As Guerras do Século XX: Conflitos pós-Guerra Fria


A GUERRA DO GOLFO (1990-91)

Em agosto de 1990, o Iraque invadiu o Kwait, pequeno emirado produtor de petróleo, ciado artificialmente como Estado independente, em função dos interesses das companhias petrolíferas ocidentais. Com a invasão Saddan Hussein pretendia enfraquecer os países árabes pró-ocidentais (Arábia Saudita e Egito) e assumir a liderança do mundo árabe. A ONU autorizou a intervenção de uma força multinacional liderada pelos EUA. A URSS, enfraquecida pela crise econômica e pelas divisões que levariam ao seu colapso, manteve-se em posição de neutralidade. O Irã, que travara uma desgastante guerra com o Iraque pelo controle do Chatt-el-arab (canal que dá acesso ao Golfo Pérsico), aproveitou para firmar um tratado vantajoso com os iraquianos. No início de 1991, o Iraque e suas forças militares no Kwait foram arrasados por um bombardeio maciço. Em seguida, uma ofensiva terrestre fulminante massacrou 100.000 iraquianos e aprisionou um número ainda maior. Na retirada os iraquianos destruíram e incendiaram centenas de poços de petróleo, causando enormes prejuízos além de uma catástrofe ecológica. A ONU decretou um embargo econômico ao Iraque que vitimou, na década de 90, pelo menos 300.000 crianças iraquianas pela fome.


AS GUERRAS DA BÓSNIA (1992-95) E DO KOSOVO (1998-99)

A crise do comunismo no leste europeu, em 1990, precipitou a desintegração da Iugoslávia. Ódios e ressentimentos entre os grupos étnico-religiosos e as nacionalidades que vivem na região, e que ficaram contidos por décadas, fizeram explodir um conflito violento, com atrocidades que chocaram o mundo. A União Européia reconheceu imediatamente as independências da Croácia e da Eslovênia, mas quando a Bósnia-Herzegóvina tentou proclamar sua autonomia, a Sérvia reagiu e os bósnios muçulmanos não receberam apoio europeu. Milícias sérvias adotaram uma política de “limpeza étnica” promovendo massacres, estupro em massa e expulsão de populações bósnias. Sarajevo, a capital, esteve sob bombardeio sérvio durante meses e a matança só terminou em 1995, quando forças da OTAN lideradas pelos norte-americanos intervieram na região.
Três anos depois, um novo conflito explodiu em Kosovo, quando os muçulmanos de origem albanesa tentaram proclamar a independência do território. Novamente, atrocidades cometidas pelos sérvios levaram a uma intervenção militar da OTAN, conduzida pelos EUA, que fez cessar o conflito em 1999. Uma força de paz da ONU ainda é mantida na região porque existe uma situação de tensão permanente, já que a situação de Kosovo permanece indefinida, e os kosovares insistem em seu movimento separatista. O líder sérvio Slobodan Milosevic, apontado como responsável pelos crimes cometidos contra os direitos humanos, na Bósnia e em Kosovo durante a guerra, foi levado à Corte Penal Internacional mas morreu durante o julgamento.


OS CONFLITOS ÉTNICOS NA ÁFRICA CENTRAL (1993-94)

Foi na África que ocorreu a maior parte dos conflitos que marcaram a década de 90. À herança de atraso, miséria e dependência deixada pelo colonialismo europeu, somam-se rivalidades étnicas e tribais geradas por fronteiras criadas artificialmente e as lutas instigadas por grupos internacionais interessados em explorar as riquezas da região. Além dos conflitos herdados da guerra fria, a difusão fundamentalismo islâmico fez crescer a tensão nos países do norte do continente. Mas foi na África Central que ocorreu o conflito mais sangrentos desta década. A tragédia envolvendo tutsis e hutus, as duas principais etnias que habitam a região, teve início com um atentado que vitimou o presidente de Ruanda. As autoridades hutus instigaram a população hutu a massacrar a minoria tutsi, que durante séculos havia dominado a região e, com a independência, tinha sido expulsa do poder. Como represália aos ataques da guerrilha tutsis, já vinham ocorrendo violências contra a população civil tutsi, mas a onda de massacres ocorrida em 1994 deixou um saldo de quase três milhões de mortos e refugiados. Os responsáveis por esses crimes foram levados a julgamento pelo Tribunal Penal Internacional e a maioria dos acusados foi condenada a penas diversas.


A GUERRA NA TCHETCHÊNIA (1994 e 1999)

Os tchetchenos, que têm uma longa tradição de resistência ao domínio russo, aproveitaram a onda separatista que levou a desintegração da URSS, em 1991, para proclamar sua independência. Os russos, minoria na região, passaram a ser vítimas de violência e perseguições religiosas, já que o fundamentalismo islâmico ganhou força na região desde a revolução iraniana. Em dezembro de 1994, tropas russas invadiram a Tchetchênia mas passaram a enfrentar uma desgastante guerra de guerrilhas, enquanto os tchetchenos passaram a realizar, também, atentados na própria Rússia. Um acordo de paz foi assinado em 1996, mas três anos depois o conflito recomeçou. O governo russo ordenou o bombardeio de Grozny, a capital tchetchena, que foi completamente arrasada. A Rússia não admite perder o controle sobre uma região estratégica, onde estão suas linhas de defesa militar no Cáucaso, e por onde passam importantes oleodutos. Além disso, a independência dos tchetchenos arrastaria outras populações muçulmanas da região para o mesmo caminho, como os daguestões e os ossétios.

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