O MEIO GEOGRÁFICO E A POPULAÇÃO
Os historiadores usam a expressão “crescente fértil” para designar a região banhada pelos rios Nilo, Jordão e Eufrates-Tigre que se estende do nordeste da África até o Golfo Pérsico. Nessa região desenvolveram-se as civilizações egípcia, hebraica, fenícia e mesopotâmica. Na Mesopotâmia, extenso vale fértil situado entre o Tigre e o Eufrates floresceram, sucessivamente, varias civilizações: dos sumérios, dos acádios, dos amoritas, dos assírios e dos caldeus. Embora existam especificidades que marcaram a evolução de cada uma dessas civilizações, existe, também, uma unidade histórica que vincula todas elas através de um patrimônio cultural comum. De fato, a par de suas particularidades, os povos mesopotâmicos desenvolveram uma cultura assentada numa mesma base material e espiritual, o que permite falar de uma Civilização Mesopotâmica.
A diversidade e a interação de vários povos que marcaram a história dessa região estão relacionadas com suas condições geográficas. Situada num ponto de intersecção entre o Oriente Médio e a Ásia, a Mesopotâmia foi um ponto de passagem quase obrigatório para as grandes levas migratórias dos povos da Antiguidade. Ao contrário do Egito, que foi protegido por certo isolamento geográfico, a região mesopotâmica era um grande espaço aberto à invasão e à conquista. Isso tornou a região palco de uma constante e violenta disputa entre os povos agrícolas sedentários das planícies e os povos nômades pastoris, essencialmente guerreiros, oriundos dos planaltos e desertos vizinhos. Esse conflito, tão típico do mundo antigo, explica, em última instância, a ascensão e queda dos diversos impérios mesopotâmicos, bem como o processo de decadência que permitiu aos persas dominarem a região no século VI a.C.
O termo “mesopotâmia”, de origem grega, significa entre rios. Ela designa uma região delineada pelos rios Tigre e Eufrates, que nascem nas montanhas da Armênia e deságuam no Golfo Pérsico. Ela pode ser dividida em duas partes que possuem características bem distintas. Ao norte fica situada a Assíria, região montanhosa e mais árida. A Caldéia, situada mais ao sul, é uma região de planícies com pântanos e terrenos alagadiços. Os sumérios, povo com provável origem asiática, se instalaram na região mais ao sul, chamada de Baixa Mesopotâmia, por volta de 4.000 a.C. Eles desenvolveram a primeira cultura avançada da mesopotâmia, cujo legado influenciou as demais civilizações que floresceram, posteriormente, na região. No milênio seguinte, outros povos conquistaram o território e se fundiram com as populações de origem suméria e assíria.
Apesar da diversidade e da instabilidade que marcaram a história mesopotâmica, existem elementos de continuidade e traços gerais que nos permitem enquadrar essas civilizações no conceito de “Modo de Produção Asiático”. Isso é possível especialmente pelas suas evidentes semelhanças com modelo econômico, social e político que caracterizou as civilizações da Antiguidade Oriental, como a egípcia e a chinesa.
ECONOMIA, SOCIEDADE E POLÍTICA
Assim como ocorreu em outras civilizações da Antiguidade Oriental, a agricultura irrigada foi a base do desenvolvimento da civilização mesopotâmica. A economia predominantemente agrícola dependia de complexas técnicas de drenagem e de irrigação das terras. Um vasto sistema de canais, aquedutos e barragens era utilizado para controlar a distribuição de água. A agricultura irrigada permitia colheitas abundantes de cereais (trigo e a cevada) e uma intensa atividade pastoril de rebanhos bovinos e ovinos. Por estarem situadas numa região por onde passavam várias caravanas e rotas de comércio, muitas cidades mesopotâmicas transformaram-se em prósperos entrepostos mercantis e em centros de produção artesanal especializada. Elas fabricavam armas, ferramentas e artigos de cerâmica. Exportavam manufaturas e produtos de luxo e importavam estanho, cobre, marfim e pedras preciosas.
