Grandes Batalhas: A Batalha Aeronaval de Midway (1942)


A batalha de Midway é considerada o ponto de inflexão da guerra no Pacífico, porque foi a primeira grande vitória das forças americanas sobre o Japão na II Guerra Mundial.
Midway, deveria ser segundo os planos japoneses, a grande e definitiva batalha que arrasaria a esquadra americana, permitindo o completo domínio japonês no Pacífico.
Ainda influenciados pela decisiva vitória japonesa na batalha de Tsushima sobre os russos em 1905, parte dos comandos japoneses acreditavam que uma vitória decisiva do Japão sobre os Estados Unidos seria possível e que essa vitória levaria os Estados Unidos a assinarem a Paz.

A constituição das principais forças japonesas que sairam do Japão a 27 e 28 de Maio é a seguinte:
Uma força de submarinos enviada antecipadamente e constituída por 16 unidades.
Força de porta-aviões, conhecida como Esquadrão Naval Nr. 1 é comandada pelo Almirante Nagumo e destina-se a atingir Midway e a apoiar o ataque contra a ilha. Esta força é constituída por quatro unidades: Os porta-aviões Akagi, Soryu, Kaga e Hiryu. No entanto, por causa de divergências entre a marinha e o exército, dois porta-aviões adicionais tinham sido retirados a esta força para estarem presentes num ataque a efectuar contra Tulagi. Os porta-aviões são escoltados por vários cruzadores e contratorpedeiros.
Força de couraçados Esta força segue a cerca de 500 Km de distãncia da força de porta-aviões e é nela que está o comando das operações, sob o controlo do Almirante Yamamoto, que segue a bordo do super-couraçado Yamato, o maior couraçado alguma vez construído no mundo, acompanhado dos couraçados Nagato e Mutsu, que embora construídos entre 1920 e 1921, tinham sido extensamente modernizados entre 1934-1936, transformando-se em poderosos couraçados rápidos, com canhões de 406mm (ver fichas respectivas).
Força de transporte sob o comando do Vice-Almirante Hosogaya Moshiro que deverá desembarcar os 5.000 fuzileiros que seguem em doze navios de transporte e que são acompanhadas por dois couraçados e seis cruzadores pesados além de vários contratorpedeiros.
Força da Aleutas Sob o comando do Vice-Almirante Hosogaya a força é constituida por dois porta aviões ligeiros (Junyo e Ryujo), quatro couraçados (Ise, Hyuga, Fuso e Yamashiro). Esta força embora poderosa, destina-se a «enganar os americanos» tentando que estes dividam as suas forças.
No total as forças do Japão contam com:
8 porta-aviões, 11 couraçados, 22 cruzadores, 65 contratorpedeiros e 21 submarinos
Do lado americano as coisas são muito mais complicadas, pois as principais forças americanas tinham no total:
3 porta-aviões, 8 cruzadores e 15 contratorpedeiros
O grosso da força americana eram os três porta-aviões, que tinham escapado da destruição em Pearl Harbour. Ao ficar sem couraçados, os americanos ficaram sem grandes opções, pelo que as suas tácticas vão depender quase que exclusivamente da utilização de porta-aviões e do poder aéreo.
Inicialmente as forças americanas estavam divididas em duas forças. A Task Force 16 (Porta-aviões Enterprise e Hornet, seis cruzadores e nove contratorpedeiros) e a Task Force 17 (Porta-aviões Yorktown, dois cruzadores e seis contratorpedeiros). Estas forças juntaram-se em 4 de Junho de 1942.
Dos três porta-aviões americanos, um deles - o Yorktown - não estava operacional, pois sofrera grandes danos na batalha do Mar de Coral estando em reparações de emergência em Pearl Harbour que foram feitas de forma incrível, em apenas três dias.

Midway estava ainda defendida por aeronaves dos fuzileiros estacionadas na ilha, mas havia apenas 54 aviões dos fuzileiros navais (metade dos quais completamente obsoletos), 38 aviões da marinha (sendo 32 deles aviões de reconhecimento Catalina e 6 Avenger) e 23 aviões da Força Aérea, (entre os quais 17 bombardeiros B-17).
Midway, também estava equipada com dois radares que também foram importantes no aviso antecipado de aproximação de inimigos.
O sigilo da operação era da maior importância para os japoneses, mas a 10 de Maio os criptografos americanos que interceptavam e descodificavam em segredo as comunicações japonesas tinham já determinado que o ataque se daria contra uma ilha que os japoneses designavam como «AF» que os serviços secretos correctamente identificaram como sendo Midway.

Embora em clara desvantagem numérica, os americanos tinham a vantagem de conhecer melhor a situação do ponto de vista táctico.
Os acontecimentos relacionados com a batalha começam na realidade no dia 3 de Junho, quando pelas 0300 de 03JUN1941 a força do Vice-Almirante Hosogaya ataca as Aleutas. Esta era uma manobra de diversão e sabendo disso os americanos não reagem para apoiar aquelas ilhas a norte.
Nesse mesmo dia 03JUN1941, pelas 0843 um avião Catalina detecta a aproximação de 11 navios japoneses. O comandante americano, o Al. Fletcher dá ordens aos navios americanos para que rumem a sul, para se colocarem entre os porta-aviões de Nagumo e Midway.
Ainda nesse dia, descolam às 12:25 nove bombardeiros B-17, com o objectivo de atacar a força de desembarque japonesa chegam à força por volta das 16:40 mas não conseguem atingir nenhum alvo.
Mais tarde, às 21:15 quatro Catalina descolam com o mesmo objectivo, atingindo a posição da força de desembarque japonesa por volta da 01:30 do dia 4, tendo atingido um navio japonês com uma bomba. Em ataques sucessivos a aviação americana conseguiu atingir os porta-aviões japoneses e avariar seriamente parte da esquadra nipônica.
Sem a protecção dos aviões da sua principal força aeronaval, não restou opção aos japoneses que não retirar para evitar a destruição dos seus outros meios navais que não estavam preparados para resistir a ataques aéreos sem protecção de porta-aviões.

O resultado de Midway foi desastroso para o Japão. A destruição da sua principal força de porta-aviões constituiu um golpe dramático, pois embora o Japão tenha conseguido substituir os porta-aviões, não tinha capacidade para se equiparar à capacidade americana de construção, que até ao fim do conflito lançaria à água cerca de 30 porta-aviões de ataque e uma miriade de pequenos porta-aviões de escolta.
Além do desastre da perda de navios e aviões foi também sentida a perda de centenas dos seus principais e mais experientes pilotos, muitos deles mortos antes de conseguirem sequer levantar voo.
O Japão nunca recuperou do golpe, e a qualidade dos seus pilotos decresceu tremendamente.

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