A filosofia política é o campo de reflexão filosófica que se dirige ao estudo do fenômeno político e à análise das instituições e práticas a ele ligadas. Busca compreender, entre outras questões, as relações de poder, a constituição do Estado, os regimes políticos, as formas de governo e a forma de participação dos cidadãos na vida pública.
O termo política vem do grego polis (cidade-Estado), designando a atividade humana que se refere à vida pública, à existência em coletividade. A obra Política, de Aristóteles, que tratava sobre a ciência de governar a polis, foi fundamental no sentido de consolidar o tema entre os interesses da cultura ocidental.
Para Aristóteles, a política seria um desdobramento da ética, mas aplicada à vida pública. Na concepção de Aristóteles, o fim último do ser humano seria a felicidade. Nesse sentido, o conceito aristotélico de política está vinculado à busca de uma melhor maneira de viver em sociedade. Assim, a concepção clássica enfoca a política como esfera de realização do bem comum.
De outra forma, o conceito moderno de política, está essencialmente ligado ao de poder. O termo, oriundo do latim potere, está etimologicamente ligado à idéia de posse. Indica a faculdade, capacidade, força ou recurso para produzir certos efeitos. A partir dessa compreensão, podemos afirmar que um indivíduo que detém poder, tem a capacidade de exercer certo domínio ou influência e, a partir disso, atingir os efeitos que almejar.
Em seu significado mais geral, portanto, a palavra poder designa a capacidade ou a possibilidade de agir, de produzir efeitos. Tanto pode ser referida a indivíduos e a grupos humanos como a objetos ou a fenômenos naturais.
É possível conceber, assim, o fenômeno do poder em duas categorias: o poder do homem sobre a natureza e o poder do homem sobre outros homens. É essa segunda categoria, designada como poder social, o foco principal da filosofia política. Isso não significa, entretanto, que a abordagem filosófica não considere também as relações de poder do homem sobre o mundo natural, pois afinal, muitas vezes, ambas estão entrelaçadas.
FORMAS DO PODER SOCIAL
O poder pode ser classificado quanto ao meio empregado para atingir os efeitos desejados.
▪ Poder econômico: é a forma de poder que se utiliza de certos bens necessários à sociedade para induzir aqueles que não os detêm a adotar determinados comportamentos. Preocupa-se em garantir o controle e a organização das forças produtivas e, por conseguinte, o domínio da riqueza.
▪ Poder ideológico: para influenciar as pessoas a determinadas formas de pensar e agir, são utilizados como instrumentos certos valores e idéias. Tem como objetivo garantir o domínio sobre o saber, controlando a opinião pública. É o poder exercido hoje pelos meios de comunicação de massa.
▪ Poder político: é aquele que utiliza a autoridade conferida pelo direito, assentando-se na coerção social como forma se impor. Preocupa-se, portanto em garantir o controle institucional, dispondo de instrumentos de coerção social como as forças armadas, a força policial, os órgãos de fiscalização, os tribunais, entre outros.
Sobre essas formas de poder, o filósofo político italiano Norberto Bobbio assinala:
"O que têm em comum essas três formas de poder é que elas contribuem conjuntamente para instituir e manter sociedades de desiguais divididas em fortes e fracos, com base no poder político, em ricos e pobres, com bases no poder econômico; em sábios e ignorantes, com base no poder ideológico."
E ainda, sobre a supremacia do poder político:
"Como poder cujo meio específico é a força, de longe o meio mais eficaz para condicionar os comportamentos, o poder político é, em toda a sociedade de desiguais, o poder supremo, ou seja, o poder ao qual todos os demais estão de algum modo subordinados."
Assim, embora o poder econômico permita que os ricos submetam os pobres e ainda que o poder ideológico possibilite a adesão da maioria aos valores do grupo dominante, só o uso do poder político dispõe do recurso extremo da força física para garantir todas as outras formas de dominação.
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