AS LUTAS DO POVO BRASILEIRO: A Balaiada (1838-41)

   A Balaiada foi uma revolta muito característica das rebeliões que marcaram o Período Regencial. A divisão política da classe dominante e sua oposição ao poder central abriram caminho para o levante das camadas populares que fugiram do controle da aristocracia rural e dos comerciantes. Na medida em que o movimento popular ultrapassou os limites que interessavam à elite e deixou de ser um mero instrumento na sua luta pela autonomia provincial, a classe dominante regional abandonou os revoltosos e enfraqueceu o movimento. A revolta acabou sendo controlada por Luís Alves de Lima e Silva. Ao vencer os balaios na cidade de Caxias, ele recebeu seu primeiro título de nobreza, barão de Caxias.

   Na época da revolta, o Maranhão vivia uma crise econômica e quase metade da população, cerca de 200.000 pessoas, eram escravos. Grande parcela do povo era formada por sertanejos miseráveis, além de artesãos pobres. A classe dominante era composta por grandes proprietários rurais e por comerciantes ricos. Juntamente com o pequeno segmento de classe média, a elite estava dividida em dois partidos: os bem-te-vis (liberais) e os cabanos (conservadores). Tal como ocorria no resto do país, os liberais reivindicavam mais autonomia para a província. No Maranhão, ainda era forte a presença dos portugueses, tanto no comércio como no exército e nos cargos da administração publica, o que também desagrava os maranhenses. A revolta popular foi liderada por Manuel Balaio, que era seguido pelos artesãos pobres como ele. Aos balaios juntaram-se vaqueiros, comandados por Raimundo Gomes, o Cara Preta, e milhares de escravos fugidos, que seguiam o negro Cosme.


   A elite liberal apoiou o movimento popular, tentando usá-lo na sua luta contra o poder central e, também, para afastar os lusitanos dos postos que ocupavam e, assim, ocupar o poder. O levante se espalhou pela província e, depois de renhida luta, os balaios tomaram a vila de Caxias, em 1839. No ano seguinte, o governo regencial nomeou Luis Alves de Lima e Silva para ser presidente da província. O futuro Duque de Caxias decretou a anistia dos revoltosos que se rendessem. A elite maranhense abandonou o movimento e quem resistiu foi derrotado. Alguns líderes populares foram presos e outros foram perseguidos até serem capturados e executados. Terminava uma das revoltas populares mais significativas da nossa história, que envolveu as camadas mais pobres da população, enquanto setores da elite dominante se acomodavam numa partilha do poder local

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