CIVILIZAÇÃO GREGA - A CIDADE-ESTADO DE ATENAS

Atenas situa-se na Ática, região no sudeste da Península Balcânica. A cidade foi fundada por descendentes dos jônios, indo-europeus que avançaram na região balcânica por volta do século XV a.C., e cresceu numa planície próxima do litoral e do porto de Pireu. Cercada por pequenas montanhas e voltada para o mar, Atenas logo estabeleceu contatos externos e dela partiram muitos gregos que foram instalar colônias em outras regiões. A região da Ática, pelo seu isolamento terrestre, não sofreu diretamente com a devastação ocorrida com a invasão dos dórios e teve uma passagem da sociedade gentílica para a sociedade de classes causada pela partilha da terra, no final do período homérico, quando surgiu a propriedade privada. Com o desenvolvimento do comércio e do artesanato a estrutura sócio-econômica passou por mudanças que determinaram, por sua vez, transformações nas instituições políticas. Além disso, o contato com outros povos e culturas contribuiu para que em Atenas surgisse uma mentalidade mais aberta e progressista.

   A desagregação da sociedade gentílica dividiu a sociedade ateniense, inicialmente, e três camadas: os eupátridas, que eram aristocratas grandes proprietários de terras, os georgoi, que eram pequenos agricultores e, ainda, os demiurgos, que formavam a classe dos comerciantes e artesãos. Na medida em que se desenvolveu o comércio com as colônias e com outros povos, cresceu também o número de metecos, ou seja, forasteiros e seus descendentes, mesmo nascidos em Atenas. O desenvolvimento do comércio e do artesanato fizeram com que a camada dos demiurgos prosperasse mas, por outro lado,  a concorrência dos produtos agrícolas importados das colônias contribuiu para arruinar os pequenos proprietários e aumentar a concentração de erras. Isso significa que cresceu o número de miseráveis, os tetes, sem terra e sem trabalho. Aumentou, também, o número de escravos, seja pela escravidão por dívidas, seja pelo desenvolvimento do comércio.

   No Período Arcaico, as cidades gregas eram governadas por um rei denominado basileus. Em Atenas o rei era assessorado por um conselho de nobres, o Areópago, que limitava o poder do monarca. Aos poucos, o poder de fato foi sendo transferido para as mãos dos nove arcontes, magistrados nomeados pelo conselho pelo prazo de um ano, que eram responsáveis pelas funções executivas. O conselho, que possuía o poder legislativo, apresentava as propostas de leis ou medidas que podiam ser aprovadas ou reprovadas pela Eclésia, a Assembléia popular. Nessa época, somente os eupátridas, isto é, os “bem-nascidos” podiam participar da Assembléia, ocupar um lugar no conselho ou exercer o arcontado. Na medida em que se desenvolveram a agricultura, o comércio e o artesanato novas camadas sociais emergiram com força na pólis e passaram a reivindicar direitos políticos. Por outro lado, a difusão da escravidão por dívidas e a pauperização dos pequenos proprietários geraram tensões e fizeram aumentar o descontentamento de boa parte do povo ateniense. Nesse contexto de transformações econômicas e de pressões sociais ocorreu uma polarização das forças políticas. De um lado a aristocracia procurava preservar seus privilégios, de outro, o demos procurava conquistar direitos. Foi nesse quadro de crise que surgiram os legisladores e os tiranos.

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