As reformas de Sólon foram uma tentativa de
conciliar os interesses da nobreza eupátrida e as aspirações dos artesãos e
comerciantes enriquecidos com as reivindicações das camadas mais pobres do demos. Embora não tenha realizado a
reforma agrária, Sólon enfraqueceu a nobreza politicamente, abrindo a
participação nos negócios públicos para as outras camadas da população. Os
setores mais conservadores da aristocracia não aceitaram as reformas e reagiram.
Em meio à crise, assumem o poder os tiranos, homens apoiados por grupos armados
que se instalam na acrópole e passam a governar pela força. Primeiro, foram
tiranos apoiados pelo demos em
revolta, que realizaram reformas de caráter popular. Foi o caso de Psístrato,
tirano que, até 528 a .C.,
ampliou e aprofundou as reformas que foram iniciadas por Sólon.
Depois da morte de Psístrato, seus filhos o
sucederam, mas não deram continuidade às reformas do pai e perderam apoio do
povo. Hípias foi assassinado e, em 510 a .C., o irmão Hiparco foi deposto pelos
espartanos que se aliaram aos eupátridas. Os aristocratas colocaram no poder o
tirano Iságoras, que fez um governo reacionário e antipopular. Um levante do demos, no ano de 508 a .C. pôs fim à reação
eupátrida e levou Clístenes ao poder, o tirano que, efetivamente, foi o
verdadeiro fundador da democracia ateniense. Com as reformas empreendidas por
Clístenes, completaram-se as mudanças iniciadas Sólon e que Psístrato havia
aprofundado. Apesar de suas várias limitações, a democracia ateniense foi uma
experiência totalmente inédita e algo extraordinariamente avançado para os
padrões políticos da Antiguidade. Clístenes reorganizou a população dividindo-a em dez tribos, cada uma
delas com representantes das três partes em que se dividia a Ática: o litoral (Parália), a planície central (Pédion) e a região interiorana e
montanhosa (Diácria). Cada tribo
estava dividida, por sua vez, em unidades administrativas autônomas, os demos, onde os cidadãos eram registrados.
A Bulé, ampliada, foi transformada no
Conselho dos Quinhentos, constituído por cinqüenta representantes sorteados em
cada tribo. As medidas e as leis propostas pelo conselho eram votadas pela Eclésia, a Assembléia Popular, que se
transformou no principal órgão da democracia ateniense. Todos os cidadãos
podiam participar da Assembléia e podiam ser sorteados para o conselho ou para
ocupar os cargos. Os tribunais também eram preenchidos por sorteio e os
cidadãos se revezavam ao longo do ano na administração dos serviços públicos. A
democracia ateniense era, portanto, exercida diretamente pelos cidadãos (diferente
das democracias representativas modernas) e nela os cargos e as funções, de
maneira geral, não eram remunerados. Todos os homens livres nascidos em Atenas,
com antepassados atenienses, eram considerados cidadãos com direitos políticos.
Apesar de ser bastante avançada para a época, a democracia ateniense estava
baseada num sistema escravista e, além dos escravos, excluía de qualquer
participação política as mulheres e os metecos
(estrangeiros e seus descendentes).
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