A longa epopeia que levou os portugueses às
Índias e ao descobrimento do Brasil teve início com a tomada de Ceuta, em
1415. Era um rico entreposto comercial, situado no Marrocos, onde desembocavam
importantes rotas comerciais de produtos como seda, especiarias, e também de
escravos. Além disso, a conquista da cidade permitia, pela sua localização
estratégica, o controle político-militar de Gibraltar e maior segurança frente
aos piratas. A
burguesia e a nobreza portuguesas estabeleceram como objetivo, a partir de
então, alcançar o Cabo Bojador, para chegar à região da Guiné.
O expansionismo português
ganhou novo estímulo quando bulas papais autorizaram a aplicação dos fundos da
Ordem de Cristo dirigida por D. Henrique, nas expedições que, por volta de
1425, atingiam as Ilhas da Madeira e dos Açores. Em 1434, Gil Eanes avistava o
Bojador e, um ano depois, as naus portuguesas chegavam à costa da Guiné. Uma
década depois, Nuno Tristão descobriu o arquipélago de Arguim, que logo se
tornaria a principal base portuguesa para o comércio e o tráfico de escravos
com a África Negra.
Em 1481, Dom João II subiu ao trono
português e deu novo impulso ao projeto expansionista luso. A essa altura,
Portugal já acalentava a ideia de encontrar, ao sul da África, a passagem que
levaria para as Índias e às regiões onde eram produzidas as preciosas especiarias.
A partir desse momento, a coroa passou a monopolizar a expansão ultramarina e o
rei assumiu, de vez, o papel de seu grande empreendedor. O Estado passou a
dirigir diretamente o tráfico, o comércio e os domínios coloniais,
centralizando as funções militares, administrativas e mercantis.
Depois de ultrapassar a região do Congo, as
expedições portuguesas atingiram com Bartolomeu Dias, em 1487, o Cabo das
Tormentas, que foi rebatizado como o Cabo da Boa Esperança. Finalmente, estava
aberto o caminho marítimo para as Índias. Em 1498, três navios comandados por
Vasco da Gama contornavam o continente e, depois de atravessar o Oceano Índico,
chegavam à Calicute. As drogas e especiarias orientais estavam ao alcance
direto da burguesia portuguesa, que assim rompia o monopólio ítalo-muçulmano do
comércio com o Oriente.
Em
1499, Dom Manuel I mandou armar uma nova esquadra que deveria ser enviada à
Índia. Seu comandante, Pedro Álvares Cabral, também tinha instruções para tomar
posse de terras localizadas no sul do Atlântico. Depois de uma primeira
divisão, estabelecida pela bula Inter
Coetera do papa Alexandre VI, Portugal e a Espanha definiram, pelo Tratado
de Tordesilhas (1494), uma linha que passava a 370 léguas a oeste das Ilhas do
Cabo Verde como limite entre suas novas possessões. As terras a leste da linha
seriam portuguesas, e as terras a oeste seriam espanholas. A Espanha havia
financiado a expedição de Colombo, que chegou à América, em 1492.
A expedição de Cabral, com 13 navios e 1.200 homens, partiu no dia 9 de março. Depois de passar as ilhas do Cabo Verde, a esquadra mudou de rumo e avistou o litoral brasileiro no dia 22 de abril. Em seguida, os navios fundearam e, nos dias seguintes, foram travados os primeiros contatos com a população indígena. Depois de rezar a primeira missa em Porto Seguro , na Bahia, a expedição zarpou para a Índia, retomando a rota que a expedição de Vasco da Gama havia inaugurado. O Brasil, inicialmente, seria somente um ponto estratégico na rota portuguesa para o Oriente. Somente a partir de 1530 Portugal tomaria medidas para, efetivamente, colonizar o Brasil.
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