Filosofia: Moral e Liberdade


O ser humano, além da consciência lógica, também é dotado de uma consciência moral, ou seja, possui a capacidade de avaliar suas próprias atitudes, formulando juízos de valor sobre seus atos passados, presentes e também sobre suas intenções para o futuro. Se o homem julga seus atos, consequentemente, ele pode também escolher, entre as circunstâncias que existem, qual a melhor atitude a adotar na sua vida. Essa possibilidade que o homem tem de escolher seu caminho, de construir sua história, de decidir sua maneira própria de ser chamamos liberdade. Assim, o ser humano é dotado de livre arbítrio, podendo decidir entre aquilo que considera bom ou mau. Dessa liberdade surge, de forma correspondente, uma responsabilidade (prerrogativa de responder por seus atos). Daí, o indivíduo somente poderá ser julgado moralmente por seus atos caso os tenha praticado livremente. Ninguém pode “responder” por algo que fez mediante coação.

Certamente você já ouviu “a voz de sua consciência”. A consciência moral nos indica o caminho da virtude, ou seja nos inclina à prática constante do bem. Assim, são virtudes o respeito, a fidelidade, a generosidade, a coragem, a justiça. O vício, por seu turno, é o uso da liberdade sem responsabilidade moral. São vícios, portanto, a violência, a infidelidade, a mesquinhez, a covardia, a injustiça.
A maldade e a violência são todas as formas de agressão e de destruição praticadas pela humanidade. Nesse sentido, podemos entender como mal desde as formas de violência mais evidentes nos dias de hoje, como agressões físicas, roubos, seqüestros, assassinatos, passando pela violência da opressão social materializada na miséria, na fome, na falta de acesso à saúde, à educação, assim como pela degradação e destruição do meio ambiente.


SOMOS REALMENTE LIVRES?

Para essa questão filosófica podemos destacar três entendimentos diversos:

a)Tese do determinismo: As ações humanas seriam condicionadas por forças naturais, como os instintos ou por fatores culturais, como costumes e leis. A liberdade, portanto, não existiria, pois o homem seria sempre determinado, seja por sua natureza biológica, seja por sua condição histórico-social. As ações humanas seriam sempre causadas por fatores naturais ou constrangimentos sociais, e nossa capacidade de escolha seria apenas uma ilusão. Filósofos do século XVIII, como os franceses Helvetius e Holbach, foram adeptos dessa concepção.

b)Tese do livre-arbítrio: Embora essa concepção admita a existência de condicionamentos culturais ou instintivos, os indivíduos teriam, uma liberdade moral que estaria acima dessas determinações. De acordo com essa corrente, apesar de todos os fatores sociais ou subjetivos que possam atuar sobre cada indivíduo, ele possui sempre uma possibilidade de escolha e pode agir a partir de sua própria determinação. O melhor exemplo dessa concepção pode ser encontrado nas idéias de Jean-Paul Sartre que afirma que “o homem está condenado a ser livre.”

c)A dialética entre liberdade e determinismo: O homem seria, ao mesmo tempo, determinado e livre. Liberdade e determinismo se complementariam, ao invés de se excluírem. Não seria possível, então, uma liberdade absoluta, nem tampouco sua negação total. A liberdade estaria limitada por um conjunto de condições objetivas, mas os pensadores ligados a essa corrente entendem que, quanto maior for a nossa consciência a respeito desses fatores objetivos, maiores serão as possibilidades de concretizar nossa liberdade. Em outras palavras, a liberdade é sempre uma liberdade concreta, situada num conjunto de condições objetivas que constituem a existência de um indivíduo. Pensadores como Espinoza e Marx, por exemplo, baseiam sua filosofia nesse princípio de que a liberdade é a compreensão da necessidade.

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