História do Século XX: Dissidências no bloco soviético durante a Guerra Fria


Depois da morte de Stalin, em 1953, o novo líder soviético Nikita Kruschev (1953-64) promoveu mudanças na política externa e interna da URSS. Com o fim da Guerra da Coréia, também em1953, diminuía a tensão com os EUA e a Guerra Fria caminhava, gradativamente, para a coexistência pacífica. No plano interno, Kruschev deu início ao processo de “desestalinização” da URSS, flexibilizando o regime político que ultrapassou sua fase mais repressiva. No XX Congresso do PCUS denunciou os excessos da era stalinista e condenou o “culto à personalidade” do ex-líder. Os ventos da mudança estimularam reivindicações e demandas contidas dentro do bloco socialista. Ainda em 1956, na Hungria, um movimento que teve à frente a figura do líder Imre Nagy, tentou realizar reformas democráticas e cogitou retirar o país do Pacto de Varsóvia. Tropas soviéticas ocuparam a capital do país, prenderam as principais lideranças e sufocaram o movimento com violência.
O período do governo de Leonid Brejnev (1964-82) marcou o momento de apogeu e o início da crise do modelo econômico planificado adotado na URSS. No plano político, além da repressão e exílio nos campos da Sibéria de intelectuais e dissidentes políticos, Brejnev ordenou a intervenção de tropas russas aquarteladas na Tchecoslováquia, para reprimir o episódio que ficou conhecido como a “Primavera de Praga”(1968). O movimento conduzido pela ala progressista do PC tcheco, liderada por Alexander Dubcek, defendia um “socialismo com liberdade” e pretendia retirar o país do Pacto de Varsóvia. Cresceram, também, nesse período as tensões com a China que não aceitava a tutela russa e insistia em desenvolver seu próprio programa nuclear. A China testou sua primeira bomba atômica em 1964. As divergências culminaram com a retirada dos técnicos e do apoio russos e o rompimento entre os dois países. Em 1966, a Revolução Cultural desencadearia uma onda de radicalismo na China. Mao-Tse Tung, que perdera a liderança do Partido Comunista Chinês, incitou a rebeldia da juventude contra seus opositores acusando dirigentes e burocratas de serem corruptos ou revisionistas. No fim, o próprio Mao ordenou que o exército vermelho refreasse o movimento cujo radicalismo e excessos estavam fora de controle.
Os atritos entre a China e a URSS chegaram ao seu ponto culminante entre 1968-69, quando os dois países chegaram a travar pequeno confronto armado na fronteira. As divergências entre o PCUS e o PCC romperam, pelos menos parcialmente, a unidade do bloco socialista. A derrota no Vietnã, por outro lado, fazia desmoronar o sistema de alianças que os americanos haviam estabelecido no sudeste asiático. Tirando proveito do conflito sino-soviético, os EUA iniciam uma aproximação com a China e reatam relações diplomáticas com Pequim. A China ingressou, então, no Conselho de Segurança da ONU e, em 1972, o presidente Nixon visitou o país. Com a morte de Mao, em 1976, teve início processo de “desmaoização” da China. Opositores que haviam caído em desgraça na época da Revolução Cultural foram reabilitados. Entre eles estava Deng Xiaoping, responsável pelas reformas econômicas que impulsionaram o crescimento econômico chinês na década de 80.

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