Nas civilizações mesopotâmicas a sociedade era estratificada e estava dividida em castas rigidamente hierarquizadas. Nelas, a posição social do indivíduo era estabelecida pelo nascimento e os cargos e profissões eram, normalmente, transmitidos por hereditariedade. Os sacerdotes, os aristocratas e guerreiros e os comerciantes formavam a casta dominante, que ocupava o topo da pirâmide social e monopolizava o poder, a riqueza e o conhecimento. Essa elite sustentava seu modo de vida suntuoso através da apropriação, sob a forma de tributos, do excedente econômico produzido pelo trabalho de uma imensa população formada por camponeses, artesãos e escravos que constituía a base da sociedade.
O estreito vínculo entre política e religião caracterizava os poderosos Estados teocráticos surgidos na Mesopotâmia da Antiguidade. Um poder estatal fortemente centralizado se estabelecia sobre imensas populações que viviam submetidas a um regime de servidão coletiva. O Estado, proprietário das terras e dos rebanhos, realizava as grandes obras de irrigação e promovia a construção de grandes templos e monumentos. O poder político, despótico e teocrático, era personificado na figura dos reis e dos imperadores que, embora não tivessem uma condição divina, como acontecia com os faraós egípcios, eram considerados representantes da vontade dos deuses. O soberano, expressão viva do poder, concentrava em suas mãos, simultaneamente, as funções de sumo sacerdote, supremo juiz e comandante militar.
CIÊNCIA, LITERATURA, ARTE E RELIGIÃO
O limite que separava a ciência da religião não era muito claro entre os mesopotâmicos. Eles quase não diferenciavam a medicina da magia e a astronomia da astrologia. A matemática teve notável desenvolvimento, especialmente com os caldeus, que fizeram avanços na álgebra e na geometria. As ciências tinham caráter utilitário, voltadas para a solução de problemas práticos e, por isso, a astronomia foi a ciência que fez progressos mais significativos. Os sacerdotes mesopotâmicos chegaram a prever eclipses solares e também elaboraram um aperfeiçoado calendário lunar.
A escrita “cuneiforme” (sinais em forma de cunha) inventada pelos sumérios, foi usada, depois, pelos outros povos da Mesopotâmia. A escrita, feita com estilete em tábuas de argila, foi criada para organizar a contabilidade dos templos e das transações comerciais. Mais tarde, seu uso foi estendido para outros tipos de registro, mas ela foi sempre monopólio de uma reduzida casta de sacerdotes e escribas. A literatura épica foi um gênero bastante apreciado e seu melhor exemplo é a Epopéia de Gilgamesh. Uma das realizações mais importantes da Civilização Mesopotâmica se deu no campo do Direito. O Código de Hamurabi é o mais antigo código escrito de leis que se conhece. Seus 282 artigos legislam sobre assuntos econômicos, sociais, familiares, etc. Ele estava baseado no “princípio de talião”, quando tratava de um homem livre, e na compensação pecuniária, quando tratava de servos e escravos.
Na arte mesopotâmica tanto a pintura quanto a escultura estavam submetidas às exigências da arquitetura, que era a arte predominante. A grandiosidade das obras arquitetônicas, especialmente dos templos e palácios, tinha por finalidade exaltar e fortalecer o poder do Estado e de seus deuses. Os templos possuíam normalmente uma construção escalonada, denominada zigurat. A religião, politeísta, estava intimamente ligada ao Estado. Além de inúmeras divindades, das quais esperavam proteção, mesopotâmicos adoravam deuses de origem cósmica: Anu (rei do céu), Enlil (rei da Terra), Ea (rei do oceano), Chamach (deus-sol), Sin (deus-lua). A unificação política, promovida no II milênio a.C., elevou o deus babilônico Marduk à condição de principal divindade mesopotâmica.
