CONSCIÊNCIA INTUITIVA
A intuição
pode ser entendida como uma forma de conhecimento imediata. Chama-se de
intuitivo um saber que ocorre de forma repentina, como um insight (lampejo, estalo). Dessa forma, a intuição produz uma forma
de consciência que não se desenvolve por um processo lógico, metódico e
sistemático. Diferente do conhecimento do tipo racional, por exemplo, a
intuição promove um saber que, por não ser refletido, dispensa argumentação. Segundo
a classificação de Aristóteles, podemos distinguir dois tipos de intuição: uma
sensível e outra intelectual. A intuição sensível seria um conhecimento
imediato restrito ao contexto das experiências individuais e, por isso, singulares.
Ela se apresenta como uma interpretação da realidade guiada pelo conjunto de
experiências de cada indivíduo e, portanto, só pode ser compreendida a partir
de suas vivências subjetivas. A intuição intelectual também produz de maneira
imediata um conhecimento válido e evidente, mas que tem um significado
universal e generalizante, ou seja, mesmo partindo dessa condição intuitiva
esse tipo de conhecimento pode ser, depois, demonstrado logicamente e pode ser
sustentado em
argumentos. Nos dois casos a intuição tem um caráter
sincrético, pois combina elementos indistintos que depois se desdobram e se
diferenciam numa análise. Nesse momento, a intuição mediaria passagem para um
conhecimento racional.
CONSCIÊNCIA
RACIONAL
A
consciência racional constitui uma tentativa de compreender e explicar a
realidade por meio de princípios estabelecidos pela razão. Ao perceber e buscar
relações de causa e efeito nos fenômenos da natureza, por exemplo, a
consciência racional busca princípios que permitam adequar o pensamento à essa
realidade. O conhecimento de tipo racional se baseia, portanto, em princípios
lógicos e se desenvolve de maneira metódica e conceitual, isso é, formula leis
e princípios que tenham valor universal. A filosofia e a ciência são dois
campos do saber racional. Essas duas formas de conhecimento estiveram
identificadas e mesmo entrelaçadas desde a Antiguidade, mas começaram a
definir-se com suas características, seus métodos e com objetivos próprios
especialmente a partir do século XVII, quando a chamada revolução científica
deu início a um processo de especialização das várias áreas do conhecimento que
definiram as ciências como hoje as conhecemos, e que ainda continuam se
subdividindo e se especificando ainda mais. A ciência desenvolveu métodos baseados
na observação e na experimentação que permitem reunir dados empíricos e, a
partir deles, formular teorias que procuram identificar o que existe de
universal em relação ao fenômeno ou ao objeto estudado. Ao organizar e
sistematizar os resultados de suas investigações as diversas ciências
acumularam ao longo dos últimos três séculos uma quantidade gigantesca de
informações. Associado à técnica esse conhecimento permitiu um crescimento
também extraordinário da capacidade de transformar a natureza e produzir bens
materiais.
Por outro lado, ao separar o conhecimento
científico de suas implicações éticas, em sociedades marcadas pela alienação e
pelo controle ideológico, desenvolve-se o que os filósofos da Escola de
Frankfurt denominaram como “razão instrumental”. Isso ocorre quando a razão é
utilizada como instrumento de dominação de classe para manipular e controlar
não só a natureza, mas também os seres humanos. A filosofia, por sua vez, se
caracteriza por ser uma forma de conhecimento crítica e radical. Ela se
desenvolve especialmente no plano teórico, o que não significa que não tenha um
sentido prático ou esteja desvinculada da realidade concreta. A filosofia,
entretanto, não condiciona o objeto de sua análise a um laboratório e questiona
a validade e o significado dos próprios métodos e fundamentos das outras formas
de conhecimento. A consciência filosófica não pretende desenvolver um saber ou
conhecimento especializado, pelo contrário, procura uma visão globalizante da
realidade que permita ver o conjunto dos elementos que a compõem dentro de uma
totalidade ordenada e dotada de sentido. A filosofia busca o sentido e o
fundamento último das coisas e busca, ao mesmo tempo, estabelecer as
possibilidades e os limites que existem para o conhecimento. Assim, enquanto a
ciência procura compreender o que são as coisas, os objetos que formam a
realidade e descrevê-las de maneira objetiva, a filosofia, por sua vez avalia e
questiona a própria realidade e como a podemos conhecer.
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