Filosofia Moral: A Ética ao longo da História (1)


A moral, enquanto construção humana, está sujeita a transformações ao longo dos tempos. Os valores mudam, logo, os conceitos de bem e mal, certo e errado e os limites colocados para liberdade individual também se modificam. Assim, diversas foram as concepções éticas ao longo dos tempos.

NA ANTIGÜIDADE

O relativismo dos sofistas: Os sofistas afirmavam que não existem verdades universais. Daí, as normas morais seriam relativas. Protágoras, o mais famoso dos sofistas, afirmava que "o homem é a medida de todas as coisas".

A ética racionalista de Sócrates: Em sentido oposto à concepção dos sofistas, Sócrates acreditava na existência de uma essência humana, a partir da qual poderíamos conceber uma moral universalmente válida. Partia da premissa de que a qualidade essencial da humanidade é a razão, e dessa forma, o homem que age conforme a razão estaria, por conseguinte, agindo corretamente.

O idealismo de Platão: Platão parte do universalismo defendido por Sócrates, mas compreende a moral segundo a dicotomia ideal/material. De acordo com essa concepção, o corpo, sede dos desejos e das paixões, muitas vezes levaria o homem ao vício, desviando-o do caminho da virtude. Dessa maneira, o mundo material deveria se purificar para alcançar a perfeição da Idéia de Bem. Platão ainda considerava que esse ideal somente poderia ser perseguido em coletividade, não individualmente. Um homem bom, seria um bom cidadão da polis.

Aristóteles e a razão em busca do equilíbrio: A ética em Aristóteles passa pela seguinte questão: qual o fim último do ser humano? Segundo o filósofo, todos nós buscamos a felicidade. Para Aristóteles ela não se confundiria com o prazer, pura e simplesmente. A felicidade seria atingível pelo desenvolvimento da capacidade contemplativa, ou seja, a partir de uma vida teórica, em meditação. Nesse ponto seríamos capazes de distinguir o que é bom e o que é mau, considerando-se como virtude o equilíbrio. A coragem, por exemplo, seria uma virtude, meio-termo entre dois excessos: a temeridade (excesso de confiança) e a covardia (deficiência, ausência de confiança). Assim como Platão, Aristóteles também considera a ética vinculada à vida política. Aristóteles considera a ética como um ramo da política. Esta seria voltada para o bem comum, ao passo que aquela, estaria voltada para o bem-estar individual.

O Estoicismo: A ética estóica está assentada na idéia do autocontrole. A chave para a paz interior, e, por conseguinte, para a felicidade, seria a apathéia, ou seja, a aceitação de tudo o que acontece, pois tudo seria de um plano superior orientado por uma razão universal. Essa idéia de aceitação contraria, portanto, a concepção política de Platão.

O Epicurismo: Assim como no estoicismo, a ética epicurista está centrada na busca de uma paz interior. Mas para Epicuro, o caminho para isso seria a ataraxia, ou seja, um estado de impertubabilidade e uma atitude que nos desvia da dor. A felicidade consistiria em desfrutar dos verdadeiros prazeres nesta vida, mas que estão nas coisas do espírito.

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