História da Filosofia: Os grandes humanistas do Renascimento Cultural


ERASMO DE ROTTERDAM (1465-1536), agostiniano de origem humilde que nunca aderiu, de fato, à vida monástica foi um dos maiores humanistas da Idade Moderna. Em vários textos que escreveu o grande pensador holandês fez duras críticas à filosofia escolástica, ridicularizando as intermináveis discussões dos teólogos sobre sutilezas do mistério divino e outras inúteis polêmicas dogmáticas. Estabeleceu fortes laços com Thomas Morus e conheceu os principais pensadores de sua época, entre eles JOHN COLET (1467-1519), através de quem ele tomou contato com textos produzidos por filósofos ligados ao platonismo florentino. Convenceu-se, então, da necessidade de fundamentar toda consideração teológica na crítica filológica do Novo Testamento, e encarregou-se de traduzi-lo diretamente do grego.
Na sua obra mais importante, O Elogio da Loucura, Erasmo retrata os tipos humanos de sua época e denuncia sua hipocrisia e mediocridade. Critica especialmente os abusos e a imoralidade do clero e a corrupção e ostentação de riqueza por parte da Igreja. O humanista holandês despreza a pompa e as formalidades dos rituais e mostra-se adepto de um cristianismo simples e sincero baseado nos ensinamentos que estão nos Evangelhos. Ele denomina de “filosofia cristã” sua proposta de um cristianismo reformado que, resgatando sua essência humanista, estabelece uma ética baseada na caridade e no amor ao próximo e, por isso, em nada se assemelha a uma teologia dogmática e especulativa. Erasmo foi uma espécie de consciência crítica do clero, mas nunca esteve disposto a romper com a Igreja, e quando teve que se posicionar sobre o conflito desta com os protestantes, não hesitou em condenar Lutero e suas teses.



MICHEL DE MONTAIGNE (1533-1592) foi um pensador que também retratou a sociedade e os costumes de sua época. Nos seus Ensaios, temos uma crítica contundente dos valores da cultura medieval e uma das mais representativas obras do renascimento cultural na França. Nessa obra existe uma cuidadosa observação e um rico exame do comportamento humano, tanto nas questões espirituais mais elevadas quanto na sua mesquinharia cotidiana. Nela, ele analisa e descreve uma variedade de tipos e personagens, com seus traços grotescos e seu comportamento contraditório vivendo suas vidas insignificantes e medíocres, seus medos e alegrias, sonhos e frustrações.
Montaigne busca algo que seja essencial no ser humano e, nesse sentido, ele tenta compreender sua própria existência através da observação da vida das outras pessoas. Seu pensamento é marcado por um forte ceticismo e, segundo ele, é melhor a dúvida, pois “só os loucos têm certeza absoluta em sua opinião”. Ele dizia que estudava a si mesmo mais do qualquer outra coisa e que isso constituía toda a sua física e toda a sua metafísica. O grande pensador francês acreditava que cada pessoa precisa construir seus próprios conceitos à partir de suas disposições e inclinações, desde que sua sabedoria esteja baseada numa afirmação positiva da vida.

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