A captura de Stalingrado era importante para Hitler por diversas razões. Era uma principal cidade industrial, localizada no rio Volga, que era uma rota de transporte vital entre o Mar Cáspio e o norte da Rússia. Sua captura iria assegurar o flanco esquerdo dos exércitos Alemães enquanto avançavam para o Cáucaso. Além disso, objetivo de Hitler, dando seguimento a Operação Barbarossa, era se apoderar dos cereais das planícies do baixo Volga e das ricas reservas de petróleo do Cáucaso, para alimentar a população e a máquina miliatr alemãs.
Mas - num sinal patente da crescente fraqueza do exército alemão - a possibilidade de Stalingrado ser tomada mediante um movimento de grande envergadura com blindados jamais foi sequer considerado, já que as tais unidades blindadas eram simplesmente inexistentes. A tomada da cidade teve de ser tentada mediante combates de infantaria, casa a casa. É preciso considerar, também, que o contínuo desgaste das forças alemães determinou que fossem utilizadas na campanha uma quantidade crescente de forças militares de outros membros do Eixo (italianos e romenos) de fraco valor militar e pouco confiáveis. Finalmente, o fato que essa cidade tinha o nome do inimigo de Hitler, Josef Stalin, fez a captura da cidade ser também motivo de propaganda.
A batalha de Stalingrado travada entre 19 agosto de 1942 e 2 de fevereiro de 1943 pelos exércitos alemães que invadiram a URSS em 1941 e as forças soviéticas, foi uma das maiores e mais violentas de todos os tempos, ficou marcada principalmente pela brutalidade e pelo desrespeito pela população civil. O número de soldados, tanques, aviões, munições e alimentos que nela se consumiram foi gigantesco. Estima-se que mais de dois milhões de homens e mulheres, de ambos os lados, participaram da luta cujo resultado final foi a derrota do exército alemão. Stalingrado passou a ser considerada um divisor de águas da 2ª Guerra Mundial, pois desde a rendição do general Paulus, o supremo comandante alemão, acertada em 2 de fevereiro de 1943, a Alemanha nazista, obrigada a recuar do solo russo, perdeu para sempre a iniciativa da guerra.
Os alemães começaram a batalha por Stalingrado com um grande ataque aéreo, que destruiu cerca de 80% do perímetro urbano da cidade e matou milhares de pessoas, a maioria civis.
As baterias anti-aéreas eram operadas por uma maioria de mulheres sem experiência de combate. Mesmo assim, os alemães tiveram enormes dificuldades em torná-las inoperantes. Sua resistência até o último tiro foi uma mostra do inferno que esperava o Exército nazista na cidade.
A artilharia alemã e a Força Aérea foram se mostrando inúteis, pois o Exército soviético combatia diretamente os alemães, no corpo a corpo. Houve muitas histórias de heroísmo. Os soldados se atiravam debaixo dos tanques alemães com granadas. A luta era tão encarniçada que posições de combate estratégicas, como as ruínas da plataforma da Estação Ferroviária chegaram a trocar de mãos nove vezes em um único dia. Os tanques ficaram inoperantes, pois a cidade estava reduzida a montes de escombros de até 8 metros de altura.
A expectativa de vida de um soldado soviético na linha de frente era de menos de 24 horas, e a de um oficial, de 3 dias. Um enorme armazem de grãos às margens do rio Volga foi defendido por cerca de 40 soldados soviéticos por semanas, e lutaram até o último homem, causando grande surpresa aos oficiais alemães quando tomaram o local, pois esperavam encontrar muito mais corpos, devido à tenacidade da resistência.
A posse da colina Mamai (Mamayev Kurgan), ponto estratégico às margens do rio Volga mudou de mãos várias vezes. Em certo ponto da batalha, os soviéticos perderam um divisão inteira do Exército (10 mil soldados) em um único dia para defender esta posição. Porém, os alemães nunca conseguiram cruzar a margem do Volga. A partir de novembro, os soviéticos sob o comando do Marechal Chikov desencadearam a contra-ofensiva que contou com 1 milhão de soldados, 894 tanques, 13.540 canhões e 1.115 aviões. No quinto dia da ofensiva, as unidades vermelhas cercaram um contingente de 300 mil alemães. De 24 a 30 de dezembro, as tropas da Frente de Stalingrado derrotaram um grupamento que vinha em socorro das divisões cercadas. Em 10 de janeiro começou a fase final da batalha, com a liquidação do chamado Bolsão de Stalingrado (local do cerco). Em 2 de fevereiro, von Paulus assinava a rendição.
O preço da liberdade foi alto: 1 milhão de soldados soviéticos mortos e cerca de 900 mil civis, além de 750 mil feridos. O Eixo perdeu cerca de 750 mil soldados apenas em Stalingrado. Dos cerca de 90 mil sobreviventes que se renderam aos soviéticos, apenas cerca de 5 mil conseguiram voltar à Alemanha, vitimados por doenças com tifo, disenteria e mortos pelo frio.
Os soviéticos tomaram do exército inimigo 60.000 veículos, 1.500 blindados e 6.000 canhões. A espinha dorsal do exército nazista e do Terceiro Reich estava irremediavelmente quebrada.
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