Produzir açúcar foi a alternativa encontrada pela Coroa portuguesa para poder transformar o Brasil numa fonte regular de riquezas. A exploração colonial exercida por Portugal sobre o Brasil estava baseada nos princípios mercantilistas, que predominavam na Europa durante a Idade Moderna. Nesse sentido, a colônia deveria produzir riquezas que pudessem ser comercializadas na Europa e, ao mesmo tempo, servir de mercado consumidor para os produtos manufaturados e os escravos fornecidos pela metrópole. Em síntese, o papel das colônias, nessa fase de formação do capitalismo, era promover acumulação de capitais nas mãos da burguesia europeia. A escolha portuguesa recaiu sobre o açúcar, verdadeira "especiaria" daquela época, por diversos motivos, destacando-se entre eles:
• A cana-de-açúcar se adaptava quase perfeitamente às condições naturais de clima quente e chuvoso do litoral brasileiro. Além disso, o solo de massapé, típico da zona da mata nordestina, se mostrou bastante propício para o cultivo da planta.
• Os portugueses tinham adquirido alguma experiência, porque vinham produzindo açúcar em pequena escala nas Ilhas Atlânticas, onde haviam se estabelecido décadas antes do descobrimento do Brasil.
• Havia disposição dos capitais holandeses (inclusive de judeus que tinham sido expulsos de Portugal) para investir na produção açucareira. Além de financiar o empreendimento, os holandeses se encarregavam do transporte, refino e distribuição do produto.
• O açúcar era considerado uma verdadeira especiaria daquela época e tinha mercado consumidor garantido na Europa. Uma pequena quantidade do produto podia ser vendida por valores elevados e, portanto, assegurar altos lucros.
Na primeira metade do século XVII, a estrutura produtora de açúcar montada especialmente no litoral nordestino, graças aos investimentos holandeses, já contava com centenas de engenhos instalados. A região se tornou a maior produtora de açúcar no mundo daquela época e proporcionou uma riqueza fabulosa para os que controlavam sua comercialização, ou seja, os mercadores flamengos. O açúcar era produzido numa colônia portuguesa, mas era uma empresa, basicamente, de capital holandês. A estrutura de produção açucareira estava organizada nos moldes de uma “plantation”, ou seja, estava baseada em três elementos básicos: latifúndio, trabalho escravo e monocultura voltada para a exportação.
Latifúndio:
Como era bastante alto o investimento inicial que precisava ser feito, a produção também tinha que se dar em larga escala. A disponibilidade de terras era imensa e a extensão dos canaviais podia aumentar quase ilimitadamente, só dependendo da disponibilidade de mão-de-obra para o corte da cana e sua transformação. Além disso, a pequena propriedade, que tenderia a uma cultura de subsistência, fugia completamente ao sentido da exploração colonial mercantilista, que buscava uma produção para o mercado. Embora a vinda de colonos fosse necessária para garantir o povoamento e a exploração da colônia, a Coroa portuguesa, com raras exceções, nunca incentivou a vinda de pequenos produtores que desviassem a terra da produção do único gênero que lhe interessava: o açúcar. Isso explica uma questão aparentemente paradoxal, ou seja, o problema da fome e da escassez de alimentos que marcou o Brasil, desde a época colonial até recentemente, apesar da grande quantidade de terras cultivadas.
Trabalho escravo:
Além das limitações que existiam quanto ao uso de trabalhadores livres, também se costuma explicar a utilização do trabalho compulsório de africanos na produção açucareira, alegando a “incapacidade” do índio se adaptar ao trabalho na lavoura. Isso não impediu, obviamente, que eles fossem largamente explorados desse modo, mas costuma ser usado como argumento para justificar a vinda dos africanos para o Brasil. Na verdade, o tráfico negreiro foi um dos mais importantes instrumentos usados no processo de acumulação de capitais nas mãos da burguesia européia na Idade Moderna. O direito exclusivo de fornecer escravos aos colonos permitia à burguesia metropolitana cobrar preços extorsivos e obter altos lucros com o tráfico. Os escravos eram trocados, em geral, por aguardente ou fumo em alguns pontos do litoral africano onde desembocavam as rotas de comércio. Eram vendidos pelas tribos que os haviam derrotado ou então por traficantes que os tinham capturado. Os africanos que foram trazidos para o Brasil eram originários de dois grupos étnicos principais: os bantos e os sudaneses. As péssimas condições em que eram transportados nos navios negreiros faziam quase metade deles perecer durante a viagem. Trabalhavam sob a vigilância de um feitor em regime de quase exaustão e sofriam castigos terríveis quando tentavam fugir.
