CIVILIZAÇÃO GREGA - Período Homérico (1.200-750 a.C.)

   Esse período, inicialmente marcado por um retrocesso sócio-cultural, pode ser conhecido através da Ilíada e da Odisséia, poemas épicos escritos por Homero, de onde deriva a denominação dessa época. A Ilíada narra o cerco, e a destruição da rica cidade de Tróia pelos micênicos para resgatar Helena, esposa de Menelau, que havia sido raptada por Páris, um príncipe troiano. A Odisséia descreve a epopéia de Ulisses, chefe guerreiro que tenta voltar para casa depois da guerra mas precisa enfrentar muitas dificuldades e perigos, enquanto realiza inúmeras façanhas. Na ilha de Ítaca, onde Ulisses era rei, esperava por ele sua fiel esposa Penélope. Enquanto aguardava seu regresso, ela tecia (sem nunca terminar) um longo manto, para não ter que casar com os pretendentes que a assediavam.

   Nas duas principais obras da mitologia helênica, atribuídas a Homero, e também naquilo que foi relatado por Hesíodo em Os Trabalhos e os Dias, temos informações importantes sobre o modo de vida dos antepassados dos gregos, que viviam um uma sociedade comunal. Apesar de existirem referências às desigualdades sociais, como um escravo que trabalha na terra ao lado de Ulisses ou o tetes miserável que Aquiles dizia que preferia ser entre os vivos, que ser o rei do Hades, a sociedade grega daquela época ainda não estava dividida em classes. Era uma sociedade gentílica, ou seja, estava organizada em clãs (genos) que cultivavam a terra e criavam rebanhos em regime de comunidade. Ainda não existia a propriedade privada e a riqueza produzida pelo esforço conjunto do clã era distribuída segundo as necessidades de cada família. Os membros do clã, que estavam ligados por laços de parentesco e por um mesmo ancestral, seguiam a autoridade do patriarca (pater), isto é, seu membro mais velho e vários clãs formavam uma tribo.


   Essa sociedade gentílica começou a desaparecer no final do Período Homérico, quando se deu a partilha da terra e surgiu a propriedade privada. A divisão da terra e dos rebanhos, que teria sido realizada pelo pater, provavelmente beneficiou seus filhos e os parentes mais próximos. Assim, algumas gerações mais tarde, era possível perceber, nitidamente, o surgimento de uma sociedade dividida em classes. Com a desagregação da sociedade gentílica surgiu, de um lado, uma classe de grandes proprietários que passou a formar uma poderosa aristocracia, de outro, emergiu um amplo segmento constituído de pequenos proprietários pobres e, especialmente, de homens sem terra que, para poder sobreviver, precisaram se colocar sob a dependência dos aristocratas. Outros encontraram no comércio e no artesanato uma alternativa para garantir seu sustento. Por outro lado, a pressão gerada pelo crescimento demográfico e pela escassez de terras fez com que migrassem muitos gregos em busca de vida melhor. Uma segunda grande diáspora espalhou colônias gregas na orla do Mar Negro, no sul da Itália e no norte da África. Surgiram, entre os séculos IX e VII a.C., na Grécia e nas regiões que os gregos colonizaram, mais de trezentas póleis, as cidades-estado que caracterizaram, daí para frente, a evolução histórica da civilização grega.

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