Durante o século XVIII, muitas outras lavras
de ouro foram encontradas em
Minas Gerais , no Mato Grosso e em Goiás. Os bandeirantes
paulistas encontraram, também, o diamante, na região de Tijucos (Diamantina).
Uma quantidade enorme de ouro foi descoberta e explorada, nas décadas
seguintes. Em meados do século, quando a mineração estava no seu apogeu, a
produção de ouro, somente nas Minas Gerais, era de quase 12 toneladas/ano. A
riqueza atraiu muita gente para a região das minas e a população, que era de
aproximadamente 300 mil pessoas em 1700, saltou para mais de 3 milhões de
indivíduos no final do século. Foram fundadas muitas vilas e cidades, como Vila
Rica, Sabará e São João Del Rei, nas regiões onde a mineração se desenvolveu e,
também, ao longo dos caminhos que foram surgindo para abastecer a população das
minas. Além do comércio, a mineração estimulou a criação de gado, no interior
do nordeste e no sul do Brasil, usado para transporte ou para alimentação. A
instalação de manufaturas foi proibida pelo “Alvará de Proibição Industrial”,
assinado por Dona Maria I, em 1785.
Assim que a notícia da descoberta de ouro
chegou a Portugal, a Coroa adotou medidas para regulamentar a extração e poder
controlar a sua exploração. A exploração do diamante passou a ser monopólio
real, e foi declarado o seu “estanco”. Qualquer nova descoberta de metal
precioso precisava ser comunicado à “Intendência das Minas”, órgão criado pela
coroa portuguesa, em1702, para fiscalizar a atividade mineradora e arrecadar os
impostos devidos à Coroa. Depois de ser demarcada, a área era dividida em lotes
(datas), que eram distribuídos aos que tinham recursos e escravos para
explorá-los, reservando-se os melhores para a coroa e para o minerador
responsável pela descoberta. O Intendente das mInas desfrutava de grande poder
e prestígio, pois somente ele podia autorizar requisições para exploração das
lavras. A maioria dos mineradores não possuía recursos ou escravos e praticava
a extração utilizando técnicas rudimentares como a “faiscação”, que consiste em
revirar o cascalho abandonado pelos grandes mineradores.
A maior parte da riqueza gerada pela
exploração do ouro não ficava na colônia.
Através de um rígido monopólio comercial, que encarecia ao máximo tudo o
que era importado, a coroa transferia a riqueza da colônia para a metrópole.
Como haviam sido proibidas as fábricas no Brasil, era necessário importar quase
tudo: tecidos, ferramentas, armas, utensílios, azeite, etc. A própria coroa
explorava diretamente algumas atividades de mineração, como aconteceu com a
extração dos diamantes. O principal instrumento utilizado por Portugal para se
apropriar do ouro encontrado na colônia, todavia, foi a tributação. Para
garantir a arrecadação do “quinto”, ou seja, vinte por cento do metal
encontrado, que por decreto lhe cabia, a coroa instalou na região das minas as
“Casas de Fundição”. Todo o metal que fosse extraído devia ser levado às casas,
para ser fundido e transformado em barras, depois de retiradas as suas
impurezas.
Apesar das medidas adotadas para impedir o
contrabando, uma boa parte do ouro conseguia escapar do fisco, através dos mais
diversos artifícios. Era relativamente fácil esconder o ouro em pó e escapar do
pagamento dos tributos, o que era prática comum entre os mineradores, e mesmo
entre os clérigos. Por outro lado, a utilização de técnicas e de instrumentos
bastante rudimentares levava a um rápido esgotamento dos veios e das jazidas.
No fim do século, o ciclo da mineração estava em franco declínio, com a queda
gradual da exploração do metal precioso. Apesar do seu tempo de duração
relativamente curto, o ciclo da mineração gerou uma fabulosa riqueza para Portugal
e, especialmente para a Inglaterra, para onde fluía o ouro das Minas Gerais,
depois de passar pela metrópole. Uma pequena parte dessa riqueza, entretanto,
ficou no Brasil e acabou sendo componente do seu desenvolvimento econômico
posterior.
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