BLAISE PASCAL (1623-1662), filho de um alto magistrado francês, foi um pensador bastante original que questionou as pretensões do racionalismo, afirmando que a razão humana é incapaz de provar a existência de Deus. Ele ironiza Descartes e outros filósofos que recorrem a um “Deus engenheiro” criador do mundo, para depois descartá-lo achando, pretensiosamente, que somente a razão pode dar ao homem a compreensão e o domínio dessa máquina grandiosa e perfeita que é o universo. Sábio mesmo, segundo ele, seria reconhecer que existem muitas coisas que ultrapassam a razão e que só Deus, criador dessa realidade maravilhosa que é o mundo, pode compreender.
Mas nada disso implica desprezo pela ciência. Pelo contrário, Pascal foi também um grande físico e matemático que aos 19 anos projetou uma máquina aritmética, a primeira calculadora mecânica de que se tem notícia. Mas esse brilhante pensador, cristão fervoroso, se recusava a reduzir as questões humanas a um simples determinismo mecanicista. Além disso, longe do otimismo e da confiança que os pensadores modernos creditavam à razão, ele continuou colocando em evidência a fragilidade humana frente ao mundo e a condição trágica da sua existência. Em sua obra póstuma, Pensamentos, refletiu sobre a situação paradoxal em que se encontra o ser humano na natureza, ou seja, algo situado entre o infinito e o nada. Um ser, ao mesmo tempo, tão magnífico e tão insignificante.
“O coração tem razões que a própria razão desconhece.”
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