História do Século XX: A Guerra Fria Clássica


A DOUTRINA TRUMAM (1947)
Em Yalta (1945) os americanos e soviéticos começaram a definir suas órbitas de influência. Os EUA reconheciam a hegemonia da URSS sobre a Europa Oriental, enquanto Stalin retirava o apoio aos comunistas na Grécia e na Turquia, que seriam áreas de influência capitalista. A chamada crise grega, que culminou com a intervenção de tropas americanas e inglesas para impedir que os comunistas gregos assumissem o poder, levou o presidente Truman a fazer um célebre discurso no congresso americano, em março de 1947, que marcou o início “oficial” da Guerra Fria. A Doutrina Truman afirmava a disposição dos EUA de utilizar todos os meios necessários para conter a expansão do comunismo e defender os “povos livres” em qualquer parte do mundo que estivessem ameaçados pelo totalitarismo soviético. A partir de então, na expressão cunhada por Churchill, uma “cortina de ferro” separava o mundo livre democrático do mundo totalitário soviético. A URSS, por sua vez, respondeu com a Doutrina Zdanov, formulada pelo ministro russo denunciava o imperialismo belicista norte-americano, e excluiu os elementos liberais dos governos nas Repúblicas Populares da Europa Oriental, que passaram a ser dirigidas pelos comunistas em regime de partido único.



O PLANO MARSHALL (1948)
Em 1948 o congresso americano aprovou o plano que destinava cerca de 17 milhões de dólares para ajudar na reconstrução européia. Além de diminuir as tensões sociais e impedir a expansão do comunismo nos países da Europa Ocidental, o Plano Marshall mantinha o valor das exportações americanas elevado por um longo período e atrelava fortemente a economia desses países ao capitalismo norte-americano. Os países da Europa Oriental, cautelosos com relação aos interesses americanos e sob pressão da URSS, recusaram a ajuda. A Iugoslávia aceitou receber recursos do plano, o que acentuou as divergências entre o governo de Tito, o líder da guerrilha comunista que libertou o país dos nazistas, e o governo de Stalin, que procurava estabelecer a hegemonia da URSS sobre os países socialistas. A recuperação européia ganhou impulso, em 1952, com a formação da Comunidade Européia do Carvão e do Aço (CECA). Outro passo importante foi dado em 1957, quando o Tratado de Roma, lançou as bases do Mercado Comum Europeu (MCE).



A DIVISÃO DA ALEMANHA E O BLOQUEIO DE BERLIM (1948-49)
As tensões entre americanos e soviéticos cresceram, em 1948, quando se deu a divisão formal da Alemanha. Na Alemanha ocidental, as zonas sob ocupação americana, inglesa e francesa foram unidas para formar a República Federal Alemã (RFA). A Alemanha oriental, sob ocupação soviética, deu origem à República Democrática Alemã (RDA). Problemas ligados à espionagem e a fuga de cientistas do lado oriental de Berlim, que também ficou dividida em duas zonas, levaram os soviéticos a decretar o bloqueio de Berlim Ocidental, já que a cidade se encontrava dento do território comunista da Alemanha Oriental. Durante meses Berlim ocidental teve que ser abastecida por uma ponte aérea, única forma de se chegar à cidade. Os EUA chegaram mesmo a ameaçar os soviéticos com o uso da bamba atômica, mas por fim as negociações levaram ao estabelecimento de uma espécie de “corredor” terrestre que permitia o acesso dos ocidentais ao oeste de Berlim. Assim mesmo, os problemas entre as duas porções da cidade persistiram na década seguinte, e levaram os soviéticos a erguer o muro que separava as duas partes da cidade. O Muro de Berlim, verdadeiro símbolo da Guerra Fria, foi erguido pelos orientais em 1961.


OS PACTOS E AS ALIANÇAS MILITARES
Em 1949 os EUA articularam a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) um pacto militar com os países da Europa ocidental mais a Grécia e a Turquia, para enfrentar uma possível agressão soviética. Com o triunfo da Revolução Chinesa, nesse mesmo ano, Washington estendeu sua política de contenção do comunismo para a Ásia e, passou a tecer uma rede de alianças com os países da Ásia e Oceania. Além de acordos bilaterais firmados com o Japão, Filipinas, Coréia do Sul e Taiwan, os EUA organizaram, em 1951, a ANZUS com Austrália e Nova Zelândia e, em 1956, a SEATO que alinhava com os americanos a Tailândia, o Laos, o Cambodja e o Vietnã do Sul . Esse sistema de alianças se completou com a assinatura do Pacto de Bagdá, que vinculava o Paquistão, o Irã, e o Iraque à política externa norte-americana. A URSS, por seu lado, desde 1947 procurava coordenar a ação dos partidos comunistas em todo o mundo através do Kominform e, em 1955, organizou o Pacto de Varsóvia, uma aliança militar com os países da Europa oriental.


O MACARTHISMO (1952)
Nos EUA a passagem da era Truman (1945-53) para o governo de Dwight Eisenhower (1953-61) foi marcada por uma verdadeira histeria anti-comunista conhecida como “caça às bruxas”. O movimento foi conduzido pelo senador Joseph MacCarthy, que passou a dirigir um comitê para investigação de atividades anti-americanas no congresso. Utilizando informações obtidas pelo FBI e incentivando as delações de agentes, espiões e simpatizantes do comunismo, desencadeou uma paranóia coletiva e uma onda de calúnias e perseguições que atingiu vários setores da sociedade, mas foi particularmente traumático, nos meios artísticos e acadêmicos. Um dos seus episódios mais célebres foi a condenação do casal Rosemberg à morte, acusados de passar os segredos da bomba atômica para os comunistas. Mais tarde, o próprio MacCarthy acabou caindo em desgraça, pelos excessos que cometeu e pelos conflitos que criou com pessoas influentes no poder.

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