Monocultura para exportação:
Sendo o açúcar a única riqueza que interessava ao senhor de engenho produzir, toda terra disponível, com exceção de uma pequena roça de subsistência, era aproveitada para o canavial. Outros latifundiários, ou proprietários médios, mesmo não possuindo sua própria moenda, plantavam cana que abastecia o engenho da região. O cultivo de alimentos era mínimo e também o de algodão para produzir tecido e panos para os escravos. O fumo era cultivado, no litoral da Bahia, para ser usado como moeda na compra de escravos no litoral da África. Por fim, lembremos que a monocultura interessava a Coroa portuguesa, também, porque aumentava a dependência dos colonos dos produtos vindos de Portugal.
• A cana-de-açúcar se adaptava quase perfeitamente às condições naturais de clima quente e chuvoso do litoral brasileiro. Além disso, o solo de massapé, típico da zona da mata nordestina, se mostrou bastante propício para o cultivo da planta.
• Os portugueses tinham adquirido alguma experiência, porque vinham produzindo açúcar em pequena escala nas Ilhas Atlânticas, onde haviam se estabelecido décadas antes do descobrimento do Brasil.
• Havia disposição dos capitais holandeses (inclusive de judeus que tinham sido expulsos de Portugal) para investir na produção açucareira. Além de financiar o empreendimento, os holandeses se encarregavam do transporte, refino e distribuição do produto.
• O açúcar era considerado uma verdadeira especiaria daquela época e tinha mercado consumidor garantido na Europa. Uma pequena quantidade do produto podia ser vendida por valores elevados e, portanto, assegurar altos lucros.
Na primeira metade do século XVII, a estrutura produtora de açúcar montada especialmente no litoral nordestino, graças aos investimentos holandeses, já contava com centenas de engenhos instalados. A região se tornou a maior produtora de açúcar no mundo daquela época e proporcionou uma riqueza fabulosa para os que controlavam sua comercialização, ou seja, os mercadores flamengos. O açúcar era produzido numa colônia portuguesa, mas era uma empresa, basicamente, de capital holandês. A estrutura de produção açucareira estava organizada nos moldes de uma “plantation”, ou seja, estava baseada em três elementos básicos: latifúndio, trabalho escravo e monocultura voltada para a exportação.
Latifúndio:
Como era bastante alto o investimento inicial que precisava ser feito, a produção também tinha que se dar em larga escala. A disponibilidade de terras era imensa e a extensão dos canaviais podia aumentar quase ilimitadamente, só dependendo da disponibilidade de mão-de-obra para o corte da cana e sua transformação. Além disso, a pequena propriedade, que tenderia a uma cultura de subsistência, fugia completamente ao sentido da exploração colonial mercantilista, que buscava uma produção para o mercado. Embora a vinda de colonos fosse necessária para garantir o povoamento e a exploração da colônia, a Coroa portuguesa, com raras exceções, nunca incentivou a vinda de pequenos produtores que desviassem a terra da produção do único gênero que lhe interessava: o açúcar. Isso explica uma questão aparentemente paradoxal, ou seja, o problema da fome e da escassez de alimentos que marcou o Brasil, desde a época colonial até recentemente, apesar da grande quantidade de terras cultivadas.
Trabalho escravo:
Além das limitações que existiam quanto ao uso de trabalhadores livres, também se costuma explicar a utilização do trabalho compulsório de africanos na produção açucareira, alegando a “incapacidade” do índio se adaptar ao trabalho na lavoura. Isso não impediu, obviamente, que eles fossem largamente explorados desse modo, mas costuma ser usado como argumento para justificar a vinda dos africanos para o Brasil. Na verdade, o tráfico negreiro foi um dos mais importantes instrumentos usados no processo de acumulação de capitais nas mãos da burguesia européia na Idade Moderna. O direito exclusivo de fornecer escravos aos colonos permitia à burguesia metropolitana cobrar preços extorsivos e obter altos lucros com o tráfico. Os escravos eram trocados, em geral, por aguardente ou fumo em alguns pontos do litoral africano onde desembocavam as rotas de comércio. Eram vendidos pelas tribos que os haviam derrotado ou então por traficantes que os tinham capturado. Os africanos que foram trazidos para o Brasil eram originários de dois grupos étnicos principais: os bantos e os sudaneses. As péssimas condições em que eram transportados nos navios negreiros faziam quase metade deles perecer durante a viagem. Trabalhavam sob a vigilância de um feitor em regime de quase exaustão e sofriam castigos terríveis quando tentavam fugir.
Monocultura para exportação:
Sendo o açúcar a única riqueza que interessava ao senhor de engenho produzir, toda terra disponível, com exceção de uma pequena roça de subsistência, era aproveitada para o canavial. Outros latifundiários, ou proprietários médios, mesmo não possuindo sua própria moenda, plantavam cana que abastecia o engenho da região. O cultivo de alimentos era mínimo e também o de algodão para produzir tecido e panos para os escravos. O fumo era cultivado, no litoral da Bahia, para ser usado como moeda na compra de escravos no litoral da África. Por fim, lembremos que a monocultura interessava a Coroa portuguesa, também, porque aumentava a dependência dos colonos dos produtos vindos de Portugal.
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