O grupo terrorista separatista basco ETA foi criado em 1959 durante a ditadura de direita do general Francisco Franco. Sigla para a frase em basco, Euskadi Ta Askatasuna, País Basco e Liberdade, o grupo foi fundado com o objetivo de conseguir independência para o País Basco --região que abrange o norte da Espanha, parte da região de Navarra e o sudoeste da França.
O ETA surgiu como uma dissidência do Partido Nacionalista Basco (PNB), fundado em 1894 para obter, pelas vias políticas, a independência da região. O partido conseguiu sobreviver, ilegalmente, pela ditadura de Franco com a manutenção de um quartel general em Paris, na França.
Um grupo de jovens partidários, cansados da falta de conquistas do partido e de sua rejeição ao confronto armado, fundou o ETA. Nos próximos anos, a nova organização desenvolveu-se com a ajuda dos marxistas e estabeleceu o socialismo revolucionário como objetivo.
Em 1966, na quinta conferência do grupo, o ETA dividiu-se ideologicamente em duas alas: os nacionalistas, ou ETA-V, que mantiveram o ideal original de autonomia basca, e os ideologistas, ou ETA-VI, que favoreciam a linha marxista de independência basca e engajaram na campanha de violência e assassinatos.
Cerca de dois anos depois da divisão, o grupo começou efetivamente sua campanha de violência na Espanha --principalmente com atentados com carros-bomba e assassinatos de alvos específicos. A primeira vítima foi Meliton Manzanas, chefe de polícia na cidade basca de San Sebastian. Ele foi morto a tiros em 7 de junho de 1968. Atualmente, o grupo é responsabilizado por ao menos 850 mortes.
O regime de Franco tentou acabar com o ETA nas Províncias bascas com prisões, espancamentos e até mesmo tortura. Até o começo dos anos 70, os principais líderes haviam sido presos pela polícia e submetidos a julgamentos em tribunais militares na cidade de Burgos.
Nas duas décadas seguintes, contudo, o ETA receberia a adesão de cerca de mil membros de uma população regional de cerca de 2 milhões. O grupo alternava entre as medidas políticas e os atentados violentos na luta pela independência regional.
Depois da morte de Franco, em 1975, os governos democráticos da Espanha fizeram avanços no estabelecimento da autonomia regional das Províncias bascas e ofereceram perdão aos membros do ETA que renunciassem ao terrorismo.
Na década seguinte, contudo, o número de mortes em atentados a bomba e assassinatos do ETA aumentaram significativamente --a maioria dos alvos eram militares, juízes e membros do governo.
Nos anos 90, a França ampliou a cooperação com a Espanha na campanha contra os terroristas --que tradicionalmente buscavam refúgio no país vizinho.
Os partidos políticos ligados ao ETA também foram banidos. Anteriormente, partidos como Batasuna conseguiam cerca de 12% dos votos.
Em setembro de 1998, o ETA declarou cessar-fogo, que durou 14 meses. Em março de 2006, anunciou uma trégua permanente. Em dezembro do mesmo ano, contudo, o grupo realizou um ataque a bomba no aeroporto de Madri que deixou vários mortos. Em junho de 2007, cancelou oficialmente o cessar-fogo.
Em janeiro de 2008, sob aceno do ETA por um novo acordo, o presidente do governo espanhol, Jose Luis Rodriguez Zapatero, fecha a porta para o diálogo e diz que o único caminho é a rendição unilateral.
Em 30 de janeiro deste ano, o ETA anunciou que continuará lutando no aniversário de 50 anos de sua fundação.
As autoridades realizaram desde então uma série de prisões de líderes importantes do ETA e afirmam que o grupo basco foi reduzido e enfraquecido a um grupo pequeno de comandos com dois ou três membros cada.
A lista de detidos inclui Jurdan Martitegi, ex-líder militar do ETA conhecido como "o gigante", um suposto líder do grupo Mikel Albisu Iriarte, conhecido como Mikel Antza, e o líder Francisco Javier Lopez Pena, conhecido como Thierry. Há, atualmente, cerca de mil membros do ETA em prisões da Espanha e França.
