ANTECEDENTES
O planalto do Irã foi, na Antiguidade, o berço da Civilização Persa. A população foi convertida ao islamismo depois da conquista árabe em 642 da nossa era. A região foi dominada pelos turcos no século XI e invadida pelos mongóis no século XIII. Depois de recuperar a independência, passou ainda por um período de prosperidade e grandeza, especialmente nos séculos XVII e XVIII, quando estendeu sua hegemonia sobre os povos e territórios vizinhos. No século seguinte, a decadente dinastia Kajar passa a ser pressionada pelos imperialismos inglês e russo que dividem a Pérsia em áreas de influência. As companhias inglesas passam a explorar o petróleo, encontrado no país em 1908.
O processo de modernização do Irã teve início em 1921, com o golpe de Estado do general Reza Khan que derrubou o último sultão Kajar e coroou-se xá, cinco anos depois, com o nome de Sha Reza Pahlevi. Em 1935, o nome do país foi mudado oficialmente de Pérsia para Irã. A simpatia do regime iraniano pelo nazismo e a importância estratégica da região levaram os ingleses e soviéticos a ocupar o país durante a II Guerra Mundial. Com a abdicação do xá em favor do filho e a retirada anglo-russa, ao final da guerra, foi estabelecida uma constituição democrática e os setores políticos de tendência nacionalista avançaram nas eleições.
Em 1953, o primeiro-ministro Mossadeq, apoiado pelo parlamento, nacionalizou as companhias estrangeiras de petróleo e rompeu relações com os britânicos. Como retaliação, os EUA e a Inglaterra decretaram um boicote contra o Irã, mas a URSS passou a comprar o petróleo iraniano para estreitar relações com Teerã. A crise chegou ao seu auge quando, em agosto, um golpe militar tramado pela CIA conseguir derrubar o governo Mossadeq. O xá Reza Pahlevi, que havia fugido, retorna ao país e implanta um regime ditatorial que reprime duramente os setores de oposição. A partir de 1963, Pahlevi promove a chamada “revolução branca” um programa de modernização que incluía por exemplo, a reforma agrária e a concessão do direito de voto às mulheres. Além disso, o Irã reforçou seus laços militares com Washington, comprando armamentos e alinhando-se na estratégia geopolítica dos EUA para o Oriente Médio.
A QUEDA DO XÁ REZA PAHLEVI
Na segunda metade da década de 1970, a crise econômica e a corrupção do regime fizerem crescer a resistência à ditadura do xá. O movimento oposicionista, que era formado por liberais, esquerdistas e tradicionalistas, ganha o apoio do clero conservador xiita, insatisfeito com as reformas “ocidentalizantes”. As manifestações se multiplicam por todo o país e o governo não consegue controlar a insurreição. Em janeiro de 1979, o exército adere aos revoltosos e Reza Pahlevi foge do país. O primeiro-ministro Shapur Bakhtiar assume o governo provisoriamente e, em fevereiro, o aiatolá Ruhollah Khomeini, volta do exílio na França e assume o poder.
Em abril o Irã é declarado oficialmente uma república islâmica, cuja autoridade suprema é o líder religioso. Para a presidência foi eleito Bani-Sadr, um dos líderes da oposição laica ao governo Pahlevi. Em novembro, militantes radicais islâmicos ocupam a embaixada dos EUA em Teerã e fazem reféns 64 norte-americanos. O governo iraniano apóia a ocupação e faz várias exigências para libertar os reféns, incluindo a extradição do xá, que havia se asilado nos EUA. Reza Pahlevi morreu em julho de 1980, mas os reféns só são libertados em janeiro de 1981, depois de complicadas negociações.
A REVOLUÇÃO XIITA
Na década de 1980 o Irã travou um desgastante e sangrento conflito com o Iraque, que se estendeu até 1988. A guerra teve início quando Saddan Hussein invadiu uma área em litígio: o canal Chat-el-arab. Os dois países saíram do conflito devastados e o saldo foi 1milhão de mortos, boa parte civis vítimas de armas químicas (fornecidas pelos EUA) utilizadas pelo exército iraquiano.
Enquanto isso, no plano interno, a revolução entrava em uma nova etapa e começavam os atritos entre os partidários de um governo teocrático, e as forças civis defensoras de um Estado laico. Em 1981, ocorreram violentos confrontos entre a Guarda Revolucionária (milícia ligada aos aiatolás) e os Combatentes do Povo (grupos armados vinculados aos partidos de esquerda). A insurreição dos mujahedins foi sufocada e as forças ligadas ao clero xiita saíram vitoriosas. O presidente Bani-Sadr é destituído e se exila na França.
A partir de então, a revolução entra numa nova fase e se acirram agora as divergências entre os líderes religiosos. A crise econômica e a queda nos preços do petróleo levam a uma cisão entre os aiatolás. A ala moderada dos “pragmáticos” defendia uma maior abertura para o ocidente como forma de obter recursos para desenvolver o país e livra-lo da dependência do petróleo. Por outro lado, os radicais, que ainda controlavam o processo revolucionário, insistiam na manutenção da política isolacionista.
OS MODERADOS NO PODER
A morte de Khomeini em junho de 1989, entretanto, enfraquece a posição dos radicais e faz crescer a pressão dos reformistas. O líder religioso moderado Ali Rafsanjani, eleito para a presidência, entra em choque com o sucessor de Khomeini, o líder religioso ortodoxo Ali Khamenei. Apesar da dificuldade em promover reformas, dada a resistência do Conselho dos Guardiões (o órgão religioso que efetivamente detém o poder), Rafsanjani consegue se reeleger em 1993 e promete promover uma abertura para o exterior. Mas em 1995, os EUA acusam o Irã de apoiar o terrorismo internacional e impõem um embargo comercial que isolou ainda mais o país e agravou as dificuldades internas.
O moderado Sayed Khatami é eleito com quase 70% dos votos nas eleições presidenciais de 1997, apoiado pelas mulheres, jovens, e intelectuais que esperavam um abrandamento dos rígidos códigos sociais estabelecidos pelos líderes religiosos. O governo de Khatami procura romper o isolamento internacional do Irã e adota uma política de aproximação do Ocidente. Os setores conservadores reagem e, em julho de 1999, milícias de radicais islâmicos apoiados pela polícia invadiram a Universidade de Teerã para reprimir as manifestações estudantis que protestavam contra a censura dos jornais. A morte de cinco estudantes alastra a rebelião e dá início à uma onda de violência que termina com brutal repressão.
O IRÃ NO SÉCULO XXI
Nas eleições legislativas de 2000, pela primeira vez desde a revolução, a bancada moderada tornou-se majoritária no parlamento. Khatami foi reeleito, em 2001, para um novo mandato, mas sua reformas esbarraram na oposição do Conselho dos Guardiões e no veto do aiatolá Khamenei. As tensões crescem no país, agravadas pela crise econômica e pelo desemprego. O desgaste do governo de Khatami permitiu a vitória, nas eleições de 2005, de um polêmico e carismático líder radical, Mahmoud Ahmadinejad, apoiado por setores conservadores e pelas camadas mais pobres da população.
Ahmadinejad, que durante seu mandato fez criou várias situações de constrangimento por declarações polêmicas que fez contra Israel, os EUA e as potências européias, foi reeleito em 2009, em uma eleição que, segundo a oposição foi fraudada. Grandes manifestações sacudiram o país, lideradas pelo candidato derrotado Mir Hussein mousavi. O Conselho dos Guardiões, pressionado interna e externamente, prometeu investigar as denúncias de fraude e recontar parte dos votos, mas acabou confirmando a reeleição de Ahnadinejad.
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