História do Século XX: A Ascensão do Fascismo


A DÉCADA DE 20 E A ASCENSÃO DO FASCISMO

Há noventa anos, quando terminou a I Grande Guerra, uma onda de pacifismo se espalhou pelo mundo. Traumatizados pela matança e pela destruição causadas pelo conflito, os povos pareciam ter se convencido de que nunca mais teriam que enfrentar os horrores da guerra. A euforia e o entusiasmo com que os exércitos haviam marchado para os campos de batalha em 1914, gerados pela propaganda militarista e pela exaltação do nacionalismo desapareceram em pouco tempo e foram substituídos pelo pavor e pela desilusão. À partir de 1917, decepção e a revolta tornam freqüentes as deserções em massa e os atos de insubordinação. Quando a guerra terminou, em 1918, a Europa estava devastada. Os países que se envolveram no conflito estavam arruinados e endividados. Dezenas de milhões de pessoas tinham morrido ou foram mutiladas e outros tantos milhões foram desenraizados ou estavam desalojados. Interessante observar que, para alguns, tudo aquilo era apenas o parto traumático de uma nova era. E essa idéia era reforçada por um fato extraordinário: a eclosão da revolução socialista na Rússia.
A idéia de que a guerra era coisa do passado e de que uma nova era de justiça social estava nascendo era, obviamente, uma ilusão. Os anos que se seguiram ao final da I Guerra foram marcados, na Europa, por um quadro de crise generalizada. A desmobilização dos exércitos gerou desemprego em massa em diversos países. A infra-estrutura da economia, devastada ou desorganizada, precisava ser reconstruída e readaptada aos tempos de paz. A inflação e a escassez impunham fome e sofrimento às populações. Greves, motins, protestos a agitação social se espalharam por todos os países. Os governos se mostravam impotentes frente às dificuldades econômicas e incapazes de lidar com as pressões sociais. Nesse contexto de crise profunda, o radicalismo e a instabilidade política cresceram em toda Europa.
Em 1919, foram sufocadas revoluções socialistas na Alemanha e na Hungria. Na Rússia, terminada a guerra civil, os bolcheviques se davam conta de que a revolução socialista estava isolada e teria que enfrentar sozinha a reação do capitalismo. Mesmo assim, o esquerdismo avançava em toda a Europa e partidos comunistas cresciam rapidamente em meio à crise e ao descontentamento popular. Assustadas com o avanço do comunismo, as elites assumiam uma postura cada vez mais reacionária e passaram a apoiar a implantação de governos ditatoriais que restabelecessem a ordem. Nesse quadro de radicalismo político e tensão social, que marcou a década de 20, a democracia desmoronava e regimes autoritários se instalavam na Hungria, na Itália, na Albânia, Polônia, nos países bálticos, em Portugal e na Iugoslávia.
Na Itália, onde a crise do pós-guerra se somara à frustração com as determinações do Tratado de Versalhes, os fascistas deram uma demonstração de força, em 1922, que ficou conhecida como “marcha sobre Roma”. Mussolini foi nomeado primeiro-ministro e, a partir daí, através da fraude nas eleições e da violência, passando pelo assassinato dos opositores, os fascistas acabaram por implantar uma ditadura na Itália. O parlamento foi fechado, a imprensa colocada sob censura e as greves foram proibidas e a oposição foi brutalmente reprimida. O fascismo italiano serviria de modelo para os regimes totalitários do entre-guerras, cuja função principal foi sanear a estrutura capitalista abalada pela crise, contendo o avanço do esquerdismo. Estabelecia um regime de exceção, que suspendia as liberdades individuais em favor de um Estado forte, representado por um líder carismático, que passou a dirigir a economia, a regular as relações sociais e a impor um rígido controle ideológico sobre a educação e as manifestações culturais. O fascismo procurava mascarar a luta de classes através de um forte apelo nacionalista, ou seja, defendia a idéia de que acima dos interesses dos indivíduos ou das classes sociais estavam os interesses maiores da nação, representados pelo Estado. O militarismo e o expansionismo eram elementos ideológicos típicos do fascismo que usou, pela primeira vez, uma intensa propaganda através dos meios de comunicação de massa (o rádio) para difundir seus valores ao mesmo tempo em que cultuava a personalidade do líder que encarnava a nação.

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