Filosofia Moral: A Ética ao longo da História (3)


NA IDADE MODERNA

Na Idade Moderna, o movimento renascentista desenvolveu uma cultura de caráter antropocêntrico. A produção filosófica foi marcada pela retomada do humanismo e do racionalismo, o que se reflete em uma ética orientada para a autonomia humana. Os primeiros humanistas, como Pico Della Mirandola, exaltaram a dignidade do homem, suas potencialidades e suas realizações. Outros pensadores, como Maquiavel, separaram pela primeira vez a Ética das questões políticas, enquanto filósofos como Espinoza aplicaram um racionalismo radical na interpretação das questões religiosas e morais. O racionalismo e o liberalismo foram os princípios fundamentais que nortearam os filósofos ilustrados do século XVIII, como Voltaire, na sua crítica da velha sociedade. A relação entre pedagogia e moral apareceria na obra de pensadores como Rousseau, cujo conceito do “bom selvagem” colocou a questão dos valores da civilização sob nova perspectiva. Os filósofos do Iluminismo não aceitavam uma moral fundamentada em valores religiosos, mas sim em valores correspondentes à natureza humana, retomando o racionalismo grego.
O ponto culminante dessa nova forma de colocar as questões éticas aparece de maneira acabada na filosofia de Emmanuel Kant, mais precisamente numa de suas obras: a Crítica da razão prática.

Kant e a ética do dever: Segundo esse pensador, principal representante do Aufklãrung (Iluminismo) alemão,, a razão é um predicado universal dos homens, e essa razão se caracterizaria por elaborar normas igualmente universais. Assim, em Kant, a noção de dever se confunde com a própria noção de liberdade.
O indivíduo que obedece de forma consciente (por dever) a uma norma moral está acentuando o reconhecimento à racionalidade humana, e, por conseguinte, à sua própria liberdade enquanto indivíduo. Assim expressa a célebre sentença kantiana: "Age de tal modo que a máxima da tua ação se possa tornar princípio de uma legislação universal". Assim, qualquer ação só será correta se puder ser universalizada, praticada por todos. Essa exigência deve ser sempre observada, para qualquer ação que venhamos a praticar, configurando o que Kant chamou de imperativo categórico.
Segundo esta lógica, todo ser humano deveria educar sua vontade, para alcançar a boa vontade, ou seja, buscar, através da razão, impedir que a nossa vontade seja afetada por inclinações (desejos, paixões e medos).
Dizemos que a ética kantiana é formalista, porque postula o dever como norma universalmente válida, desconsiderando a posição de cada indivíduo em cada situação. Sua teoria nos coloca a forma geral da ação moralmente correta, mas não prescreve nenhuma conduta específica como conteúdo para essa ação desejável.

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