Filosofia: O pensamento político de Aristóteles (2)


De acordo com Aristóteles, a pólis encontra-se entre ‘as realidades que existem naturalmente”, e o homem é, também por natureza, um ser político.
A organização social, como algo intrínseco a natureza humana, já estava presente na teoria de Platão e é também observada por seu discípulo. Para Aristóteles, o homem é um ser social, isto é, somente capaz de sobreviver se associado aos seus semelhantes. Dessa forma, a pólis é vista como um fenômeno natural. O homem realmente digno de ser denominado como tal seria aquele animal político, ou seja um ser diretamente envolvido nas questões da pólis, nas decisões referentes aos destinos do grupo ao qual pertence. Sendo anterior à existencia de cada indivíduo, o coletivo deve prevalecer sobre o particular.
Aristóteles toma como base a divisão social dos Gregos para conceber seu modelo aristocrático (o governo dos melhores) de organização política.
- Cidadãos: Apenas os homens maiores de 21 anos, nascidos de pai e mãe atenienses detinham direitos políticos.
- Metecos: Estrangeiros, não tinham direitos políticos. Pagavam impostos, e, em alguns casos eram convocados ao serviço militar. Em geral, dedicavam-se ao comércio ou ao artesanato, pois não lhes era permitido adquirir terras. O próprio Aristóteles, conhecido como “o estagirita” (natural da cidade de Estagira, na Macedônia), viveu em Atenas como Meteco.
- Escravos: Eram a grande maioria da população. O escravo, embora não pudesse sofrer maus-tratos, era considerado domínio, propriedade de seu senhor.
Numa passagem de A Política, Aristóteles justifica a escravidão dizendo que
os que vegetam em tribos amorfas e selvagens ou formam imensos rebanhos em monarquias de proporções monstruosas, e os que se encontram harmoniosamente associados em cidades; os primeiros nasceram para ser escravos, de sorte que os últimos pudessem dar-se ao luxo de gozar de um modo mais nobre de vida.”
Percebe-se que, para ele, diferentemente do que pensava Platão, os homens não eram naturalmente iguais. Uns nascem para a escravidão, outros para o exercício da dominação. Por isso, na concepção aristotélica, justo é dar a cada um o que é devido a cada um ou, nas palavras dele mesmo, “devemos tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida da sua desigualdade.”

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