História da Filosofia: O pensamento político Moderno


NICOLAU MAQUIAVEL (1469-1527) – É considerado o fundador da ciência política moderna ao propor a separação entre moral e as questões relacionadas com o poder. Para esse pensador renascentista italiano, que escreveu uma obra de absoluto realismo político, não devem existir limites éticos na busca e no exercício do poder. O papel do governante é velar pela segurança e prosperidade de seu povo e seus domínios e tudo que ele tiver que fazer para atingir esse objetivo é válido. De acorde com ele, em política os fins justificam os meios e, sendo os homens covardes, desleais e ingratos, é pelo medo ou temor que eles se submetem ao poder do governante, e não pela bondade ou justiça de seus atos. É preciso lembrar, entretanto, que Maquiavel produziu sua obra numa época em que a Itália era dilacerada por lutas internas e por invasões estrangeiras, e a Igreja representava um dos principais entraves para a formação de um Estado centralizado. Sua obra mais importante, denominada “O Príncipe”, foi dedicada ao patriarca dos Médici, a poderosa família que controlava o poder em Florença. Além da sua experiência como estadista, pois ele foi vice-chanceler da cidade, tinha também uma enorme erudição e conhecimento dos grandes clássicos da Antiguidade. Escreveu ainda “A Arte da Guerra”, “Discurso sobre a primeira década de Tito Lívio” e peças teatrais como “A Mandrágora”.


JEAN BODIN (1530-1596), autor dos “Seis Livros da República”, é citado por alguns historiadores como um dos fundadores do pensamento político moderno, apesar de seus argumentos de caráter moral e religioso. Bodin foi um jurista famoso e membro do parlamento de Paris que, na sua obra mais importante, defendeu a soberania irrestrita do Estado que, de acordo com ele, não deve ser limitado por leis ou pela vontade dos seus cidadãos. O poder supremo, exercido pelo monarca, foi concedido por Deus deve ser entendido como a autoridade natural que um pai tem sobre os seus filhos.
A doutrina que afirma que o poder político tem origem na vontade divina foi formulada por
JACQUES BOSSUET (1627-1704), cardeal que viveu na corte de Luis XIV e que escreveu “A Política Inspirada nas Sagradas Escrituras”, obra em que procurou justificar o Estado Absolutista afirmando a teoria do direito divino dos reis. Segundo ele, o poder político exercido pelo monarca emana diretamente de Deus e por isso não pode ser contestado. Para Bossuet o trono real é como se fosse o trono do próprio Deus. Segundo ele, Deus falaria “pela boca do rei” e, portanto, contrariar sua autoridade seria uma espécie de sacrilégio. Como representante da vontade divina, o rei só precisava prestar conta de seus atos para Deus.


THOMAS HOBBES (1588-1679) estudou em Oxford e foi preceptor de filhos da aristocracia inglesa, inclusive do rei Carlos II, cuja corte frequentou durante algum tempo. Antes disso, sua obra já tinha se tornado suficientemente conhecida para lhe trazer problemas com os adeptos da Revolução Puritana, que havia derrubado Carlos I na Inglaterra. Exilado na França ou visitando outros países europeus, travou contato com os grandes pensadores daquela época. Foi particularmente influenciado pelas idéias de Bacon e Galileu.
A concepção hobbesiana, materialista e mecanicista, entende o mundo, portanto, como uma realidade onde não há lugar para a liberdade ou o acaso. Isso tem implicações éticas e políticas importantes, pois, segundo ele, não existem valores universais que sejam, necessariamente, aceitos por todas as pessoas.
O pensamento político de Hobbes está expresso, especialmente, em duas importantes obras que ele publicou, “De cive” e “O Leviatã”. Nelas o polêmico filósofo defende a necessidade de um poder absoluto que limite a liberdade dos homens e impeça que eles se matem uns aos outros. Sem isso, eles permaneceriam num “estado de natureza”, ou seja, numa situação em que existiria uma espécie de “guerra de todos contra todos.” O Estado resultaria, então, de um “pacto social”, em que os homens abririam mão de sua plena liberdade, em favor de um poder soberano capaz de garantir a segurança de cada um e de todos ao mesmo tempo.

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