Por volta de 330 a.C., a Grécia caiu sob domínio macedônico mas com as conquistas de Alexandre a cultura grega espalhou-se pelo oriente e fundiu-se com elementos da cultura persa, egípcia e mesopotâmica. Resultou desse amalgamento o mundo helenístico, um vasto espaço cultural relativamente homogêneo e que seria, nos séculos seguintes, absorvido pelo império romano que se expandia. Desse modo, a perda de autonomia das cidades gregas não significou a destruição de sua cultura, mas, pelo contrário, a sua expansão e difusão muito além dos limites do mundo grego propriamente dito.
Estas transformações provocaram uma profunda mudança na concepção que os gregos tinham de si mesmos e do ser humano. Até então, quando os filósofos se referiam ao “homem”, referiam-se basicamente a um indivíduo livre e consciente cidadão da pólis. Os outros não passavam de seres desprezíveis e inferiores. Na medida, porém, em que a pólis desaparecia sob o império, tanto gregos como “bárbaros” igualavam-se na condição de súditos. Todos passavam a ser considerados parte de uma mesma humanidade, membros de uma cidade universal. Estender a noção de humanidade a todos os homens, sem distinção, significa também torná-la vazia e abstrata. Se antes esse homem livre participava da vida pública e decidia sobre os destinos de sua cidade, agora não havia mais possibilidade de influir na vida política, que se torna um assunto alheio à maioria das pessoas.
No plano filosófico, isso implicou uma drástica virada. Se na época clássica a filosofia tinha como pressuposto o homem cidadão e a política como realização máxima da ética, agora a própria política era esvaziada de significado e abandonada pelos filósofos como tema de suas reflexões. No período helenístico, a filosofia voltou-se para a vida interior e um homem tomado como ser genérico. O que importa agora é a intimidade, a vida privada, regras de conduta pelas quais as pessoas possam viver bem, em qualquer tempo e circunstância. Das questões coletivas, as reflexões filosóficas se deslocavam para as preocupações individuais. Proliferam, então, as “filosofias de vida” que ensinam a “arte de viver” e que chegam mesmo a pregar que os homens se afastem dos perigos e da intranquilidade da vida pública para buscar a felicidade no refúgio da vida privada. “Viva oculto” costumava dizer um dos mais representativos pensadores dessa época. De maneira geral, a produção filosófica helenística procurou fornecer aos indivíduos desorientados e inseguros de um mundo de pobreza material, violência e solidão o consolo da paz de espírito e da felicidade interior. A filosofia tornava-se, assim, uma espécie de terapia das causas da infelicidade humana, para tratar das doenças e dos sofrimentos da alma. As principais correntes filosóficas desse período foram: o Cinismo, o Ceticismo, o Epicurismo e o Estoicismo.
Muito bom o professor Edir, ajudou bastante
ResponderExcluirO mestre Edir é fera. Fantástico.
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