História do Século XX: A Ascensão do Nazismo


A DÉCADA DE 30 E A ASCENSÃO DO NAZISMO

A quebra da Bolsa de Nova York e a Grande Depressão da década de 30 só acentuaram a tendência à polarização político-ideológica, que se instalara com a crise econômica e social que se seguiu ao final da I Guerra Mundial (1914-18). Além de aumentar as tensões dentro de cada país, a grande depresssão fez crescerem, também, os conflitos internacionais. A superprodução agrícola e industrial, combinada com a especulação financeira, desencadeou uma crise econômica profunda, que logo se alastrou dos EUA para o resto do mundo. Em pouco tempo, o comércio internacional se retraiu em mais de 50% e a queda na produção e nas exportações criou milhões de desempregados em todos os países.
Na América Latina, a crise das economias agro-exportadoras enfraqueceu as tradicionais oligarquias e levou ao poder governos que muitas vezes, adotaram projetos reformistas e nacionalistas, que deram início a mudanças modernizadoras e a transformações estruturais nestes países. Na Ásia e na África, o desgaste das potências européias faz crescer o movimento de libertação nas regiões coloniais. Na China, mergulhada num caos em que os grandes senhores da guerra, aliados ou em guerras entre eles enquanto os EUA e o Japão procuravam ocupar o espaço deixado pelas potências européias em crise.
Na Europa, os efeitos da crise econômica foram catastróficos. A produção industrial e as exportações despencaram, e o desemprego de milhões de trabalhadores, em cada país, fez explodirem as tensões sociais. As medidas protecionistas adotadas pelos governos, num ato desesperado para amenizar o colapso econômico, sepultaram de vez o liberalismo econômico e a democracia liberal também sucumbia por todo lado. Na década de 30, somente a Inglaterra e a França conseguiram manter regimes democráticos, enquanto regimes ditatoriais proliferaram por toda Europa e um totalitarismo de esquerda se afirmava na União Soviética stalinista. O Brasil refletiu nitidamente as tendências dessa época, em especial a partir de 1937, com o golpe de Getúlio Vargas que implantou o Estado Novo, de inspiração fascista.
A Alemanha foi a potência européia que sofreu mais dramaticamente os efeitos da Grande Depressão. Humilhada ao final da I Guerra pelo Tratado de Versalhes, tinha sido despojada de suas colônias, de sua marinha mercante e do seu poderio militar, além de ter sido obrigada a assumir o pagamento de uma pesada indenização. Mas continuava sendo uma potência econômica, sua capacidade industrial não tinha sido abalada, e, além do mais, os alemães nunca se conformaram com a derrota na guerra. A jovem República de Weimar, que tinha conseguido reprimir a revolta espartaquista e conter o “putsch” de Munique (1923), que conseguira sobreviver à hiperinflação e ao caos econômico e social, não resistiu, contudo, ao impacto da crise desencadeada em 1929.
As esquerdas, divididas, não conseguiram impedir a ascensão do nazismo. Nas eleições de 1932, os nacional-socialistas elegem mais de 200 deputados para o parlamento. Apoiado pela burguesia industrial e financeira, pela aristocracia latifundiária (que controlava o exército), pela classe média apavorada e jogada repentinamente na miséria, e contando ainda com o desespero de milhões de desempregados os nazistas subiram ao poder e instalaram, em pouco tempo, um regime de terror. Violência e intimidação permitiram a Hitler implantar na Alemanha, a partir de 1934, uma ditadura pessoal nos mesmos moldes do fascismo italiano. Logo foram instalados os primeiros campos de concentração e foram adotadas as primeiras medidas de caráter anti-semita.
O expansionismo dos regimes totalitários do entre-guerras, em especial o imperialismos alemão e japonês, conduziriam o mundo para uma nova guerra. No início da década de 30 o Japão havia invadido a Manchúria, apesar dos protestos da Sociedade das Nações, que caía em descrédito. Na Europa, Hitler dava início, em 1935, a militarização da Alemanha e, no ano seguinte, ocupava militarmente a fronteira com a França. Em 1936, eclodiu a Guerra Civil Espanhola, verdadeiro prenúncio da II Grande Guerra. As elites espanholas, a Igreja e a cúpula do exército não aceitaram o governo da Frente Popular que ganhara as eleições e promoveram um golpe de Estado que mergulhou o país numa violenta guerra civil. Com o apoio de Hitler e Mussolini, o General Frâncico Franco conseguiu derrotar, em 1939, as forças democráticas e esquerdistas e implantar, também na Espanha, uma ditadura fascista.
Enquanto isso, no Oriente, o Japão invadia a China e, na Europa, a Itália ocupava a Albânia. A Alemanha, dando prosseguimento aAlemanha, dando prosseguimento to estavam arruinados e endividados.cera completamente conquista de seu “espaço vital”, anexava a Áustria e a região dos Sudetos, na fronteira tcheca. O expansionismo nazista contava com o apoio da direita internacional enquanto a Inglaterra e a França adotavam, convenientemente, uma postura de neutralidade ou uma “política de apaziguamento”, que mais alimentavam a agressividade nazista do que evitavam uma guerra. Na Conferência de Munique, em setembro de 1938, a diplomacia anglo-francesa demonstrou isso claramente, ao consentir com o desmembramento da Tchecoslaváquia. Em agosto de 1939, Hitler surpreenderia o mundo, ao firmar com Stalin o pacto de não agressão nazi-soviético. No dia 1º de setembro, a invasão da Polônia daria início a maior catástrofe que a humanidade já produziu em todos os tempos. Pela primeira vez, praticamente toda população do planeta seria atingida direta ou indiretamente pelos efeitos da guerra. Ao assumir um caráter de confronto ideológico, como luta entre a democracia e o totalitarismo, a II Guerra Mundial mobilizou, além de um gigantesco esforço material, as paixões de centenas de milhões de seres humanos. O racismo, que também serviu de suporte ideológico para o nazismo e para o imperialismo japonês, permitiu que se cometessem crimes e atrocidades indescritíveis contra as populações civis de países ocupados.

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