CIVILIZAÇÃO GREGA - A CIDADE-ESTADO DE ESPARTA


   A cidade-estado de Esparta foi fundada, no século X, por tribos de pastores e guerreiros que eram descendentes dos dórios, na planície da Lacedemônia, no Peloponeso. Cercada por montanhas e com acesso difícil ao mar, Esparta quase não teve desenvolvimento do comércio e do artesanato especializado. A economia permaneceu essencialmente agrária e a ausência de setores médios permitiu que a nobreza militar controlasse os cargos e as funções políticas da cidade. Isolada, Esparta não sofreu influências externas e a mentalidade muito conservadora que predominava em sua sociedade não recebia de bom grado os forasteiros, mesmo gregos vindos de outros lugares. A chegada violenta e a dominação pela força das populações nativas explicam o caráter militarista e fechado da sociedade espartana. A necessidade de manter subjugada boa parte da população, além da beligerância permanente com as outras cidades, transformou Esparta numa cidade que estava permanentemente mobilizada para a guerra.

   A estrutura social, rigidamente dividida, não apresentava qualquer espaço de mobilidade e estava dividida, basicamente, em três camadas. Os esparciatas formavam a elite guerreira que descendia dos dórios. Dedicavam-se exclusivamente à vida militar, da qual só eram dispensados aos 60 anos de idade. Seu sustento era garantido pelo estado espartano, do qual cada guerreiro, ao chegar à idade adulta, recebia um lote de terra, o kleros, que era cultivado por servos. A aristocracia guerreira monopolizava todas as funções política na cidade. Os periecos eram homens livres sem cidadania, isto é, eram destituídos de quaisquer direitos políticos. Eram os agricultores livres ou os poucos comerciantes e artesãos que existiam em Esparta. Os hilotas constituíam a maioria da população e viviam em regime de servidão. Eram considerados como propriedade do Estado espartano e utilizados especialmente na agricultura. Estavam submetidos a uma constante vigilância, o que não impediu que se rebelassem em diversas ocasiões. Para impedir que a massa servil ultrapassasse certo limite demográfico, uma parcela era periodicamente massacrada no ritual de passagem dos jovens espartanos para a vida adulta conhecido como krypteia.

   Segundo s lenda, a Constituição de Esparta e o seu regime político teriam sido estabelecidos por Apolo e transmitidos a Licurgo, um legislador lendário, pelo oráculo de Delfos. Por ter um caráter divino, a constituição não poderia ser modificada, o que justificava a perpetuação do domínio oligárquico da cidade. O Estado era dirigido por dois reis (diarquia), que pertenciam as duas famílias mais poderosas de Esparta, mas seu poder era simbólico. A Gerúsia era o conselho formado por vinte e oito velhos espartanos com funções legislativas. A assembléia dos cidadãos, da qual participavam todos os guerreiros com mais de trinta anos, podia aprovar ou reprovar as medidas que eram propostas pelo conselho. O poder de fato, porém, era exercido pelos cinco Éforos, magistrados com plenos poderes, inclusive o de destituir os reis, que fiscalizavam rigorosamente a vida pública e privada de todos os cidadãos. As instituições políticas de Esparta, muito rígidas e conservadoras, nunca passaram por  transformações.


   A vida do cidadão espartano estava inteiramente submetida aos interesses do Estado. Nesse sentido, sua educação estava dirigida exclusivamente para a vida guerreira e cidadã. Quando nascia, a criança era submetida à avaliação dos eforato e, em caso de debilidade ou de defeito físico, podiam decidir pela sua morte. Caso contrário, permanecia com a família até os sete anos de idade, quando era tomado pelo Estado e passava, daí para frente, a viver em comunidade com as outras crianças. As meninas também eram educadas e exercitadas fisicamente, de modo que se tornassem mães de futuros guerreiros corajosos e saudáveis. Aprendiam a ler e escrever, entoavam os hinos e cantos marciais, conheciam as épicas façanhas dos heróis, etc. Aos doze anos passavam a viver em acampamentos, treinados para a atividade militar e o manejo de armas. Aos vinte anos, depois do ritual de passagem, passava a integrar as fileiras do exército e a participar das campanhas. A mulher espartana era bastante prestigiada, pelo seu papel reprodutor, e desfrutava de relativa liberdade, ao contrário do que ocorria nas outras cidades gregas.

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