Os historiadores usam a expressão “crescente fértil” para designar a região banhada pelos rios Nilo, Jordão e Eufrates-Tigre que se estende do nordeste da África até o Golfo Pérsico. Nessa região desenvolveram-se as civilizações egípcia, hebraica, fenícia e mesopotâmica. Na Mesopotâmia, extenso vale fértil situado entre o Tigre e o Eufrates floresceram, sucessivamente, varias civilizações: dos sumérios, dos acádios, dos amoritas, dos assírios e dos caldeus. Embora existam especificidades que marcaram a evolução de cada uma dessas civilizações, existe, também, uma unidade histórica que vincula todas elas através de um patrimônio cultural comum. De fato, a par de suas particularidades, os povos mesopotâmicos desenvolveram uma cultura assentada numa mesma base material e espiritual, o que permite falar de uma Civilização Mesopotâmica.
A diversidade e a interação de vários povos que marcaram a história dessa região estão relacionadas com suas condições geográficas. Situada num ponto de intersecção entre o Oriente Médio e a Ásia, a Mesopotâmia foi um ponto de passagem quase obrigatório para as grandes levas migratórias dos povos da Antiguidade. Ao contrário do Egito, que foi protegido por certo isolamento geográfico, a região mesopotâmica era um grande espaço aberto à invasão e à conquista. Isso tornou a região palco de uma constante e violenta disputa entre os povos agrícolas sedentários das planícies e os povos nômades pastoris, essencialmente guerreiros, oriundos dos planaltos e desertos vizinhos. Esse conflito, tão típico do mundo antigo, explica, em última instância, a ascensão e queda dos diversos impérios mesopotâmicos, bem como o processo de decadência que permitiu aos persas dominarem a região no século VI a.C.
O termo “mesopotâmia”, de origem grega, significa entre rios. Ela designa uma região delineada pelos rios Tigre e Eufrates, que nascem nas montanhas da Armênia e deságuam no Golfo Pérsico. Ela pode ser dividida em duas partes que possuem características bem distintas. Ao norte fica situada a Assíria, região montanhosa e mais árida. A Caldéia, situada mais ao sul, é uma região de planícies com pântanos e terrenos alagadiços. Os sumérios, povo com provável origem asiática, se instalaram na região mais ao sul, chamada de Baixa Mesopotâmia, por volta de 4.000 a.C. Eles desenvolveram a primeira cultura avançada da mesopotâmia, cujo legado influenciou as demais civilizações que floresceram, posteriormente, na região. No milênio seguinte, outros povos conquistaram o território e se fundiram com as populações de origem suméria e assíria.
Apesar da diversidade e da instabilidade que marcaram a história mesopotâmica, existem elementos de continuidade e traços gerais que nos permitem enquadrar essas civilizações no conceito de “Modo de Produção Asiático”. Isso é possível especialmente pelas suas evidentes semelhanças com modelo econômico, social e político que caracterizou as civilizações da Antiguidade Oriental, como a egípcia e a chinesa.
ECONOMIA, SOCIEDADE E POLÍTICA
Assim como ocorreu em outras civilizações da Antiguidade Oriental, a agricultura irrigada foi a base do desenvolvimento da civilização mesopotâmica. A economia predominantemente agrícola dependia de complexas técnicas de drenagem e de irrigação das terras. Um vasto sistema de canais, aquedutos e barragens era utilizado para controlar a distribuição de água. A agricultura irrigada permitia colheitas abundantes de cereais (trigo e a cevada) e uma intensa atividade pastoril de rebanhos bovinos e ovinos. Por estarem situadas numa região por onde passavam várias caravanas e rotas de comércio, muitas cidades mesopotâmicas transformaram-se em prósperos entrepostos mercantis e em centros de produção artesanal especializada. Elas fabricavam armas, ferramentas e artigos de cerâmica. Exportavam manufaturas e produtos de luxo e importavam estanho, cobre, marfim e pedras preciosas.
