História da Filosofia: A Filosofia no mundo romano

Nos séculos I a.C. e I d.C. Roma vivia sua fase de apogeu. Com a força das suas legiões os romanos haviam estendido seu domínio por toda Bacia Mediterrânea.
As terras conquistadas viraram grandes latifúndios cultivados por populações escravizadas. O intenso comércio e a espoliação sistemática das províncias, através de tributos, geravam tanta riqueza, que além do ócio das elites e suas extravagâncias, permitia sustentar, também, uma política de “pão e circo” que mantinha alienada a massa dos excluídos, sem terra e sem trabalho. Com o fim da república e a implantação do império, o Senado é gradativamente despojado de poder e torna-se figurativo. Conspirações e golpes palacianos colocam imperadores no poder ou os derrubam e assassinam, como foi o destino de tantos deles.
Foi neste contexto que floresceu a filosofia em Roma. Mas o pensamento romano, e a sua cultura de uma maneira geral, foram pouco originais. Os pensadores romanos elaboraram um pensamento eclético, isto é, aberto e que mistura aspectos de várias correntes filosóficas, mas sempre com forte conteúdo moralizante. Sua ética baseada no estoicismo é, entretanto, menos rígida que aquela professada pelos estóicos de uma maneira geral. Para os romanos, a virtude consiste em permanecer indiferente ao mundo, mas não há mal nenhum aproveitar a vida ou desfrutar dos bens materiais, como fazem os homens em geral. O que importa não é tanto chegar à verdade, mas ao conhecimento do que é conveniente para o homem. Somente no século III, quando já começava decadência do Império romano, é que surgiu um pensamento filosófico realmente novo e significativo, com o aparecimento do neoplatonismo e, mais tarde, com a estruturação do cristianismo.


CÍCERO (106-43 a.C.) foi um dos mais brilhantes oradores romanos. Nas suas obras, como Sobre os fins ou Sobre os Deveres, se manifestam as mais variadas influências filosóficas. Suas preocupações estão relacionadas com a convivência dos homens em sociedade. Mas foi SÊNECA (4 a.C.- 65 d.C.) o mais importante representante do estoicismo romano. Nascido na Espanha, estudou direito em Roma, foi professor de Nero e, mais tarde, seu conselheiro.. Acabou forçado ao suicídio por discordar das arbitrariedades do imperador demente. Deixou várias obras, em forma de diálogos, como Da Tranquilidade da alma, além de peças para o teatro. Sêneca entende a filosofia como um assunto prático, cujo objetivo é elaborar um pensamento que leve o homem à vida tranquila e à felicidade. Para isso, ele não hesita em aproveitar todos os elementos, das mais diversas correntes filosóficas que possam contribuir para formular tais princípios.


PLOTINO (205-270 d.C.) que viveu numa época de crise, quando já se esboçava a lenta decadência que levaria á queda do Império romano, formulou as bases do neoplatonismo, corrente que daria novo fôlego à filosofia. Antes de instalar sua escola em Roma, estudou em Alexandria e viajou pelo oriente. Plotino não faz somente um retorno ao pensamento platônico. Ele retoma, também, a exigência clássica da filosofia de buscar um único princípio para tudo o que existe. Aproveita o que existe de mais significativo na tradição filosófica desde os pré-socráticos, sem cair no dogmatismo moralizante dos estóicos ou no ceticismo materialista dos epicuristas. As reflexões desse pensador convergem sempre para uma mesma questão: o início de tudo. O Uno, de quem ou do qual tudo se origina, se irradia, sem nunca esgotar sua fonte imutável e imóvel. Mas o Uno é um mistério, pois a seu respeito nada se pode afirmar. O filósofo pretende, então, a partir de procedimentos lógicos, demonstrar e explicar esse Uno indizível. Podemos percebê-lo em toda parte, na natureza, no exército, no coro, no organismo e na beleza. Entretanto, como justamente o Uno é o que faz com que cada coisa, ser, idéia ou forma seja o que é, ele próprio não pode ser uma coisa, ser, idéia ou forma. Por isso, ele não é acessível nem aos sentidos nem ao intelecto, está além disso, é transcendente absoluto. Se não pode ser percebido nem pensado, ele também não pode ser determinado e, por consequência, não está no tempo nem no espaço, é infinito. Cabe ao homem cultivar aquilo que, na alma, o aproxima do Uno: a unidade da virtude. A prática do bem unifica as ações do homem e nessa unificação ele se aproxima do Uno.

Comentários

  1. muito boa a postagem, pude aprimorar meus conhecimentos. obrigada.

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  2. post bem organizado, detalhado e resumido, parabens.

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  3. Resumo bem elaborado e sistemático. Obrigado pela ajuda.

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