Grandes Batalhas: A Batalha do Marne (1914)


No dia 2 de agosto de 1914 os alemães invadiram o pequeno reino de Luxemburgo. Na mesma noite, a Bélgica também recebe um ultimato: ou abre passagem para as tropas germânicas cruzarem seu território ou teria que enfrentar o poderio bélico alemão. A idéia era abrir caminho até Paris numa ofensiva relâmpagopara derrotar os franceses mas a campanha desembocou num impasse, sem vitórias conclusivas de nenhum dos lados. O campo de batalha europeu se estenderia da fronteira da Suíça até o litoral da Bélgica. Nesse pedaço de terra, com cerca de 600 quilômetros de extensão, alemães enfrentaram franceses, ingleses e, no final do embate, também americanos. O Front Ocidental se tornoui a principal zona de combate da I Guerra Mundial. Havia focos do conflito espalhados pela África, Oriente Médio, Bálcãs e Rússia, mas o palco das grandes batalhas foi o coração da Europa.
Com a investida sobre a Bélgica os alemães colocavam em prática a estratégia, conhecida como “Plano Schlieffen”. A estratégia previa um rápido movimento das forças germânicas pelo norte da França para flanquear as tropas francesas que ficariam cercadas. A capital, Paris, seria em seguida conquistada e a guerra concluída. A invasão da Bélgica era essencial para uma vitória fulminante, que evitaria a longa linha fortificada construída na fronteira franco-germânica. Contra todas as expectativas, entretanto, a Bélgica resistiu à exigência germânica e, por duas longas semanas, as tropas da Alemanha ficaram retidas no complexo de fortalezas belgas, em Liége e Namur.
Em 4 de agosto de 1914, dois dias após a invasão de Luxemburgo, a I Grande Guera explodiu. A Alemanhadeclarou guerra à França. E a Inglaterra, por sua vez, declarou guerra à Alemanha. No dia 20, Bruxelas estava conquistada. O exército germânico era tão extenso que demorou três dias para atravessar a cidade. E o caminho para Paris ficou livre. No dia 30 de agosto, a capital francesa foi então desocupada e o governo transferido para Bordeaux. No mesmo dia, as tropas russas haviam sido massacradas pelos germânicos na batalha de Tannemberg, no Front Oriental.
A oportunidade de deter a Alemanha na frente ocidental surgiu quando o exército alemão, em vez de avançar diretamente para Paris marchou para o sudoeste, a fim de acabar com o quinto exército francês. Ao fazer tal movimento, os generais alemães deixaram seu exército desprotegido, ao alcance do improvisado sexto exército francês, que guardava Paris. O general Joffre, percebendo a oportunidade, ordenou um ataque conjunto no dia 6 de setembro, no Marne. Mesmo assim, a batalha travada nas cercanias da capital francesa quase se transformou em derrota. França e Inglaterra foram salvas pela intervenção dos taxistas parisienses. Como não havia tempo para organizar transporte, os carros de praça acabaram convocados como auxiliares de guerra. Conseguiram levar, em 600 veículos, mais de 6 mil soldados para a área do conflito. As tropas francesas conseguiram, então, paralisar a ofensiva alemã. Mas, a partir daí, a guerra virou um grande impasse. Nos meses seguintes, os alemães recuaram para o rio Aisne, e os soldados cavaram abrigos na terra. Em pouco tempo, trincheiras de ambos os lados cobriam todo o Front Ocidental.
O que havia começado como um conflito de movimento tornou-se uma luta estática. Em 1915, tanto os aliados quanto a Alemanha tentaram, em vão, rompimentos nas linhas inimigas. Os germânicos atacaram em Yprès, no norte, com 168 toneladas de gás de cloro: cerca de 59 mil britânicos e 10 mil franceses morreram, contra 35 mil alemães. Os aliados responderam com investidas em Artois, onde perderam 300 mil homens. Os franceses tentaram quebrar a linha em Champagne, a um custo de 250 mil vidas.
Ao final de um ano de combates, nenhum dos lados havia avançado sequer 10 quilômetros. O Front Ocidental tornou-se uma zona de massacre sem precedentes na história das guerras. Milhões de homens foram sacrificados inutilmente numa matança que parecia interminável. Se 1915 foi ruim, 1916 foi ainda pior. Do lado alemão, o comandante Erich Von Falkenhayn decidiu pôr em ação uma estratégia: atacariam em uma região imprescindível para os aliados. Quando as tropas inimigas estivessem aglomeradas, ele as aniquilaria com um ininterrupto fogo de artilharia. O ponto estratégico escolhido foi Verdun, um complexo de fortalezas vital para os franceses, atacado em 21 de fevereiro. A batalha de Verdun resultou em uma carnificina: 434 mil alemães mortos ou feridos. E 550 mil franceses fora de combate. A trágica investida só terminou graças a outro massacre. Em 1º de julho começava a batalha do Somme, ofensiva britânica que tinha como objetivo desviar a atenção germânica de Verdun. Para se ter uma idéia do desastre, apenas no primeiro dia, o exército britânico sofreu o recorde de 60 mil baixas. Após cinco meses de luta, a Inglaterra pôs fim ao combate. O país havia perdido 420 mil homens. Os franceses contribuíram com 200 mil vítimas, e os alemães com outras 500 mil.

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