CRONOLOGIA DOS PRINCIPAIS ATENTADOS DO ETA NA ESPANHA
1968 - 7 de junho: O ETA comete o primeiro assassinato desde sua criação, há nove anos. A vítima é Meliton Manzanas, chefe de polícia na cidade basca de San Sebastian.
1973 - 20 de dezembro: ETA mata o primeiro-ministro, o almirante Luis Carrero Blanco, com um ataque a bomba em Madri.
1974 - 12 de setembro: Em seu primeiro ataque de grandes proporções, o ETA mata 12 pessoas com uma bomba em uma cafeteria de Madri.
1980 - No ano mais violento desde sua criação, o ETA mata ao menos 91 pessoas em diversos ataques apesar do retorno da democracia no país. Cerca de metade das vítimas são civis.
1985 - Setembro: Ataque a bomba em Madri mata um turista americano e deixa 16 agentes da Guarda Civil feridos.
1986 - Julho: Doze membros da Guarda Civil são mortos em Madri e outros 50 ficam feridos. Em 2000, Juan Manuel Soares, membro do grupo separatista, é condenado a 1.401 anos de cadeia pelos assassinatos.
1987 - 19 de junho: O ataque mais violento do ETA deixa 21 mortos e 45 feridos. O grupo colocou um carro-bomba em um estacionamento da loja de departamento Hipercor. Mais tarde, o ETA pediu desculpas pelo ataque.
1995 - 19 de abril: Um atentado com carro-bomba contra o líder da oposição conservadora e futuro premiê, Jose Maria Aznar, fracassa.
1997 - Julho: ETA sequestra o político Miguel Angel Blanco e exige a libertação de prisioneiros do grupo de prisões bascas. O assassinato de Blanco incita violentos distúrbios por toda Espanha.
2000 - 21 de novembro: O ex-ministro da Saúde socialista Ernest Lluch é morto a tiros em Barcelona.
2004 - 11 de março: Atentados contra trens em Madri deixam 191 mortos em um ataque atribuído inicialmente ao ETA, mas assumido posteriormente por grupos islâmicos radicais.
2006 - 30 de dezembro: ETA rompe trégua declarada meses antes com um atentado com carro-bomba no aeroporto Barajas, em Madri. O ataque deixou dois equatorianos mortos.
2007 - 1º de dezembro: Ataque atribuído ao ETA deixa dois policiais da Guarda Civil espanhola mortos., Eles trabalhavam disfarçados na França.
2008 - 7 de março: Isaias Carrasco, ex-conselheiro do Partido Socialista, é morto em Mondragon dois dias antes da eleição nacional. ETA assume responsabilidade.
- 14 de maio: ETA mata um agente da Guarda Civil em um atentado a bomba na cidade basca de Legutiano.
- 30 de outubro: Um carro-bomba explode na Universidade de Navarra, no norte da Espanha, ferindo 17 pessoas. o ETa ligou antes para avisar da explosão.
- 5 de novembro: ETA assume responsabilidade por 10 explosões e diz que pressionará ainda mais as autoridades pelos direitos dos bascos.
- 3 de dezembro: Ignacio Uria, dono da companhia de construção Altuna e Uria, que construía um trem de alta velocidade, é morto a tiros em Azpeitia. Em 21 de janeiro de 2009, o grupo assume a responsabilidade pelo assassinato e ameaça outros que trabalham no projeto.
2009 - 19 de junho: ETA mata Eduardo Puelles, policial que investigou a organização.
- 28 de Julho: Um carro-bomba com cerca de 200 quilos de explosivos atingiu a parte de trás de um quartel da Guarda Civil nos arredores de Burgos, na Espanha. O ataque atribuído ao grupo separatista terrorista basco ETA deixou ao menos 46 feridos.
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