GEOGRAFIA,
POPULAÇÃO E CULTURA
A Península Balcânica,
onde se originou a Civilização Grega, tem um relevo montanhoso e acidentado. O
solo rochoso não favorece o desenvolvimento da agricultura, praticada somente
em alguns poucos vales férteis. O pastoreio se mostrou uma atividade mais
propícia num território de vegetação não muito densa. O clima, de tipo
mediterrâneo, tem chuvas moderadas e distribuídas pelo ano. O verão é bastante
quente e o inverno costuma ser bem rigoroso. O terreno íngreme e pedregoso não
favorece as comunicações internas e dirige as comunicações e contatos externos
para o mar. O litoral contribui para acentuar essa tendência, pois é recortado
por inúmeras baías, golfos e enseadas que facilitam a instalação de portos e
ancoradouros. Essas condições geográficas contribuíram para que os gregos se
tornassem navegadores e comerciantes e explica, também, o fato dos gregos nunca
terem constituído um reino ou Estado centralizado. Sua organização política,
baseada em cidades que eram politicamente autônomas, cidades-Estado,
proporcionou as condições necessárias para o surgimento da democracia e de uma
cultura radicalmente humanista que nos influencia até os dias de hoje.
Os
gregos descendiam de povos indo-europeus ou arianos – aqueus, jônios, eólios e
dórios – que durante o II milênio a.C. avançaram em sucessivas levas
migratórias na região balcânica. Os invasores assimilaram ou expulsaram os
habitantes nativos, chamados de pelasgos. Depois, absorveram a ciência, a técnica
e a arte da navegação de uma brilhante civilização marítimo-mercantil que
existia na ilha de Creta e que, mais tarde, eles acabaram por destruir. Esse
período está retratado em lendas, como a de Teseu
e o Minotauro, assim como o período caótico que se inaugurou com a chegada
violenta dos dórios, a última leva invasora indo-européia, por volta de 1.200 a .C. A fase que se
inaugurou, conhecida como a “Idade das Trevas” da região balcânica está
descrita em lendas, como a Ilíada e a
Odisséia. A partir do século VIII
a.C., a gradual desagregação da sociedade gentílica levou muitos gregos a migrar
em busca de terras onde fundaram colônias e desenvolveram o comércio. A
colonização grega se espalhou pelas ilhas do Mar Egeu e pela costa da Ásia
Menor. Fundaram colônias, também, na orla do Mar Negro, no sul da Itália e no
norte da África, por onde difundiram a sua brilhante civilização.
A
Civilização Grega foi marcada pela diversidade política e pela unidade
sócio-cultural. Os gregos produziram uma cultura totalmente diferenciada dos
outros povos da Antiguidade, pelo seu caráter profundamente humanista e
racionalista. Nela se encontram as origens da Ciência e da Filosofia, das
instituições políticas que fundamentaram a civilização ocidental moderna, dos
seus valores éticos e dos seus padrões estéticos. No cerne da história grega
estava a polis, a cidade-estado,
independente politicamente autônoma, com seu governo e suas leis. Nela, os
homens livres, em pé de igualdade passaram a decidir sobre a sua vida e os destinos
da cidade, fundamento do civismo e do espírito de liberdade que fundamenta a
democracia. Mas foi a falta de unidade política, por outro lado, o ponto fraco
dessa civilização. Enfraquecidas por intermináveis guerras, travadas entre si,
as cidades foram dominada pelos macedônios. Com as conquistas de Alexandre, a
cultura grega se uniu a cultura do Oriente, resultando dessa fusão a
civilização helenística que os romanos dominaram nos séculos que antecedem o
início da era cristã. Desaparecida no ocidente desde a queda do império romano,
no século V, a tradição da cultura clássica greco-romana foi resgatada pelo
movimento renascentista, a partir do fim da Idade Média.
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