Hermes da Fonseca. Em pleno século XX, os nossos marinheiros ainda sofriam castigo corporal como penalidade para as faltas disciplinares. Apesar de o Brasil haver modernizado a sua esquadra e ter se transformado numa das grandes potências navais da época, o Código Disciplinar da Marinha continuava sendo o mesmo da época do Império e o recrutamento mantinha-se arbitrário, semelhante mesmo a um seqüestro, com serviço obrigatório de 10 a 15 anos. O “Minas Gerais”, um dos maiores encouraçados do mundo, foi palco da cena que se tornou o estopim da revolta, quando o marinheiro Marcelino Rodrigues foi açoitado, no convés. Esse fato desencadeou uma revolta que já havia sido planejada pelo marinheiro João Cândido, o Almirante Negro.


    Na noite de 22 de novembro, os marinheiros se amotinaram e assumiram o comando do “Minas Gerais”. Outros marujos se apossaram dos encouraçados “Bahia”, “São Paulo”, “Deodoro” e apontaram seus canhões para os principais pontos do Rio de Janeiro. A rebelião recebera o apoio de alguns parlamentares e de parte da população carioca. Sem forças para dominá-la, o marechal Hermes cedeu às exigências, pondo fim aos açoites e anistiando os revoltosos. Entretanto, logo depois, ignorando a promessa que havia feito, o governo federal baixou o decreto que afastava os marinheiros julgados indesejáveis, mandando prender 22 deles. Atemorizados, os marinheiros se insurgiram mais uma vez, sendo, desta vez, bombardeados por canhões do exército e da própria esquadra, o que ocasionou a morte de grande número de rebeldes. A quantidade de prisioneiros foi enorme, e alguns foram embarcados para a Amazônia. No caminho, sete deles, acusados de conspiração, foram mortos. João Cândido e 17 outros marinheiros foram presos na ilha de Cobras, onde 15 deles pereceram alguns dias depois. João Cândido sobreviveu, mas foi internado no Hospital dos Alienados no Rio de Janeiro, mesmo tendo os laudos médicos confirmando que não estava louco. Julgado em 1912, foi absolvido juntamente com todos os marinheiros que sobreviveram à revolta. O preço pago foi alto, sem dúvida, mas os castigos corporais estavam abolidos, definitivamente, na Marinha.

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