Foram
capitais holandeses que financiaram a montagem de uma estrutura produtora de
açúcar no nordeste brasileiro na fase inicial da colonização. Os holandeses
controlavam o refino e a distribuição do açúcar na Europa e abarcavam grande
parte riqueza gerada pela produção açucareira. Em 1581, a Holanda protestante
começou uma longa guerra de independência da Espanha católica. Em represália,
Felipe II, que unira as coroas ibéricas, mandou fechar os portos portugueses e
espanhóis aos navios holandeses que, a partir de então, foram impedidos de
comercializar o açúcar brasileiro. Eram tão significativos, para os holandeses,
os interesses envolvendo a comercialização do produto, que foi criada, em 1621,
a Cia. das Índias Ocidentais para organizar a invasão da região produtora, o
Brasil.
A primeira
tentativa de invasão ocorreu em 1624, quando os holandeses, comandados pelo
almirante Willenkens, tentaram tomar Salvador. Desembarcaram cerca de 3.000
homens, mas encontraram resistência tenaz por parte dos colonos. Para
dificultar ainda mais a situação dos invasores, uma frota luso-espanhola foi
enviada para socorrer a colônia. Sem conseguir fixar posição no território, os
flamengos foram obrigados a se retirar no ano seguinte. Os dirigentes da Cia.
Das Índias Ocidentais não se conformaram com a primeira tentativa frustrada e,
alguns anos depois, organizaram outra expedição, mais poderosa que a anterior.
Desta vez, o alvo da invasão foi o coração da região açucareira, a capitania de
Pernambuco. A expedição holandesa, que chegou em 1630, contava com 1.200 bocas
de canhão um exército de 7.500 homens. A resistência pernambucana foi conduzida
por Matias de Albuquerque.
A tática
de guerrilhas conduzida pelos pernambucanos tinha como base o arraial do Bom
Jesus, que Matias de Albuquerque fundou no interior, e conseguiu manter os
holandeses sitiados em Recife e Olinda por vários anos. Em 1636, porém, mudaram
os rumos do conflito, quando o fazendeiro chamado Domingos Calabar passou a
apoiar os holandeses. Com a sua ajuda, os invasores conseguiram derrotar os
focos da resistência e, ainda, destruir o Arraial do Bom Jesus. Durante a
retirada, Calabar foi capturado pelas tropas de Matias de Albuquerque e
executado como traidor. Vencida a resistência, os flamengos conseguiram
estender seu controle sobre toda a região açucareira, e ainda expandiram seus
domínios até o Maranhão e o sul de Alagoas. Nessa época, eles conquistaram,
também, as regiões do litoral da África que forneciam escravos para a América
e, assim, passaram a controlar o tráfico negreiro para o nosso litoral.
Para
administrar seus domínios no Brasil, a Companhia das Índias designou, em 1637,
o nobre Maurício de Nassau. Além de consolidar os domínios holandeses, Nassau
adotou uma política de favorecimentos que logo acomodou os senhores de engenho
nordestinos. Concedeu empréstimos para os grandes fazendeiros, drenou pântanos,
construiu pontes, realizou obras e embelezou a cidade do Recife, a capital
flamenga no Brasil. A missão cultural trazida por Nassau, formada por artistas
e estudiosos que retrataram, pela primeira vez, o Brasil, também é digna de
nota. Também foram importantes para o sucesso de sua administração a postura de
tolerância religiosa e o direito dos “homens bons” participarem das decisões
públicas através da “Câmara dos Escabinos”. O governo progressista de Nassau,
entretanto, acabou desagradando a direção da Cia. Das Índias que resolveu
substituí-lo, em 1644, e adotar uma política de exploração mais intensa sobre a
região.
A nova postura da administração holandesa
logo desagradou os grandes senhores de engenho que se rebelaram com apoio da
população. A chamada Insurreição Pernambucana teve entre seus principais
líderes: o fazendeiro João Fernandes Vieira, o militar André Vidal de
Negreiros, o negro Henrique Dias e o índio Felipe Camarão. O conflito teve
início, em 1645, quando foi travada a Batalha do Monte das Tabocas. Apesar de
ter se libertado do domínio espanhol, através do movimento da Restauração, em
1640, Portugal não podia dar grande apoio para os colonos. Depois da primeira
Batalha dos Guararapes (1648), o domínio holandês ficou restrito a Recife e, ao
tentar romper o cerco dos pernambucanos, seu exército foi derrotado na Segunda
Batalha dos Guararapes (1649). As possibilidades de reverter a situação se tornaram
escassas, porque a Holanda começou, em 1652, uma difícil guerra naval contra os
ingleses. Sitiados e quase sem apoio, os holandeses decidiram capitular, em
1654, assinando a Paz na Campina do Taborda. Expulsos, os flamengos passaram a
produzir açúcar nas suas colônias das Antilhas, e o açúcar brasileiro entrou em
decadência.
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