A batalha do estreito de Tsushima, que ocorreu entre 27 e 28 de Maio de 1905, confrontou a esquadra russa do Báltico, enviada para o extremo oriente, e a esquadra imperial do Japão.
Quando começou a guerra entre o Japão e a Rússia em 1904, de inicio os russos ficaram incrédulos com o facto de uma potência asiática ter afrontado de forma tão evidente uma potência europeia. De imediato no entanto, a rapidez das acções japonesas na Coreia e o sucesso das suas operações militares navais, que conseguiram manter dentro da baía de Porto Artur os sete couraçados da marinha russa, destacados no extremo oriente, as coisas mudam de figura.
À medida que o tempo passa, a situação no extremo oriente vai-se deteriorando e em 30 de Maio a cidade de Porto Artur fica sitiada pelos japoneses.
Em Agosto, os japoneses conseguem tomar posições nas proximidades de Porto Artur, que permitem alvejar à distância a esquadra russa no porto, levando a que os russos tentem escapar (ver batalha do Mar Amarelo).
Perante uma situação que se apresentava cada vez mais complicada, quer em terra quer no mar, em Moscovo muitas foram as vozes que pediram que se criasse um segundo esquadrão do Pacífico, enviando para Porto Artur os navios da esquadra do Báltico, normalmente a mais poderosa esquadra russa.
O Czar Nicolau II, apoiado pelo Kaiser alemão, concordou finalmente em enviar grande parte dos seus navios para o oriente.
O plano russo, consistia em juntar a frota do Báltico com a do Pacífico e vencer o Japão através de uma esmagadora superioridade numérica.
Aos seis couraçados que estavam em Porto Artur, os russos juntariam mais onze, o que deveria ser suficiente para garantir a vitória sobre o Japão.
Mas a esquadra saiu de Talin na actual Estónia, demasiado tarde, apenas em Outubro. Na altura já um dos couraçados do esquadrão do Pacífico tinha sido perdido e outro muito danificado estava internado na base alemã de Tsingtao.
Sob o comando do almirante Rozhdestvenski, seguia uma esquadra com cerca de quarenta navios. À frente seguiam os quatro mais modernos couraçados da esquadra russa, quatro dos cinco navios da classe Borodino, um deles, o Suvorov como Navio Almirante.
No entanto, embora houvesse cruzadores modernos na esquadra, muitos dos outros navios não eram tão adequados para o combate no oceano quanto os quatro Borodino.
A esquadra deslocou-se penosamente em dois grupos principais. Enquanto os navios mais poderosos e mais rápidos fizeram a viagem de circum-navegação pelo sul de África, outros navios mais pequenos e de menor calado foram enviados através do Canal do Suez.
Os planos russos previam que a esquadra se dirigisse para Porto Artur, para juntar as duas forças e só então combater os japoneses, mas estava a esquadra ainda separada em vários esquadrões a caminho, quando foi recebida a notícia da queda de Porto Artur. Os navios reuniram-se em 21 de Abril na baía de Cam-Ranh na Indochina francesa e daí partiram com destino a Vladivostok.
A BATALHA
Os japoneses aguardavam a chegada da esquadra russa e sabiam aproximadamente a sua posição. Sabendo que muitos dos navios russos eram navios costeiros, o almirante Togo deduziu que a única rota viável implicava passar entre a Coreia e o Japão, nas proximidades da ilha de Tsushima.
Navios foram colocados na área para tentar identificar os navios russos logo que eles se aproximassem.
No dia 26 de Maio estava uma neblina cerrada e os japoneses recearam que a esquadra russa conseguisse passar pelos seus navios sem ser detectada. Os russos, que por aquela altura sabiam não estar nas melhores condições e pretendendo apenas chegara a Vladivostok mantiveram silêncio e mandaram apagar todas as luzes. No entanto a ordem não foi cumprida a bordo de um dos navios-hospital da esquadra, o Orel e são essas luzes que alertam um dos navios japoneses que envia uma mensagem por rádio que chega a Pusan às 05:05 da madrugada.
A esquadra japonesa saiu do seu porto em Pusan na Coreia ainda na madrugada do dia 27 de Maio e dirigiu-se à posição prevista da esquadra russa.
Os russos, não sabiam que tinham sido detectados mas tinham preparado planos para a eventualidade de um ataque japonês. As duas esquadras avistaram-se na pela primeira vez ao inicio da tarde, por volta das 13:40, e os russos, com o comando da esquadra a bordo do couraçado Suvorov, dispõem a sua força principal em duas colunas. Na primeira coluna, a que primeiro entraria em combate com os japoneses, estavam os quatro «Borodino» os mais novos couraçados da esquadra.
O plano japonês era arriscado, mas de uma simplicidade desconcertante, passaria em frente da esquadra russa, numa manobra conhecida na altura como «T» em que o tipo da letra T é a esquadra japonesa e o corpo da letra a esquadra russa.
Os japoneses colocaram-se assim numa posição em que podiam disparar todos os seus canhões principais (16 canhões), enquanto que os russos podiam disparar apenas dois canhões principais em cada um dos seus quatro principais couraçados (8 canhões). Os restantes navios russos estavam demasiado longe para poderem entrar em contacto contra os navios japoneses.
Curiosamente o primeiro navio a ser atingido foi o couraçado japonês Mikasa, mas às 14:16 os japoneses concentram o seu fogo no navio almirante russo, a uma distância média de 6400m Os navios japoneses começaram a fazer valer o seu treino ao mesmo tempo que os navios russos sofriam pesadas perdas com os disparos japoneses. Às 14:43 O Suvarov e o Oslyabya estão a arder e não conseguem acompanhar a linha de batalha russa. Sete minutos mais tarde o Alexandre III inflete para norte tentando escapar ao fogo japonês. Às 15:10 o couraçado Osliabya afunda-se e o Suvarov tenta escapar ao fogo cerrado dos japoneses.
Estas movimentações levam a que as duas esquadras quebrem o contacto e fiquem momentaneamente fora do alcance dos canhões uma da outra
Mais ao final da tarde as duas esquadras voltam a ficar à distância de tiro, mas a sorte dos russos não se alterou. Pouco mais de uma hora depois, o Alexandre III, que tinha tentado escapar do fogo dos canhões japoneses é afundado. Menos de um quarto de hora depois afunda-se o navio almirante o couraçado Suvarov, o couraçado Borodino. O couraçado Sissoi Veliki rende-se.Outros navios mais pequenos também estão em muito mau estado.
A maior catástrofe militar da história dos couraçados estava consumada. A Marinha da Rússia, que estava nessa manhã entre as mais poderosas do mundo, tinha praticamente deixado de existir nesse mesmo dia quando o sol se pôs.
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