Nos trinta anos que sucederam o
“descobrimento”, Portugal demonstrou um relativo desinteresse pelo Brasil. Isso
se devia ao fato de que as atenções e os esforços da coroa e os capitais
disponíveis estavam, obviamente, voltados para o lucrativo comércio de especiarias com o Oriente, que a expedição de Vasco da
Gama havia inaugurado. Além disso, os primeiros relatos citavam exuberantes
florestas e animais exóticos na nova terra, mas não davam notícia da existência
de metais preciosos ou de mercados com que se pudesse fazer comércio.
Nesse período de três décadas, a coroa
portuguesa se limitou a enviar algumas expedições que percorreram o nosso
litoral fazendo o reconhecimento dos acidentes geográficos e, depois, tentando
afastar os corsários franceses, que logo passaram a freqüentá-lo, para buscar o
valioso pau-brasil. As expedições
exploradoras foram comandadas por Gaspar de Lemos (1501) e por Gonçalo
Coelho (1503), enquanto as duas expedições
guarda-costas foram comandadas por Cristóvão Jacques (1516 e 1528). Como
era rara a presença portuguesa no nosso litoral, os franceses não se
intimidaram e intensificaram seus contatos com os índios, com quem obtinham a
madeira.
Assim que tomou conhecimento da existência
do pau-brasil, a coroa estabeleceu o
monopólio real da sua exploração. A
concessão para mandar expedições ao Brasil para explorá-la foi arrendada por um
grupo de negociantes judeus. A madeira fornecia uma tinta avermelhada, que era
bastante utilizada nas manufaturas da Flandres para tingir tecidos como seda,
linho e algodão. A árvore era encontrada em toda a extensão do litoral que vai
do Rio Grande do Norte até o Espírito Santo. A mão-de-obra dos próprios índios era usada para o corte da madeira.
Depois, eles arrastavam as toras até as feitorias
instaladas pelos portugueses no litoral, onde eram trocadas por machados e
quinquilharias (escambo).
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