As Guerras do Século XX: A Guerra Civil Libanesa (1975-90)


O Líbano atual surgiu como estado independente logo após o final da II Guerra Mundial (1939-45), depois da retirada das tropas francesas. Com a desintegração do Império Turco-Otomano, que havia sido arrastado para a Primeira Grande Guerra (1914-18) pelos tratados que firmara com a Alemanha, a França impôs seu domínio sobre o território libanês através de um “mandato” da Liga das Nações”. Os países árabes, que também surgiram no Oriente Médio com o colapso do Império do Levante, sempre viram o Líbano como um país criado artificialmente pelo colonialismo europeu, ou seja, um resquício da dominação ocidental.
Isso se explica, em parte, pelo fato do país possuir uma parte considerável da população formada por cristãos e que controlam boa parte da economia. Na verdade, o país apresenta uma grande diversidade étnico-religiosa e é habitado por cristãos maronitas, ortodoxos, católicos, e protestantes, enquanto os muçulmanos estão divididos em sunitas, xiitas e drusos. Em Beirute, o lado ocidental é habitado por muçulmanos, enquanto no lado oriental, mais rico, está concentrada a população cristã.
Nas décadas de 50 e 60 o Líbano passou por um período de enorme prosperidade, o que tornou o país conhecido como “a Suíça do Oriente”. Entretanto, o aumento do números de refugiados palestinos, instalados especialmente na fronteira sul, acabou por romper, no início da década de 70, o frágil equilíbrio que existia entre as várias facções políticas libanesas. Também no início da década subia ao poder o líder sírio Hafez Assad que, apoiado pelo partido pan-arabista Bath, retomou o projeto de formação de uma “Grande Síria” que incluía a anexação do território libanês.
O estopim da crise foi um atentado promovido pelo cristãos, em abril de 1975, contra um ônibus escolar de muçulmanos palestinos e libaneses. As tensões explodiram numa guerra civil que opôs uma coalizão druso-muçulmana, que apoiava os palestinos, a uma aliança maronita cristã de direita, que qeria expulsa-los do Líbano. O exército libanês fragmentou-se em facções rivais, e o governo praticamente deixou de funcionar. Em 1976, diante da iminência de uma vitória do bloco esquerdista, a Síria invadiu o país, para defender a facção cristã-maronita. Quando os cristãos estabeleceram uma aliança com Israel, entretanto, os sírios mudaram de lado e voltaram a apoiar o bloco muçulmano.
Enquanto tropas sírias continuavam aquarteladas no norte do Líbano, forças israelenses faziam incursões no sul do pais para fustigar posições dos guerrilheiros palestinos. Em 1982, Israel invadiu o Líbano e bombardeou Beirute, forçando a retirada da OLP. Em setembro, com permissão israelense, milícias cristãs libanesas invadiram os campos de refugiados de Sabra e Chatila e, indiscriminadamente, massacraram mais de mil civis. O fato chocou a opinião pública e fez crescer a pressão sobre Israel que, no entanto, só deixou o território Libanês em1985. A essa altura, o Líbano estava arrasado e Beirutr tornara-se um monte de escombros.
A guerra civil se prolongou até 1990, quando um acordo entre as várias facções libanesas celebrou uma paz definitiva. A Síria manteve forças ocupando o norte do país, procurando controlar as principais instituições libanesas. Sob a liderança do primeiro ministro Rafik Hariri (que seria assassinado em 2005) teve início a recuperação econômica do Líbano e a reconstrução de Beirute, que estavam totalmente devastados, pelos efeitos da guerra. O frágil equilíbrio entre as facões libanesas e as tensões entre Israel e os guerrilheiros do Hezbollah, instalados no sul do país continuaram gerando, nos últimos anos, reflexos na política libanesa.

Comentários