Na China, surgiu uma das mais antigas
civilizações do planeta. Registros arqueológicos evidenciam que comunidades aldeãs
de agricultores e artesãos já habitavam o vale do rio Amarelo desde o IV
milênio a.C. Cultivavam plantas como o milho e o arroz e criavam animais como
porcos e cabras. No II milênio a.C. essas populações já tinham desenvolvido a
metalurgia do bronze, com o qual fundiam armas, ferramentas e utensílios. A
necessidade de construir diques, canais e outras obras para irrigação, que
exigiam o trabalho de muitas pessoas, levou as comunidades a se organizarem em
torno de uma autoridade política que foi se tornando cada vez mais
centralizada.
A primeira dinastia governante, com sua
existência histórica comprovada por achados arqueológicos, foi da família
Chang. Essa dinastia governou o núcleo inicial da civilização chinesa, ao longo
do rio Amarelo, o Huang-ho, entre
1500-1000 a .C.,
aproximadamente. Os governantes da família Chang foram, posteriormente,
derrotados por guerreiros da dinastia Tcheu. Essa dinastia, depois de várias
campanhas militares vitoriosas, estendeu os domínios chineses até o vale do Rio
Azul, o Yang-tse. Foram dessa
linhagem os soberanos que governaram a China até o século III a.C. As
constantes disputas entre as principais famílias da nobreza guerreira,
entretanto, dividiram e enfraqueceram gradativamente o país, que se tornou cada
vez mais vulnerável às invasões dos mongóis, vindos do norte.
Em 221 a .C. o soberano de Quin (ou Tsin), Che Huang-Ti, derrotou outros
grandes senhores e proclamou-se imperador de toda a China. O novo soberano
centralizou fortemente o poder e unificou o sistema de escrita utilizado pelos
chineses, reduzindo a força do particularismo representado nos vários dialetos
que eram falados nas diversas regiões do território chinês. Padronizou, também,
o sistema de pesos e medidas e abriu estradas, o que impulsionou o crescimento
do comércio. Foi adotado um eficiente sistema de arrecadação de impostos, o que
permitiu ao imperador obter recursos para manter um exército profissional
permanente e sustentar uma numerosa burocracia estatal. Para proteger as
fronteiras ao norte, contra a ameaça das incursões dos mongóis, Che Huang-Ti
mandou construir a Grande Muralha,
entre 215-210 a .C.
As reformas empreendidas pela dinastia Quin
marcaram de tal modo a história do país que a palavra China é uma variante do
termo Quin. Começava, nesta época, uma das fases de maior esplendor da
civilização chinesa, que coincide com o governo da dinastia Han (206 a .C.-221 d.C). Os
imperadores desta dinastia conquistaram novos territórios e ampliaram o
comércio com outros povos. As mercadorias chinesas, como a seda, cruzavam a
Ásia e chegavam até o Império Romano pelo Mar Mediterrâneo. Caravanas chegavam
até a Mesopotâmia e a Fenícia. Nessa época, o contato com a Índia trouxe para a
China a influência do budismo e datam desse período, também, importantes
invenções como a do papel. Com o fim da dinastia Han teve início uma fase de
declínio marcada por rebeliões camponesas, lutas entre os grandes senhores e
novas invasões. Um novo período de brilho e esplendor teria início no século
VII sob o governo da dinastia Tang.
Os imperadores eram considerados Filhos do Céu e possuíam um “mandato
celestial” para governar. Os chineses chamavam sua terra de Império do Meio, pois a consideravam o
centro do mundo. Os domínios chineses eram, nessa época, tão vastos quanto os
do grandioso Império Romano. Na prática, porém, a autoridade política era
exercida pelos ministros e pelos altos funcionários letrados, cujo poder era
maior que o dos próprios imperadores. Os administradores, chamados de mandarins, organizavam as obras e o
trabalho da população. Estabeleciam os preços, coletavam os impostos e fixavam
o calendário das atividades produtivas e das festividades. Legislavam, redigiam
tratados e acordos comerciais, nomeavam funcionários e eram responsáveis pela justiça.
Logo depois, na escala social, vinham militares, comerciantes e monges. Na base
da pirâmide social estava a massa de camponeses e artesãos pobres das cidades,
que viviam em condições bastante precárias.
A cultura chinesa
foi profundamente influenciada por duas grandes correntes de pensamento: o
taoísmo e o confucionismo. Tao significa
caminho em chinês, de onde deriva o termo taoísmo para os
ensinamentos de caráter filosófico-religioso de Lao-Tsé. O sábio condenava as
desigualdades entre ricos e pobres e afirmava que o desejo de possuir bens
materiais afastava o indivíduo do caminho da harmonia consigo mesmo e com os
outros. Para ele, a harmonia se encontraria no equilíbrio entre os princípios
opostos que se complementam: o yin (elemento
feminino passivo, representado pela lua e pelo céu) e o yang (energia
masculina ativa, simbolizada pelo sol). Confúcio, que viveu entre 551-479
a .C., foi um
mandarim que criou uma doutrina moral segundo a qual a sabedoria se obtém
seguindo a experiência e os ensinamentos dos antepassados e dos bons
governantes. O confucionismo influenciou bastante o governo da dinastia Han
juntamente com os seguidores do legismo, ou Escola das
Leis, segundo os quais a guerra e a disciplina eram as principais formas de
fortalecer o poder imperial.
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