Nas civilizações mesopotâmicas a sociedade era estratificada e estava dividida em castas rigidamente hierarquizadas. Nelas, a posição social do indivíduo era estabelecida pelo nascimento e os cargos e profissões eram, normalmente, transmitidos por hereditariedade. Os sacerdotes, os aristocratas e guerreiros e os comerciantes formavam a casta dominante, que ocupava o topo da pirâmide social e monopolizava o poder, a riqueza e o conhecimento. Essa elite sustentava seu modo de vida suntuoso através da apropriação, sob a forma de tributos, do excedente econômico produzido pelo trabalho de uma imensa população formada por camponeses, artesãos e escravos que constituía a base da sociedade.
O estreito vínculo entre política e religião caracterizava os poderosos Estados teocráticos surgidos na Mesopotâmia da Antiguidade. Um poder estatal fortemente centralizado se estabelecia sobre imensas populações que viviam submetidas a um regime de servidão coletiva. O Estado, proprietário das terras e dos rebanhos, realizava as grandes obras de irrigação e promovia a construção de grandes templos e monumentos. O poder político, despótico e teocrático, era personificado na figura dos reis e dos imperadores que, embora não tivessem uma condição divina, como acontecia com os faraós egípcios, eram considerados representantes da vontade dos deuses. O soberano, expressão viva do poder, concentrava em suas mãos, simultaneamente, as funções de sumo sacerdote, supremo juiz e comandante militar.
CIÊNCIA, LITERATURA, ARTE E RELIGIÃO
O limite que separava a ciência da religião não era muito claro entre os mesopotâmicos. Eles quase não diferenciavam a medicina da magia e a astronomia da astrologia. A matemática teve notável desenvolvimento, especialmente com os caldeus, que fizeram avanços na álgebra e na geometria. As ciências tinham caráter utilitário, voltadas para a solução de problemas práticos e, por isso, a astronomia foi a ciência que fez progressos mais significativos. Os sacerdotes mesopotâmicos chegaram a prever eclipses solares e também elaboraram um aperfeiçoado calendário lunar.
A escrita “cuneiforme” (sinais em forma de cunha) inventada pelos sumérios, foi usada, depois, pelos outros povos da Mesopotâmia. A escrita, feita com estilete em tábuas de argila, foi criada para organizar a contabilidade dos templos e das transações comerciais. Mais tarde, seu uso foi estendido para outros tipos de registro, mas ela foi sempre monopólio de uma reduzida casta de sacerdotes e escribas. A literatura épica foi um gênero bastante apreciado e seu melhor exemplo é a Epopéia de Gilgamesh. Uma das realizações mais importantes da Civilização Mesopotâmica se deu no campo do Direito. O Código de Hamurabi é o mais antigo código escrito de leis que se conhece. Seus 282 artigos legislam sobre assuntos econômicos, sociais, familiares, etc. Ele estava baseado no “princípio de talião”, quando tratava de um homem livre, e na compensação pecuniária, quando tratava de servos e escravos.
Na arte mesopotâmica tanto a pintura quanto a escultura estavam submetidas às exigências da arquitetura, que era a arte predominante. A grandiosidade das obras arquitetônicas, especialmente dos templos e palácios, tinha por finalidade exaltar e fortalecer o poder do Estado e de seus deuses. Os templos possuíam normalmente uma construção escalonada, denominada zigurat. A religião, politeísta, estava intimamente ligada ao Estado. Além de inúmeras divindades, das quais esperavam proteção, mesopotâmicos adoravam deuses de origem cósmica: Anu (rei do céu), Enlil (rei da Terra), Ea (rei do oceano), Chamach (deus-sol), Sin (deus-lua). A unificação política, promovida no II milênio a.C., elevou o deus babilônico Marduk à condição de principal divindade mesopotâmica.
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