A elaboração da Constituição
também fez com que surgissem divergências entre os republicanos: o marechal Deodoro, os políticos positivistas e parte do Exército pretendiam um regime político centralizado,
enquanto as oligarquias dos estados, formadas por proprietários, preferiam um
regime federalista, que lhes asseguraria maior autonomia e atuação no poder. Em
24 de fevereiro de 1891, promulgou-se a segunda Constituição do Brasil. Os
grandes senhores e proprietários rurais saíram vencedores: o país tornou-se uma federação, isto é,
os estados disporiam de ampla autonomia econômica e administrativa, poderiam ter sua própria Constituição e eleger seus presidentes. Podiam realizar empréstimos no exterior, decretar impostos e organizar forças
militares. A ampla autonomia estadual não significava o esfacelamento do poder
central, pois o presidente da República teria amplos poderes para interferir
nos estados em caso de tentativa de separação, invasão estrangeira ou conflitos
interestaduais.
O voto era a descoberto, direto,
universal, mas proibido a mendigos, analfabetos, religiosos e mulheres. Na
verdade, pois, o voto nada tinha de universal, pois era proibido à maioria da
população. Além disso, o fato de ser a descoberto tornava-o totalmente
manipulável pelos grandes proprietários rurais. Após a promulgação da
Constituição, a Assembleia tinha como atribuição escolher os ocupantes dos
cargos de presidente e vice-presidente. Havia sido articulada uma chapa
oposicionista, ligada aos interesses das oligarquias estaduais e liderada por
Prudente de Morais, que foi, porém, derrotada. Os rumores sobre uma intervenção
militar para impor Deodoro, caso não vencesse as eleições, garantiram sua
vitória. Em compensação, o candidato oposicionista à vice-presidência, Floriano
Peixoto, derrotou o vice de Deodoro por 96 votos, o que evidencia uma divisão política que geraria forte instabilidade do primeiro governo republicano. A renúncia de Deodoro da Fonseca, ainda em 1891, levaria Floriano ao poder e criaria um sério impasse, pois este se recusou a convocar novas eleiçoes, como previa o texto constitucional. O "marechal de ferro", entretanto, seria o verdadeiro consolidador da nova ordem republicana.
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