BRASIL COLÔNIA: As Consequências do Ciclo do Ouro

  O ciclo da mineração acabou estimulando, espontaneamente, o desenvolvimento de outras atividades econômicas que foram interligando as regiões do Brasil, apesar dos esforços por parte da coroa portuguesa para dificultar o comércio interno de escravos e de outras mercadorias. No interior do nordeste e no extremo sul, expandiu-se a criação de gado para abastecer a região das Minas. Apesar da coroa ter proibido a instalação de manufaturas, isso não impediu o desenvolvimento da atividade artesanal. O surgimento de um mercado interno e de setores assalariados urbanos estimulou, por sua vez, o crescimento do comércio. A expansão dessas atividades fez surgir, na estrutura social, um amplo segmento de classe média. Para suprir essa enorme população, que se concentrava nas cidades da zona da mineração, também se expandiu a agricultura nas regiões de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. O deslocamento do eixo econômico do Nordeste para o sudeste brasileiro levou Portugal a centralizar, ainda mais, a administração da colônia e transferir sua capital de Salvador para o Rio de Janeiro.

     

   Desde o início do ciclo do ouro, tensões e conflitos entre os mineradores, e destes com as autoridades da coroa, fizeram crescer o descontentamento e o sentimento de opressão, por parte da metrópole, entre os colonos. A chegada de forasteiros em grande quantidade, quando a notícia da descoberta do ouro se espalhou, desencadeou a reação violenta dos paulistas que ficou conhecida como a Guerra dos Emboabas. Em 1720, a instalação das Casas de Fundição fez explodir a Revolta de Vila Rica, que foi reprimida com extrema violência pela Coroa. Com o esgotamento gradativo das minas, e a queda na produção, a região foi acumulando uma dívida com o fisco régio, cobrada periodicamente, de maneira forçada e coletiva. Entre as causas da Inconfidência Mineira, em 1789, está o endividamento dos mineradores e o descontentamento com as medidas restritivas ao desenvolvimento econômico da colônia. As transformações sócio-econômicas ocorridas durante século XVIII acentuaram as contradições existentes entre a colônia e a metrópole. O ouro do Brasil não promoveu acumulação de capitais em Portugal. Não estimulou sua agricultura nem impulsionou seu desenvolvimento industrial. É verdade que desde o fim da União Ibérica, em 1640, Portugal vivia uma grave e persistente crise econômica e financeira que o metal precioso explorado no Brasil ajudou a aliviar. O ouro das Minas Gerais, de fato, se acumulou na Inglaterra, que abastecia Portugal e o Brasil, com suas manufaturas. A dependência econômica de Portugal, com relação à Inglaterra, se acentuou com a assinatura do Tratado de Methuen, em 1703. Esse “tratado dos panos e dos vinhos”, liberava a entrada dos produtos manufaturados ingleses em Portugal em troca de um imposto de importação mais leve que era cobrado dos vinhos portugueses. O ouro brasileiro pagava as importações portuguesas, que superavam as exportações. 
  

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